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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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NOVO COMANDO

Ministro da Fazenda substitui mais um na direção do Banco Central; agora, só restam três da era FHC

Palocci atende radicais e troca diretor do BC

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, substituiu ontem o diretor de Liquidação e Desestatização do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas. Palocci encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o nome de Antônio Gustavo Matos do Vale para o cargo.
A substituição de Freitas foi mais um sinal dado por Palocci para acomodar as tensões que existem dentro do PT. Há três anos e meio no cargo, Freitas é o quarto diretor do BC a ser trocado no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
A saída de Freitas foi anunciada pelo Banco Central ontem, mesmo dia previsto para a votação, no Congresso, da proposta de emenda constitucional que altera o artigo 192 da Constituição (regula o sistema financeiro).
A mudança no artigo 192, que abre espaço para o governo enviar ao Congresso o projeto de autonomia do Banco Central, enfrentava muitas resistências na ala radical do PT. A saída de Freitas, embora já tivesse acertada antes, contribui para a estratégia do governo Lula de dobrar a ala radical do partido e aprovar a proposta de emenda constitucional.
O Banco Central informou ontem, por meio de nota oficial, que o ministro da Fazenda encaminhou ao presidente Lula o nome de Matos do Vale para substituir Freitas. Lula encaminhará o nome do novo indicado para o Senado. Antes de assumir o cargo, Matos do Valle precisa ser aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Troca sem traumas
De acordo com o que a Folha apurou, a substituição de Freitas faz parte da estratégia de Palocci de atender, sem provocar traumas na economia, às mudanças reivindicadas por parte dos radicais do PT.
Havia resistências a Freitas dentro do partido. Ele cuidava das privatizações dos bancos estaduais e era também o maior defensor da continuidade do programa de desestatizações.
Em fevereiro, o governo trocou três diretores do Banco Central: Tereza Grossi (Fiscalização), Luiz Fernando Figueiredo (Política Monetária) e Edison Bernardes (Administração).
A substituição de Grossi foi o sinal mais forte dado por Palocci de que estaria disposto a acomodar as tensões que existem dentro do PT. Desde a vitória de Lula nas eleições de 2002 havia forte pressão por parte tanto de moderados como de radicais do PT para a troca da diretoria do BC.
O principal alvo era Grossi, por sua participação na operação de socorro financeiro aos bancos Marka e FonteCindan, em 1999, por ocasião da desvalorização do real em janeiro daquele ano.
Com a saída de Freitas, restam agora três diretores no Banco Central remanescentes do governo Fernando Henrique Cardoso. São eles: Ilan Goldfajn (Política Econômica), Beny Parnes (Assuntos Internacionais) e Sérgio Darcy (Normas e Organização do Sistema Financeiro).
Com a saída de Freitas, a Folha apurou que já está praticamente consolidada a estratégia de Palocci de acomodar, sem traumas, as tensões que existiam dentro do PT para mudanças no Banco Central. Não há grandes resistências dentro do partido em relação aos três diretores da instituição ainda remanescentes do governo FHC.


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