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Petrobras pode cortar investimento
Gabrielli admite reduzir plano em até US$ 61 bi se preço do petróleo cair mais
Presidente da estatal
afirma que recursos para investimento neste ano
e para a metade de
2010 já estão garantidos
PEDRO DIAS LEITE
DE LONDRES
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, admitiu
ontem em Londres que, como
último recurso caso a situação
continue a piorar, a empresa
pode cortar até 35% do plano
de investimentos para os próximos anos, o equivalente a US$
61 bilhões de US$ 174,4 bilhões.
Gabrielli disse que a empresa
já tem todos os recursos para
investimentos neste ano, já levando em conta o atual preço
do petróleo, e mais da metade
para 2010. "No momento, todos os recursos para os nossos
investimentos estão garantidos." A companhia ainda busca
no mercado US$ 8,9 bilhões para investimentos do ano que
vem -de um total de US$ 18,9
bilhões, já tem US$ 10 bilhões
garantidos do BNDES.
Mas Gabrielli afirmou que a
empresa tem flexibilidade no
caso de piora significativa do
cenário, como uma queda ainda maior nos preços do petróleo e um aumento no custo dos
investimentos. Nessa situação,
considerada improvável, os
35% de projetos da empresa
que estão nas fases 1 (em avaliação) e 2 (etapa conceitual) seriam os primeiros alvos de cancelamentos ou congelamentos.
Os das fases 3 (desenho), 4
(aprovado) e 5 (compra) estão
garantidos.
"Esses US$ 61 bilhões seriam
os cortes mais prováveis, sem
afetar em nada os atuais projetos", disse, ressalvando que, antes de tomar uma medida como
essa, a empresa ainda teria vários outros meios de buscar financiamento no mercado. "É
muito improvável que, com o
preço do petróleo a US$ 37, os
investimentos continuem no
mesmo patamar. Aí temos duas
opções: cancelar projetos ou
buscar mais financiamento."
Apresentação concorrida
O presidente da Petrobras
está em Londres para um
"tour" para convencer investidores estrangeiros de que a empresa é atraente. Mesmo com a
pior nevasca em duas décadas
na cidade, 50 investidores e
analistas lotaram o pequeno
auditório num hotel para assistir a três horas de apresentações sobre a Petrobras.
Alguns deles, ouvidos pela
Folha sob a condição de não serem identificados, disseram
que consideraram o plano de
investimentos ambicioso, mas
factível.
Gabrielli disse que os US$ 9
bilhões para investimentos em
2010 devem ser captados no
mercado internacional, o que
explica o interesse em conversar com investidores. Hoje ele
deve ir para Oslo (Noruega).
O executivo disse que a Petrobras não só não planeja demitir como deve contratar mais
para conseguir fazer todos os
projetos que estão planejados.
A estatal estuda comprar máquinas ou até empresas de perfuração, num investimento para agilizar esse processo.
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