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Bovespa recua 5% e passa a acumular perdas no ano
Com cenário externo ruim,
dólar salta 3% e vai a R$ 2,44
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mês começou de forma desanimadora para os investidores, com as Bolsas de Valores
amargando expressivas perdas
pelo mundo. Na Bovespa, a
queda ontem alcançou os 5,1%
-resultado que levou a Bolsa a
passar a acumular perdas no
ano, de 3,5%. Aos 36.234 pontos, o índice Ibovespa desceu a
seu menor patamar desde 5 de
dezembro de 2008.
O mercado de câmbio também atravessou um dia agitado,
com o dólar cotado a R$ 2,442
(maior valor desde 9 de dezembro), após um salto de 3,04%.
Nos EUA, os mercados abriram abalados pela informação
do prejuízo recorde sofrido pela seguradora AIG no último
trimestre de 2008 -que a levará a necessitar de novo socorro
oficial. Na Europa, o resultado
trimestral ruim do HSBC e a
inesperada oferta de ações que
fará para levantar capital alimentaram as preocupações
com a saúde do setor bancário.
O cenário negativo levou os
investidores a venderem ações
maciçamente. A Bolsa de Londres perdeu 5,33%, seguida por
Paris (-4,48%) e Frankfurt
(-3,48%). Em Tóquio, houve
baixa de 3,81%.
Em Wall Street, o índice acionário Dow Jones recuou
4,24%, para 6.763 pontos -seu
mais baixo nível desde 1997.
Além dos resultados corporativos, dados econômicos divulgados ontem reforçaram a
percepção de que a retração das
maiores economias do mundo
vai seguir se aprofundando.
Ontem, foi divulgada nova
queda nos gastos com construção nos Estados Unidos (-3,3%
em janeiro).
No Reino Unido, a atividade
manufatureira voltou a recuar
em fevereiro, em seu 10º mês
de perdas -já se prevê que o
segmento feche cerca de 140
mil vagas neste ano. Na Itália,
foi divulgada retração de 1% no
PIB em 2008.
"Temos visto uma sequência
de dados econômicos ruins, somada à necessidade de captação dos bancos. Com a carência
de notícias favoráveis, o mercado segue precificando um cenário de desaceleração mais intensa. Havia a expectativa de
que os indicadores antecedentes começassem a melhorar,
mas isso não tem ocorrido",
afirma Alexandre Lintz, estrategista do banco BNP Paribas.
Para a Bovespa, pesou também a depreciação das commodities no exterior. O barril de
petróleo recuou 10,3%, cotado
a US$ 40,15 em Nova York, em
meio aos temores de menor
consumo mundial.
Com Petrobras PN (a ação
mais negociada do mercado)
em queda de 5,22%, o índice
Ibovespa fechou ontem perto
de seu piso do pregão. A ação
PNA da Vale, a segunda de
maior peso, terminou os negócios com baixa de 5,88%.
"O nosso mercado também
sentiu bastante a queda das
commodities lá fora", diz Lintz.
Em consonância com o mau
desempenho do setor no exterior, os bancos encerraram com
perdas fortes: BB ON caiu
5,41%; Itaú PN recuou 5,32%;
Unibanco UNT, 3,97%; e Bradesco PN teve baixa de 3,76%.
Das 66 ações de maior liquidez, que entram na composição
do Ibovespa, apenas Natura ON
escapou de fechar no vermelho,
com pequena alta de 0,14%. Entre os papéis que mais recuaram, ficaram Gafisa ON
(-9,48%), Aracruz PNB
(-8,18%) e Itaúsa PN (-7,09%).
O Ibovespa passou a acumular desvalorização de 3,5% em
2009. Apesar de agora estar no
vermelho, a Bovespa ainda vive
situação melhor que a das outras grandes Bolsas mundiais.
O índice Dow Jones, que reúne
as 30 ações norte-americanas
de maior liquidez, registra queda de 22,9% no ano. Em Londres, as perdas acumuladas em
2009 estão em 18,2%.
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