São Paulo, sábado, 03 de abril de 2010

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ANÁLISE

Empregos públicos inflam retomada

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

É tímida, ainda que alentadora, a criação de 162 mil vagas de trabalho em março, divulgada ontem. Dos empregos criados, 48 mil referem-se a vagas provisórias abertas pelo Censo americano, do governo. Cerca de 40 mil são trabalhos temporários no setor privado. Surgiram apenas 74 mil novos empregos permanentes.
Nesse ritmo, mesmo considerando a criação de 162 mil vagas, seriam necessários 52 meses (pouco mais de 4 anos) para retomar o número de vagas existentes em setembro de 2008, antes da quebra do banco Lehman Brothers -o vendaval econômico de 2008 eliminou 8,4 milhões de empregos nos Estados Unidos, número equivalente à população da cidade de Nova York.
Além disso, o setor financeiro, epicentro do terremoto de dois anos atrás, ainda demite (21 mil empregos no mês passado). E continua crescendo tanto o número de americanos sem trabalho há mais de 27 semanas quanto o desemprego por desalento -pessoas que se desanimam de procurar vagas depois de tantos meses de insucesso na busca.
Num pronunciamento em Londres, o assessor econômico da Casa Branca Lawrence Summer reconheceu boa parte dessas ressalvas, mas afirmou que a recuperação da economia americana "parece ter começado antes e de forma mais vigorosa do que seria normal em crises como esta".
A grande dúvida, segundo ele, é saber se, com a recuperação da atividade econômica, as empresas americanas voltarão a criar empregos permanentes no curto prazo ou vão preferir produzir mais utilizando-se de trabalhadores temporários e do pagamento de horas extras.
"Não tenho certeza quanto a isso", disse ele. "Posso apenas dizer que escapamos do limiar da depressão e que muitas ações que vão criar empregos já estão em curso."
Entre as ações certamente está a manutenção de uma política monetária expansiva. Ao que tudo indica, a economia americana precisa de taxas de juros baixas por mais tempo.


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