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FINANÇAS
Resultado é 14% superior ao do ano anterior; banco ganha com título público
Bradesco lucra R$ 2,3 bi em 2003
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O lucro líquido do Bradesco,
maior banco privado brasileiro,
teve crescimento nominal de 14%
no ano passado e atingiu R$ 2,3
bilhões, influenciado por ganhos
em aplicações com títulos públicos, redução da inadimplência e
elevação da receita com serviços.
Se o resultado de 2002 for corrigido pelo IPCA, a expansão do lucro do Bradesco é de 4,4%.
A carteira de investimentos em
títulos do governo saltou de R$ 37
bilhões para R$ 53 bilhões, uma
alta de 43%. Ao mesmo tempo, o
volume de crédito concedido ao
setor privado subiu 7%, de R$
50,8 bilhões para R$ 54,3 bilhões.
Isso significa que o governo
abocanhou uma fatia maior dos
recursos que o banco destinou ao
crédito. Segundo o consultor Erivelto Rodrigues, da Austin Asis, a
relação entre o volume de empréstimos ao setor privado e os
ativos do Bradesco ficou em 30%,
abaixo da média histórica de 40%.
Em 2002, as operações de crédito
somaram R$ 50,8 bilhões, ou 36%
dos ativos, enquanto a proporção
de títulos públicos foi de 26%.
O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, afirma que a expansão do crédito não foi maior por
falta de demanda. Ele ressalta que
a ampliação do volume de empréstimos ao setor privado do
Bradesco foi de 7%, superior à
média de 3,8% registrada por todos os bancos privados.
Cypriano também observa que,
dos R$ 16 bilhões de aumento da
carteira de títulos públicos, R$ 9
bilhões decorreram da atualização do valor dos papéis. Novas
aquisições somaram R$ 7 bilhões
e foram decorrentes da aplicação
de recursos captados pelo banco.
Para 2004, a expectativa do Bradesco é expandir a carteira de crédito ao setor privado de 22% a
25%, dependendo do crescimento da economia. "O aumento de
25% no crédito é perfeitamente
possível com um crescimento de
3,5% do PIB", destaca Cypriano.
O percentual é inferior aos 3,8%
de crescimento projetados pelos
setor econômico do banco.
O presidente do Bradesco diz
que a decisão do Copom de manter a taxa de juros em 16,5% não
alterou as projeções de expansão
de crédito do banco. Para ele, o
que importa é o que ocorrerá durante o ano. Sua previsão é que a
Selic continue caindo e chegue a
dezembro em 13,5%.
O resultado do Bradesco surpreendeu os analistas, que esperavam lucro entre R$ 2,1 bilhões e
R$ 2,2 bilhões.
A alta foi provocada sobretudo
pelo resultado do quarto trimestre, de R$ 715 milhões, 26,8% superior ao do trimestre anterior. O
mercado reagiu bem ao anúncio
do resultado e as ações do banco
subiram 2,84% ontem, quando a
Bovespa teve queda de 0,30%.
"O resultado surpreendeu", observa Paulo Gomes, da Global Invest. O valor de mercado do banco, medido pela cotação de suas
ações, cresceu 50%, de R$ 15 bilhões para R$ 22,7 bilhões, mas
Rodrigues lembra que a alta foi
provada em parte pela valorização próxima de 90% do Índice
Bovespa em 2003.
Os ativos do banco foram engordados pelas aquisições dos
bancos BBVA e Mercantil e passaram de R$ 142,8 bilhões para R$
176,1 bilhões. Com isso, mesmo
com o aumento do lucro, a rentabilidade em relação aos ativos teve uma pequena queda, de 19,9%
para 18,9%.
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