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NOVO COMANDO
Ministro da Fazenda substitui mais um na direção do Banco Central; agora, só restam três da era FHC
Palocci atende radicais e troca diretor do BC
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, substituiu ontem o
diretor de Liquidação e Desestatização do Banco Central, Carlos
Eduardo de Freitas. Palocci encaminhou ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva o nome de Antônio
Gustavo Matos do Vale para o
cargo.
A substituição de Freitas foi
mais um sinal dado por Palocci
para acomodar as tensões que
existem dentro do PT. Há três
anos e meio no cargo, Freitas é o
quarto diretor do BC a ser trocado
no governo Luiz Inácio Lula da
Silva.
A saída de Freitas foi anunciada
pelo Banco Central ontem, mesmo dia previsto para a votação, no
Congresso, da proposta de emenda constitucional que altera o artigo 192 da Constituição (regula o
sistema financeiro).
A mudança no artigo 192, que
abre espaço para o governo enviar
ao Congresso o projeto de autonomia do Banco Central, enfrentava muitas resistências na ala radical do PT. A saída de Freitas,
embora já tivesse acertada antes,
contribui para a estratégia do governo Lula de dobrar a ala radical
do partido e aprovar a proposta
de emenda constitucional.
O Banco Central informou ontem, por meio de nota oficial, que
o ministro da Fazenda encaminhou ao presidente Lula o nome
de Matos do Vale para substituir
Freitas. Lula encaminhará o nome do novo indicado para o Senado. Antes de assumir o cargo, Matos do Valle precisa ser aprovado
na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Troca sem traumas
De acordo com o que a Folha
apurou, a substituição de Freitas
faz parte da estratégia de Palocci
de atender, sem provocar traumas na economia, às mudanças
reivindicadas por parte dos radicais do PT.
Havia resistências a Freitas dentro do partido. Ele cuidava das
privatizações dos bancos estaduais e era também o maior defensor da continuidade do programa de desestatizações.
Em fevereiro, o governo trocou
três diretores do Banco Central:
Tereza Grossi (Fiscalização), Luiz
Fernando Figueiredo (Política
Monetária) e Edison Bernardes
(Administração).
A substituição de Grossi foi o sinal mais forte dado por Palocci de
que estaria disposto a acomodar
as tensões que existem dentro do
PT. Desde a vitória de Lula nas
eleições de 2002 havia forte pressão por parte tanto de moderados
como de radicais do PT para a troca da diretoria do BC.
O principal alvo era Grossi, por
sua participação na operação de
socorro financeiro aos bancos
Marka e FonteCindan, em 1999,
por ocasião da desvalorização do
real em janeiro daquele ano.
Com a saída de Freitas, restam
agora três diretores no Banco
Central remanescentes do governo Fernando Henrique Cardoso.
São eles: Ilan Goldfajn (Política
Econômica), Beny Parnes (Assuntos Internacionais) e Sérgio
Darcy (Normas e Organização do
Sistema Financeiro).
Com a saída de Freitas, a Folha
apurou que já está praticamente
consolidada a estratégia de Palocci de acomodar, sem traumas, as
tensões que existiam dentro do
PT para mudanças no Banco Central. Não há grandes resistências
dentro do partido em relação aos
três diretores da instituição ainda
remanescentes do governo FHC.
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