São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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CENÁRIOS

Economia do país avançará 3,8%, e a da região, 4,1%, diz IIF; ambiente continua favorável para latino-americanos

Brasil deve crescer menos que a AL em 2006

DA AGENCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A banca internacional traça um cenário cor-de-rosa para a América Latina neste ano. As projeções do IIF (sigla em inglês para Instituto Internacional de Finanças), associação que agrega os grandes bancos internacionais, são que a região crescerá 4,1% neste ano. O cenário, em termos de crescimento, não é tão bom para o Brasil, que crescerá, na avaliação do IIF, 3,8%, a menor taxa entre as maiores economias da região.
Em geral, os indicadores melhoram para quase todos os países para os quais a instituição divulgou estimativas (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, Venezuela). Só na Argentina a inflação continua preocupando. A previsão da instituição é que a inflação no país vizinho seja de 14,9%, contra os 12,3% de 2005 e média de 5% em toda a região. Mas o relatório divulgado ontem pela entidade, que faz encontro paralelo ao do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), prevê que o país vizinho também crescerá acima da média: 6,7%.
O BID, por outro lado, prevê expansão acima de 4% para o Brasil, apesar de também vislumbrar cenário econômico favorável para a América Latina, segundo seu relatório anual. No documento, o banco informa que seu capital cresceu 17% em 2005 e que pretende focar seus empréstimos nas áreas social e de infra-estrutura e na popularização do crédito.
A América Latina surfa praticamente nas mesmas boas condições de 2005: crescimento significativo do mundo, alta dos preços das commodities e farta liquidez.
A redução dos indicadores de vulnerabilidade externa dos países, diz o relatório do IIF, deve continuar neste ano. "Alguns dos países da região devem continuar usando a maré externa favorável para reduzir a dívida pública. A combinação de melhor desempenho fiscal com o crescimento das exportações e a emissão de dívida em moedas locais deve reduzir a dívida em dólar dos países para algo em torno de 105% das exportações, contra 232% em 1998."
O otimismo em relação à região não é só da banca. Relatório elaborado por economistas para seminário do BID começa com a seguinte sentença: "Todas as estrelas estão perfeitamente alinhadas para a América Latina no mercado financeiro mundial". Desde que surgiu o mercado de títulos de países emergentes, no início dos anos 90, relata o documento, o mercado nunca esteve tão disposto a comprar seus papéis.
O juro está em queda, e há dinheiro "saindo pelas orelhas", diz Ricardo Hausmann, da Universidade Harvard. Paulo Leme, da Goldman Sachs, lembra que só a América Latina viu suas reservas crescerem, nos últimos anos, em proporção que representa 20% do PIB da região, reflexo da melhora dos indicadores externos.
Hausmann, no entanto, tem dúvidas sobre a solidez do cenário. Ele lembra que não é a primeira vez que o mercado desenha um cenário róseo para a região.
(PAULO PEIXOTO E MARCELO BILLI)


Colaborou Iuri Dantas, de Washington


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