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AVIAÇÃO
Tasso Jereissati, relator de projeto no Congresso, recusa mudança que beneficiaria empresa; passivo já atinge R$ 9 bi
Proposta de parcelamento para a Varig é rejeitada
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE) rejeitou a proposta do
Unibanco e da consultoria Trevisan para aliviar e parcelar os débitos da Varig com o setor público
com base na nova Lei de Falências. O ministro da Defesa, José
Alencar, foi previamente avisado.
"Não é uma proposta razoável,
não é aceitável", confirmou Jereissati, relator do projeto. Ele se
reuniu com representantes do
Unibanco e da Trevisan, responsáveis pelo plano de recuperação
da Varig, para comunicar a rejeição ao texto e discutir saídas.
Também participaram representantes dos funcionários.
Com isso, as tentativas de salvamento da companhia sofrem novo recuo, enquanto seu passivo já
atinge R$ 9 bilhões. O governo, o
Congresso e a própria companhia
vinham admitindo R$ 7 bilhões.
A proposta recusada por Jereissati foi de mudar o projeto de lei
245, do senador Fernando Bezerra (PTB-RN), sobre o parcelamento de débitos tributários de
devedores em recuperação judicial. As mudanças previam dispensa de prestação de garantias
para parcelamento de débitos
junto à Receita Federal, à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e à Previdência Social.
A Varig não é citada no projeto,
já que leis têm abrangência geral.
Ela, porém, era o principal objetivo da proposta, pela qual seria
dispensada do pagamento dos
acréscimos legais relativos a multa, a juros moratórios e demais
encargos (uma espécie de anistia).
Pelo projeto, os débitos com o
governo federal poderiam ser
amortizados por meio da compensação de créditos tributários
das empresas com a Receita Federal -chamada tecnicamente de
utilização de prejuízo fiscal.
Para o comandante Márcio
Marsillac, vice-presidente da Associação dos Pilotos da Varig, que
participou da reunião com Jereissati, essa última cláusula "inventaria uma moeda para pagar o
prejuízo fiscal". Segundo ele, esses
prejuízos acumulados pela empresa já chegam a R$ 2,3 bilhões.
Pelo artigo 11 do projeto, os ganhos obtidos com a venda judicial
de uma empresa ficariam isentos
de qualquer tributo ou contribuição administrados pela Receita
ou pelo INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social).
Quanto aos prazos: as concessionárias e as permissionárias de
serviço público, como as companhias aéreas, poderiam parcelar
suas dívidas em até 420 meses
(em torno de 35 anos). As demais
empresas só teriam direito ao máximo de 180 meses.
Segundo Jereissati, a proposta,
feita sob encomenda para salvar a
Varig, "abriria uma avenida sem
fim para que qualquer empresa
em recuperação judicial deixasse
de pagar impostos". Com o impasse, foi cancelada a audiência
pública que representantes do governo, do Senado, da Câmara e da
Varig teriam hoje no Congresso.
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