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Crise faz receita tributária cair 1,5% em SP
Resultado do primeiro bimestre poderia ter sido pior sem medidas de incentivo adotadas pelo governo; ICMS caiu 4,7%
Fazenda paulista diz que a queda de 1,5% não terá impacto para o Estado e que investimentos de R$ 20,6 bi para 2009 estão mantidos
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A retração da atividade econômica provocou queda real de
1,5% na arrecadação de tributos no Estado de São Paulo no
primeiro bimestre deste ano
em relação a igual período do
ano passado. A queda do ICMS
foi de 4,7% no período.
O secretário da Fazenda paulista, Mauro Ricardo Costa,
afirma que a queda de 1,5% não
terá impacto para o Estado.
"Fizemos contingenciamento
de R$ 1,6 bilhão no Orçamento
de 2009 para prevenir eventual
queda na arrecadação."
Ele descarta elevação da carga tributária ou mexida em alíquotas do ICMS de produtos
para compensar eventual perda na receita e diz que os investimentos de R$ 20,6 bilhões para 2009 estão mantidos.
Medidas adotadas pelo governo paulista no ano passado
-como a ampliação do sistema
de substituição tributária (pagamento antecipado do ICMS)
para mais setores e a implementação da nota fiscal paulista- devem compensar, na avaliação do secretário, a queda de
receita no primeiro bimestre.
"Nossa previsão para este
ano é arrecadar R$ 4 bilhões a
mais do que arrecadamos em
2008, só com a ampliação do
regime de substituição tributária.
Neste mês [abril], mais setores [ferramentas, bicicletas,
brinquedos] já estão pagando o
ICMS por esse sistema, e outros entrarão a partir de maio."
Para o secretário, a queda da
arrecadação em São Paulo é
"pequena" se comparada à queda (real) de arrecadação do governo federal -de 8,54% no
primeiro bimestre deste ano
em relação ao ano passado.
Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal, diz que a
arrecadação federal caiu mais
do que a paulista porque o governo "concedeu benefícios fiscais que o Estado não concedeu". Ele cita as reduções do
IPI para carros e para a construção civil e de IOF nos empréstimos -as desonerações
somam R$ 4 bilhões neste ano.
"Além disso, houve queda na
arrecadação de dois tributos federais, o IR e a CSLL, e isso tem
a ver com a lucratividade das
empresas, e não com o faturamento, e o ICMS incide sobre o
faturamento das empresas."
Outro motivo para a queda
neste ano foi a compensação de
R$ 2,7 bilhões em PIS, Cofins e
Cide, através do uso de créditos
gerados pelo pagamento a mais
em períodos anteriores. E mais:
em janeiro de 2008 ainda houve queda de R$ 875 milhões na
receita da CPMF referente ao
último decêndio de dezembro
de 2007. Mais receita em 2008
(com a CPMF) e menos neste
ano (com a compensação das
três contribuições) fizeram
com que a queda na receita federal fosse elevada no primeiro
bimestre deste ano.
Mais IPVA
A queda na arrecadação do
Estado só não foi maior porque
houve aumento de 6,3% com o
IPVA (tributo sobre veículos),
que atingiu R$ 4,85 bilhões no
primeiro bimestre.
Esse aumento é reflexo da
expansão das vendas de carros
novos devido à redução do IPI.
E mais: o tributo para os carros
usados foi pago, neste ano, por
valores elevados, calculados em
setembro de 2008, quando a
crise ainda não havia apresentado os primeiros reflexos.
Para o advogado Antonio
Carlos Rodrigues do Amaral,
professor do Mackenzie, a queda na arrecadação do ICMS no
primeiro bimestre "acende
uma luz vermelha" para o governo paulista. "O ICMS é o
maior termômetro da saúde
econômica do Estado porque
incide desde a produção até o
consumo. Se há queda de arrecadação, é sinal de que a coisa
não vai bem."
O consultor tributário Clóvis
Panzarini já considera que o
desempenho da arrecadação do
Estado no primeiro bimestre
não é motivo para "aflição". "A
estimativa de receita do Estado
para 2009 foi conservadora e já
considerava o baixo crescimento da economia", afirma.
Fortunas
A arrecadação do ITCMD
(imposto sobre heranças e doações) subiu 62,4% no primeiro
bimestre deste ano e 127,3%
em fevereiro sobre igual mês do
ano passado. Esse crescimento,
segundo a Fazenda paulista, é
explicado pelo recolhimento de
um valor significativo de espólio -de R$ 42,8 milhões- em
fevereiro. O contribuinte que
pagou essa taxa recebeu herança de cerca de R$ 1,07 bilhão.
Colaborou MARCOS CÉZARI, da Reportagem Local
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