São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2010

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Ford lidera nos EUA após recall da Toyota

Foi a primeira vez que a marca passou a GM desde 1998; montadora japonesa teve queda de 9% nas vendas em fevereiro

Governo Obama estuda tornar obrigatório sistema de emergência que bloqueie a aceleração involuntária, como ocorreu com a Toyota

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A Toyota teve queda de 9% nas vendas nos EUA em fevereiro após o recall de mais de 8,5 milhões de veículos no mundo todo. O resultado favoreceu as concorrentes e ajudou a Ford a ultrapassar a GM pela primeira vez desde 1998, com um crescimento de 43% nas vendas ante o mesmo mês de 2009. A GM cresceu 12%.
O desempenho da Ford foi impulsionado pelas vendas do Fusion, modelo que compete com o Camry, da Toyota, que apresentou problemas. Segundo o presidente de vendas da Ford, Ken Czubay, seis em cada dez vendas do Fusion foram para novos clientes.
Diante do resultado, a Ford anunciou que pretende fabricar 595 mil veículos nos EUA no segundo trimestre, o que representa um aumento de 32% na comparação com igual período do ano anterior.
Czubay sinalizou que a empresa ainda avalia ter espaço para ganhar novos clientes da Toyota. Segundo ele, estudos mostram que os compradores da japonesa estão indecisos.
O desempenho da Toyota foi determinado principalmente pela queda de 20% nas vendas do Camry. Para evitar quedas ainda mais acentuadas nas vendas, a empresa anunciou ontem uma série de incentivos, que incluem taxa zero de juros para financiamentos em até cinco anos e um pacote gratuito de manutenção de dois anos para clientes antigos que compram novos veículos.
Na prática, a montadora perdeu principalmente novos clientes. Em fevereiro, ela estimou ter perdido 18 mil vendas.

Freio de emergência
Em audiência na Câmara dos Representantes, o secretário de Transportes dos EUA, Ray LaHood, afirmou ontem que o governo Barack Obama está considerando exigir que todas as fabricantes de automóveis instalem um sistema extra de frenagem. O objetivo é bloquear episódios de aceleração involuntária de veículos, como os registrados pela Toyota.
O sistema já faz parte de veículos vendidos por empresas como BMW, Volkswagen e Chrysler, entre outras.
O órgão responsável pela fiscalização nos EUA tem sido alvo de críticas após os recalls da Toyota. Os problemas nos veículos da montadora estão associados a cinco mortes no país.
Em fevereiro, as vendas da GM tiveram alta de 12%, no quinto mês seguido de alta. Apesar disso, a montadora afirmou que os desempenhos do mercado de trabalho e do mercado imobiliário representam uma ameaça à recuperação da indústria automobilística. A empresa anunciou mudanças no quadro de executivos e uma gama de ofertas de taxa zero de financiamento para alguns veículos feitos em 2009 e 2010.
De modo geral, o desempenho da indústria em fevereiro foi fraco, com um patamar de vendas anualizado de 10,5 milhões de veículos. Em janeiro, o nível de vendas havia ficado em 10,8 milhões. O resultado da indústria foi afetado não só pela crise de confiança desencadeada pelos recalls da Toyota como também por fatores climáticos, devido à incidência de nevascas no mês passado.
O desempenho da indústria é essencial para a consolidação da recuperação da economia, muito dependente dos gastos do consumidor.


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