|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FMI vê maior crise financeira desde 1929
Fundo reduz previsão de crescimento dos EUA em 2008 para 0,5% e diz que chance de economia global entrar em recessão é de 25%
FMI revisa pela 3ª vez expectativa de expansão global, para 3,7%, pior dado
desde 2002, durante a última recessão nos EUA
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Os EUA passam por sua
maior crise financeira desde a
Grande Depressão de 1929. A
economia global deve crescer
3,7% em 2008, e a possibilidade
de esse crescimento ser menor
do que 3% em 2009 ou mesmo
já em 2008 é de 25%, o que levaria o mundo a uma recessão.
Além disso, os EUA devem
crescer mero 0,5% em 2008, ou
um terço do que era previsto
em janeiro último.
As informações são do Fundo
Monetário Internacional e
constam de documento apresentado a autoridades econômicas do Sudeste Asiático numa reunião fechada realizada
ontem na cidade de Da Nang,
no Vietnã, segundo as agências
de notícias Bloomberg e Dow
Jones, que o obtiveram. À Folha o setor de imprensa do FMI
em Washington disse que não
comentaria o vazamento.
Disse ainda que a divulgação
oficial do "World Economic
Outlook", documento bianual
em que o organismo financeiro
multilateral faz projeções para
a economia mundial, estava
mantida para ocorrer apenas
no dia 9.
Até o final do dia de ontem,
no entanto, autoridades financeiras já tratavam do vazamento como a versão oficial. Em visita à China, o secretário do Tesouro norte-americano, Henry
Paulson, disse que achava que o
FMI havia "exagerado" em suas
previsões negativas.
Em entrevista publicada ontem pelo diário francês "Le Figaro", embora sem citar números, o próprio diretor-gerente
do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, havia afirmado: "As previsões que vamos divulgar em
alguns dias não são muito boas.
Nós vamos revisar para baixo
nossa previsão de janeiro".
A revelação chega no mesmo
dia em que, pela primeira vez
desde o início da crise financeira que toma os EUA, o presidente de seu banco central ousa
dizer a palavra "recessão" em
público. Em resposta a um congressista durante depoimento
pela manhã, Ben Bernanke, do
Fed, afirmou que, sim, "a recessão é possível".
"O choque financeiro que teve início com a crise do mercado de hipotecas "subprime" em
agosto de 2007 se espalhou rapidamente e de maneira inesperada até impor grandes danos nos mercados e instituições no centro do sistema financeiro", afirma o texto obtido pelas agências. "A expansão
global está perdendo ritmo
diante do que virou a maior crise financeira nos EUA desde a
Grande Depressão [1929]."
No documento, o crescimento da economia global em 2008
é revisado para baixo pela terceira vez desde julho do ano
passado, quando o FMI previu
uma expansão de 5,2%; com
3,7%, é a pior previsão desde
2002, no auge da última recessão a atingir os EUA. Para o
país, a previsão caiu de 1,5% em
janeiro para 0,5%, e, para 2009,
há imperceptível salto de 0,1
ponto percentual, para 0,6%.
As revisões para baixo são generalizadas. Na zona do euro,
vão de 1,6% em janeiro para
1,3%; na Ásia, perdem o Japão,
que passa de 1,5% para 1,4%, e a
China, com 9,3%, ante os 10%
previstos antes. Entre os emergentes, o documento afirma
que a diferença entre essas economias e as avançadas deve
continuar, com o crescimento
das últimas ficando em geral
"aquém do esperado".
A previsão bate com relatório
divulgado ontem pela agência
classificadora de riscos Fitch,
segundo o qual o crescimento
global será de 2,6%, o menor
em cinco anos.
Entre os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), o
Brasil ostenta os piores números. Segundo a Fitch, o país deve ter alta de 4,3% em 2008.
Texto Anterior: Emergentes vão sustentar crescimento global, diz Fitch Próximo Texto: Saiba mais: Crise da grande depressão foi a pior da história Índice
|