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CONJUNTURA
Empresas projetam aumento na capacidade instalada, mas modernização dispensa abertura de novas vagas
Produção pode crescer sem gerar empregos
DA REPORTAGEM LOCAL
Os investimentos para a expansão da capacidade produtiva das
indústrias não devem resultar em
aumento expressivo no número
de empregos, segundo empresários ouvidos pela Folha.
A indústria paulista tem 1,5 milhão de funcionários, 520 mil pessoas a menos do que em 1994.
"Esses trabalhadores não voltam
mais", diz Clarice Messer, diretora do departamento econômico
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A expectativa, diz, é que o setor
de serviços e empresas de outros
Estados absorvam parte dessa
mão-de-obra. "O que os investimentos podem gerar é a contratação suave de mão-de-obra mais
qualificada."
David Kupfer, coordenador do
grupo de indústria do Instituto de
Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz
que a indústria ainda tem espaço
para investir em modernização.
Isso significa cortar emprego.
A indústria paulista fechou o
mês de dezembro com 76,6% de
ocupação da sua capacidade, um
resultado menor do que o registrado em igual período de 2000,
quando se chegou a 79,8% de
aproveitamento. O racionamento
de energia e a crise argentina contribuíram para a redução da atividade nas fábricas.
Alguns setores, no entanto, informa a Fiesp, estão operando
com mais de 80% da capacidade,
o que pode indicar a necessidade
de investimentos em expansão.
São eles: alimentos (83%), têxtil
(84%), químico (81,8%), papel e
papelão (89,7%), metalurgia
(81,5%) e mineral não metálico
(80,7%). Em alguns setores, 20%
de ociosidade é sinal de que chegou a hora de elevar a produção.
Além da indústria de bens intermediários, como alumínio, papel
e celulose e equipamentos para o
setor de infra-estrutura, que já está operando praticamente a plena
capacidade, a Fiesp prevê para este ano aumento da produção de
alimentos e de produtos têxteis.
"De agosto do ano passado para
cá está havendo migração da demanda de bens duráveis (eletroeletrônicos) para não-duráveis
(alimentos) e semi-duráveis (roupas). O consumidor reduziu as
compras de eletroeletrônicos por
causa da queda na renda, do crédito mais difícil e dos juros altos.
"Essa migração indica para onde
irão os investimentos em 2002."
No caso da indústria têxtil, o estímulo para aumento da capacidade vem também do exterior.
Basílio Ramalho, analista de investimento do Unibanco, diz que
a expansão da capacidade produtiva não será generalizada. Ele
lembra que a Sadia, por exemplo,
tem ociosidade de 30% em algumas linhas. A Perdigão já está a
pleno vapor e investe para aumentar em 40% a sua capacidade
a partir de 2003.
(FF)
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