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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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ECONOMIA BOMBARDEADA

Banco reduz estimativa de crescimento mundial e afirma que políticas de estímulo estão no limite

Munição econômica já está no fim, diz Bird

DA REDAÇÃO

A guerra dos EUA contra o Iraque fará a economia mundial crescer menos do que o previsto neste ano, alerta o Bird (Banco Mundial). Pior. Segundo a instituição, as autoridades das mais importantes economias do planeta estão ficando sem munição para combater a desaceleração.
"Uma preocupante característica do atual ambiente econômico é que as políticas macroeconômicas talvez estejam perto do limite", afirma o Bird em um relatório sobre as perspectivas globais, divulgado ontem.
A advertência do Banco Mundial ocorreu um dia após o IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), organização privada que representa bancos e companhias financeiras, ter cobrado uma ação mais coordenada das nações mais ricas do planeta, incluindo aí o relaxamento da política monetária.
Segundo o Bird, o conflito no Oriente Médio desestabilizou ainda mais uma economia mundial que já enfrentava dias difíceis. Para a instituição, a guerra, se não se estender por muito tempo, reduzirá em 0,5 ponto percentual o crescimento da economia mundial neste semestre.
A produção econômica do planeta deverá crescer 2,3% neste ano, abaixo da previsão de 2,5% feita em dezembro do ano passado e bem menor que a estimativa de 3,6% feita em julho. Em 2002, a expansão foi de 1,7%.
"Temos reduzido constantemente as perspectivas de crescimento no último ano", afirmou Philip Suttle, economista responsável pelo relatório, durante uma entrevista coletiva. "A despeito da guerra, a confiança geral permanece caindo."
O Bird não incluiu em suas estimativas o impacto que a epidemia da Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês) pode ter. Mas Suttle disse que certamente haverá efeitos negativos em decorrência da doença.
Segundo o Banco Mundial, o Federal Reserve (banco central norte-americano) não tem muita margem de manobra para reduzir juros. As taxas norte-americanas já estão nos níveis mais baixos das últimas quatro décadas.
"O Banco Central Europeu tem um pouco mais de espaço para relaxar a política monetária e provavelmente seguirá a expectativa do mercado e reduzirá a taxa", afirma o Bird. Mas o relatório destaca que a munição fiscal dos países europeus está no fim. O bloco econômico adota normas rígidas de controle dos gastos públicos.
Para o Bird, os EUA crescerão 2,5% neste ano, um pouco abaixo da estimativa inicial de 2,6%. Em 2004, o avanço seria de 3,5%. Mas uma guerra prolongada afetaria as estimativas.
A zona do euro deverá ser a região mais atingida. O Bird cortou a estimativa de crescimento do bloco de 1,8% para 1,4%. Em 2004, a taxa seria de 2,6%.
O relatório sugere que o Japão adote uma política monetária que "verdadeiramente" estimule a economia, mas adverte que o endividamento do governo alcançou um "nível perigoso". A economia do país deverá crescer 0,6% neste ano e 1,6% em 2004.
A economia da América Latina crescerá apenas 1,7 % neste ano, prevê o Bird. Para 2004, a previsão é um avanço de 3,8%.
A projeção considera que a Argentina voltará a crescer. A retração de 11% do país no ano passado foi o principal fator para a contração de 0,9% na economia da região -o pior desempenho mundial. Excluindo a Argentina, haveria expansão de 0,8%.


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