São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONJUNTURA

Empresas projetam aumento na capacidade instalada, mas modernização dispensa abertura de novas vagas

Produção pode crescer sem gerar empregos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os investimentos para a expansão da capacidade produtiva das indústrias não devem resultar em aumento expressivo no número de empregos, segundo empresários ouvidos pela Folha.
A indústria paulista tem 1,5 milhão de funcionários, 520 mil pessoas a menos do que em 1994. "Esses trabalhadores não voltam mais", diz Clarice Messer, diretora do departamento econômico da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A expectativa, diz, é que o setor de serviços e empresas de outros Estados absorvam parte dessa mão-de-obra. "O que os investimentos podem gerar é a contratação suave de mão-de-obra mais qualificada."
David Kupfer, coordenador do grupo de indústria do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz que a indústria ainda tem espaço para investir em modernização. Isso significa cortar emprego.
A indústria paulista fechou o mês de dezembro com 76,6% de ocupação da sua capacidade, um resultado menor do que o registrado em igual período de 2000, quando se chegou a 79,8% de aproveitamento. O racionamento de energia e a crise argentina contribuíram para a redução da atividade nas fábricas.
Alguns setores, no entanto, informa a Fiesp, estão operando com mais de 80% da capacidade, o que pode indicar a necessidade de investimentos em expansão. São eles: alimentos (83%), têxtil (84%), químico (81,8%), papel e papelão (89,7%), metalurgia (81,5%) e mineral não metálico (80,7%). Em alguns setores, 20% de ociosidade é sinal de que chegou a hora de elevar a produção.
Além da indústria de bens intermediários, como alumínio, papel e celulose e equipamentos para o setor de infra-estrutura, que já está operando praticamente a plena capacidade, a Fiesp prevê para este ano aumento da produção de alimentos e de produtos têxteis.
"De agosto do ano passado para cá está havendo migração da demanda de bens duráveis (eletroeletrônicos) para não-duráveis (alimentos) e semi-duráveis (roupas). O consumidor reduziu as compras de eletroeletrônicos por causa da queda na renda, do crédito mais difícil e dos juros altos. "Essa migração indica para onde irão os investimentos em 2002." No caso da indústria têxtil, o estímulo para aumento da capacidade vem também do exterior.
Basílio Ramalho, analista de investimento do Unibanco, diz que a expansão da capacidade produtiva não será generalizada. Ele lembra que a Sadia, por exemplo, tem ociosidade de 30% em algumas linhas. A Perdigão já está a pleno vapor e investe para aumentar em 40% a sua capacidade a partir de 2003. (FF)



Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Racionamento deprime setor de químicos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.