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TROCA DE GUARDA
Pedro Malan também anuncia que o governo vai fazer uma reestruturação na cúpula do Banco Central
Fraga substitui Lopes no comando do BC
da Sucursal de Brasília
O ministro Pedro Malan (Fazenda) anunciou ontem que
a substituição de
Francisco Lopes
por Armínio
Fraga teve o objetivo de tornar o Banco Central
mais forte para administrar a nova
política cambial -que pressupõe
livre flutuação do dólar, com intervenções eventuais do BC.
No comando do BC desde o último dia 13, Lopes, a rigor, só presidiu formalmente a instituição por
cinco dias. Sua indicação foi aprovada pelo Senado no último dia 28
e a posse só ocorreria no próximo
dia 10. Fraga assume para reforçar
a ação do BC, cuja diretoria será reformulada.
Malan afirmou que o presidente
lhe pediu a indicação de uma pessoa para ocupar a presidência do
BC e o escolhido foi Fraga, ex-diretor de Assuntos Internacionais do
BC, que vinha trabalhando com o
megainvestidor George Soros.
"Ele é um dos melhores economistas brasileiros e havia decidido
voltar ao Brasil nos próximos quatro meses. Na verdade, já estava
decidido que ele se incorporaria à
equipe econômica tão logo ele voltasse ao país. O que nós estamos fazendo é antecipar em alguns meses
a vinda dele para o governo" disse
Malan, para quem Fraga tem "total
e absoluta afinidade" com a equipe
econômica.
O anúncio da mudança na direção do BC foi feita pela manhã, por
meio de uma nota à imprensa seguida de uma entrevista do ministro. No texto, o Ministério da Fazenda justifica que a reformulação
está sendo feita para reforçar a instituição por conta da mudança do
regime cambial.
Dentro da reformulação está
também a mudança de nomes de
alguns dos atuais diretores. Malan
disse que o novo presidente do BC
discutirá as sugestões com Francisco Lopes e as encaminhará a ele
e a FHC.
O ministro insistiu ainda, durante a entrevista, que a equipe econômica manterá a atual política. Ontem mesmo, Fraga já se incorporou ao governo como assessor especial do ministro da Fazenda.
Nessa condição, ele participou das
reuniões com a missão do FMI.
A nomeação de Fraga como assessor especial já foi publicada na
edição de ontem do "Diário Oficial" da União. Assim, ele poderá
participar da equipe econômica
até que seu nome seja indicado e
aprovado pelo Senado para presidir o BC -cujo comando ficará,
interinamente, com o diretor de
Assuntos Internacionais, Demósthenes Madureira de Pinho Neto.
Cargos à disposição
Na versão apresentada por Malan, ele e Lopes colocaram os cargos à disposição de FHC logo após
a primeira mudança do regime
cambial, no dia 13 de janeiro.
"Há vários dias, tanto eu quanto
o presidente do BC colocamos
nossos cargos à disposição do presidente, à luz do clima de tensões,
turbulências e incertezas, diante
da adoção primeira do regime que
esteve em vigor por apenas dois
dias", disse, referindo-se ao teto de
R$ 1,32 para o dólar.
Segundo Malan, os primeiros
dias do câmbio flutuante, adotado
em 15 de janeiro, foram marcados
por incertezas por causa da grande
desvalorização da moeda -"flagrantes exageros" que ocorreram
particularmente na sexta passada,
quando o dólar chegou a R$ 2,15.
O ministro disse que FHC decidiu mantê-lo no ministério, mas
aceitou a demissão de Lopes, que
substituía Gustavo Franco, um dos
pais intelectuais do Plano Real e
contrário às mudanças no câmbio.
"Formalizei esse pedido recentemente, e o presidente não aceitou e
insiste na minha permanência no
cargo. Como vocês sabem, sou servidor público de carreira, nunca
fui outra coisa nem pretendo ser."
Intervenção
Ontem, na primeira reunião da
equipe com o vice-diretor-gerente
do FMI, Stanley Fischer, um dos
temas mais importantes foi a adoção de regras de intervenção do BC
no mercado de câmbio. Especialista na área, Fraga terá papel importante na definição das regras.
O principal objetivo da missão
técnica do FMI é revisar algumas
das metas previstas no acordo assinado no final de 98 e que permitiu
ao Brasil obter um empréstimo de
US$ 41,5 bilhões. O governo já tomou US$ 9,3 bilhões desse total.
A reformulação do acordo é necessária para que o país possa sacar as demais parcelas do empréstimo. No momento, o governo trabalha para concluir a revisão dentro de 15 dias e, com isso, solicitar
antecipadamente a liberação da segunda parcela do empréstimo, no
valor de US$ 9 bilhões.
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