São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2004

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FINANÇAS

Resultado é 14% superior ao do ano anterior; banco ganha com título público

Bradesco lucra R$ 2,3 bi em 2003

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O lucro líquido do Bradesco, maior banco privado brasileiro, teve crescimento nominal de 14% no ano passado e atingiu R$ 2,3 bilhões, influenciado por ganhos em aplicações com títulos públicos, redução da inadimplência e elevação da receita com serviços.
Se o resultado de 2002 for corrigido pelo IPCA, a expansão do lucro do Bradesco é de 4,4%.
A carteira de investimentos em títulos do governo saltou de R$ 37 bilhões para R$ 53 bilhões, uma alta de 43%. Ao mesmo tempo, o volume de crédito concedido ao setor privado subiu 7%, de R$ 50,8 bilhões para R$ 54,3 bilhões.
Isso significa que o governo abocanhou uma fatia maior dos recursos que o banco destinou ao crédito. Segundo o consultor Erivelto Rodrigues, da Austin Asis, a relação entre o volume de empréstimos ao setor privado e os ativos do Bradesco ficou em 30%, abaixo da média histórica de 40%. Em 2002, as operações de crédito somaram R$ 50,8 bilhões, ou 36% dos ativos, enquanto a proporção de títulos públicos foi de 26%.
O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, afirma que a expansão do crédito não foi maior por falta de demanda. Ele ressalta que a ampliação do volume de empréstimos ao setor privado do Bradesco foi de 7%, superior à média de 3,8% registrada por todos os bancos privados.
Cypriano também observa que, dos R$ 16 bilhões de aumento da carteira de títulos públicos, R$ 9 bilhões decorreram da atualização do valor dos papéis. Novas aquisições somaram R$ 7 bilhões e foram decorrentes da aplicação de recursos captados pelo banco.
Para 2004, a expectativa do Bradesco é expandir a carteira de crédito ao setor privado de 22% a 25%, dependendo do crescimento da economia. "O aumento de 25% no crédito é perfeitamente possível com um crescimento de 3,5% do PIB", destaca Cypriano. O percentual é inferior aos 3,8% de crescimento projetados pelos setor econômico do banco.
O presidente do Bradesco diz que a decisão do Copom de manter a taxa de juros em 16,5% não alterou as projeções de expansão de crédito do banco. Para ele, o que importa é o que ocorrerá durante o ano. Sua previsão é que a Selic continue caindo e chegue a dezembro em 13,5%.
O resultado do Bradesco surpreendeu os analistas, que esperavam lucro entre R$ 2,1 bilhões e R$ 2,2 bilhões.
A alta foi provocada sobretudo pelo resultado do quarto trimestre, de R$ 715 milhões, 26,8% superior ao do trimestre anterior. O mercado reagiu bem ao anúncio do resultado e as ações do banco subiram 2,84% ontem, quando a Bovespa teve queda de 0,30%.
"O resultado surpreendeu", observa Paulo Gomes, da Global Invest. O valor de mercado do banco, medido pela cotação de suas ações, cresceu 50%, de R$ 15 bilhões para R$ 22,7 bilhões, mas Rodrigues lembra que a alta foi provada em parte pela valorização próxima de 90% do Índice Bovespa em 2003.
Os ativos do banco foram engordados pelas aquisições dos bancos BBVA e Mercantil e passaram de R$ 142,8 bilhões para R$ 176,1 bilhões. Com isso, mesmo com o aumento do lucro, a rentabilidade em relação aos ativos teve uma pequena queda, de 19,9% para 18,9%.


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