São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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Bovespa recua 5% e passa a acumular perdas no ano

Com cenário externo ruim, dólar salta 3% e vai a R$ 2,44

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mês começou de forma desanimadora para os investidores, com as Bolsas de Valores amargando expressivas perdas pelo mundo. Na Bovespa, a queda ontem alcançou os 5,1% -resultado que levou a Bolsa a passar a acumular perdas no ano, de 3,5%. Aos 36.234 pontos, o índice Ibovespa desceu a seu menor patamar desde 5 de dezembro de 2008.
O mercado de câmbio também atravessou um dia agitado, com o dólar cotado a R$ 2,442 (maior valor desde 9 de dezembro), após um salto de 3,04%.
Nos EUA, os mercados abriram abalados pela informação do prejuízo recorde sofrido pela seguradora AIG no último trimestre de 2008 -que a levará a necessitar de novo socorro oficial. Na Europa, o resultado trimestral ruim do HSBC e a inesperada oferta de ações que fará para levantar capital alimentaram as preocupações com a saúde do setor bancário.
O cenário negativo levou os investidores a venderem ações maciçamente. A Bolsa de Londres perdeu 5,33%, seguida por Paris (-4,48%) e Frankfurt (-3,48%). Em Tóquio, houve baixa de 3,81%.
Em Wall Street, o índice acionário Dow Jones recuou 4,24%, para 6.763 pontos -seu mais baixo nível desde 1997.
Além dos resultados corporativos, dados econômicos divulgados ontem reforçaram a percepção de que a retração das maiores economias do mundo vai seguir se aprofundando.
Ontem, foi divulgada nova queda nos gastos com construção nos Estados Unidos (-3,3% em janeiro).
No Reino Unido, a atividade manufatureira voltou a recuar em fevereiro, em seu 10º mês de perdas -já se prevê que o segmento feche cerca de 140 mil vagas neste ano. Na Itália, foi divulgada retração de 1% no PIB em 2008.
"Temos visto uma sequência de dados econômicos ruins, somada à necessidade de captação dos bancos. Com a carência de notícias favoráveis, o mercado segue precificando um cenário de desaceleração mais intensa. Havia a expectativa de que os indicadores antecedentes começassem a melhorar, mas isso não tem ocorrido", afirma Alexandre Lintz, estrategista do banco BNP Paribas.
Para a Bovespa, pesou também a depreciação das commodities no exterior. O barril de petróleo recuou 10,3%, cotado a US$ 40,15 em Nova York, em meio aos temores de menor consumo mundial.
Com Petrobras PN (a ação mais negociada do mercado) em queda de 5,22%, o índice Ibovespa fechou ontem perto de seu piso do pregão. A ação PNA da Vale, a segunda de maior peso, terminou os negócios com baixa de 5,88%.
"O nosso mercado também sentiu bastante a queda das commodities lá fora", diz Lintz.
Em consonância com o mau desempenho do setor no exterior, os bancos encerraram com perdas fortes: BB ON caiu 5,41%; Itaú PN recuou 5,32%; Unibanco UNT, 3,97%; e Bradesco PN teve baixa de 3,76%.
Das 66 ações de maior liquidez, que entram na composição do Ibovespa, apenas Natura ON escapou de fechar no vermelho, com pequena alta de 0,14%. Entre os papéis que mais recuaram, ficaram Gafisa ON (-9,48%), Aracruz PNB (-8,18%) e Itaúsa PN (-7,09%).
O Ibovespa passou a acumular desvalorização de 3,5% em 2009. Apesar de agora estar no vermelho, a Bovespa ainda vive situação melhor que a das outras grandes Bolsas mundiais. O índice Dow Jones, que reúne as 30 ações norte-americanas de maior liquidez, registra queda de 22,9% no ano. Em Londres, as perdas acumuladas em 2009 estão em 18,2%.


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