São Paulo, domingo, 03 de abril de 2005

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MERCADO ABERTO

Natura aposta na internacionalização

A Natura vai apostar todas as suas fichas numa forte expansão internacional, segundo o novo presidente da empresa, Alessandro Carlucci, que assumiu o cargo no mês passado. A Natura já atua na Argentina, no Chile, no Peru e na Bolívia e pretende, até 2007, estar presente nos principais mercados latino-americanos, a começar pelo México, no segundo semestre deste ano.
Além da América Latina, a Natura, cuja receita bruta atingiu a cifra de R$ 2,5 bilhões em 2004 -33% superior à obtida no ano anterior-, inicia neste mês operações na França, com a abertura em Paris de sua primeira loja mundial, a Maison Natura. "Nos próximos 10 a 15 anos, queremos estar entre os principais líderes na América Latina. E, na Europa, estamos iniciando um movimento começando pela França", diz Carlucci. Antes de assumir a presidência, ele foi por três anos o responsável por toda a divisão da América do Sul da empresa, e, sob sua direção, as operações na Argentina prosperaram, mesmo durante a forte recessão que atingiu o país a partir de 2001.
As operações internacionais da Natura respondem hoje por 2,6% da receita bruta. Nos próximos dois anos, a empresa pretende abrir atividades de venda direta ao consumidor, além do México, na Colômbia, Venezuela, Porto Rico, Costa Rica, Uruguai e Equador. Nesses países, a Natura atuará da mesma forma que no Brasil, com consultoras e consultores. Só na França a Natura optou por uma loja, com o objetivo de estudar o mercado para depois partir para o continente.
A Natura detém 18,9% do mercado brasileiro de cosméticos, perfumes e higiene pessoal. A empresa investiu, em 2004, R$ 47,4 milhões em pesquisa e desenvolvimento, considerado um de seus pontos fortes.

LUVA DE PELICA
Guido Mantega (BNDES) não ficou irado apenas com o prefeito José Serra e o seu secretário de Finanças, Mauro Ricardo Costa, no episódio do corte de energia na capital paulista feito pela AES Eletropaulo. Assim como Mauro Ricardo será interpelado judicialmente por suas declarações contra o BNDES, Mantega também encaminhou uma notificação extrajudicial à AES Eletropaulo em que pede explicações tanto pelo corte de luz como pelas afirmações de Roberto Di Nardo, vice da companhia, que teria responsabilizado os acionistas pelo corte. O BNDES tem participação minoritária na companhia. A diretoria do banco considerou atrapalhadas as declarações e o corte de luz, que afetou creches e hospitais.

GREVE POLÍTICA
Há um cheiro muito forte de motivação política na greve de marítimos da Petrobras. O pano de fundo pode ser uma disputa pelo cargo do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que é ligado ao PMDB. O PP, que ganhou musculatura com Severino Cavalcanti na presidência da Câmara, tem muito interesse pelo cargo.

DISPUTA DE MILHÕES
A Petrobras e o IRB deram início à concorrência para a retrocessão (processo em que o IRB divide o resseguro com empresas particulares) dos seguros da petrolífera. O contrato do ano passado teve prêmio de US$ 25 milhões para a cobertura de bens de US$ 27 bilhões. Em abril, as corretoras entregarão as propostas.

MANOBRA ARRISCADA
Manter a inflação deste ano em 6%, com crescimento do PIB em 4%, pode virar um fracasso, por conta da meta fixada pelo governo para 2005. É a opinião de Heron do Carmo, ex-Fipe e presidente do Conselho Regional de Economia. "Inflação não é cálculo linear. O BC insistir com a meta de 5,1% é inviável. A taxa de juros precisaria passar de 20%."

ALTA ROTAÇÃO
As ações do Banco Itaú Holding Financeira tiveram a maior liqüidez entre bancos brasileiros no ano passado, com volume de R$ 12,3 bilhões na Bovespa e na Bolsa de Nova York. Os papéis tiveram média financeira diária negociada na Bovespa de R$ 31 milhões, e, nos EUA, de R$ 19 milhões.

LEITURA
Desigualdade social e experiências de ações voltadas para o desenvolvimento regional e a geração de empregos e renda são o tema do livro "Brasil, o desafio da diversidade", organizado pelo cientista social José Luís Vianna da Cruz. Ele aborda o caso do norte do Estado do Rio, que, embora responda pela produção de mais de 80% do petróleo brasileiro, figura negativamente em índices que medem o desenvolvimento humano e social. Outros autores relatam casos e experiências no Nordeste, na Amazônia, no planalto central em Minas Gerais, no ABC paulista e Rio Grande do Sul.
Autor: José Luís Vianna da Cruz (organizador)
Editora: Senac
Quanto: R$ 35

BORIS, O VERMELHO

Eduardo Knapp/FI
O empresário Boris Tabacof, 75, do grupo Suzano e do Ciesp, em seu apartamento em SP


De líder comunista a executivo. A curiosa trajetória do empresário Boris Tabacof (Ciesp e Suzano) está reunida no livro "Perdidos e Achados", escrito por ele, com lançamento no próximo dia 26, na Livraria Cultura, em São Paulo. Tabacof conta episódios como o de sua prisão no governo Vargas, o desencanto com o comunismo e, claro, a entrada no mundo dos negócios. "O primeiro supermercado da Bahia foi construído por mim", conta. Tabacof descreve ainda sua passagem pelo governo da Bahia, a profissionalização do Banco Safra e do grupo Suzano e suas incursões pelos campos da ciência e da religião.
GUILHERME BARROS, com Marcelo Pinheiro e Marcelo Sakate
@ - guilherme.barros@uol.com.br


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