São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008 |
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Agência que elevou Brasil cobra maior rigor fiscal
Para a Standard & Poor's, receita maior permite ao governo reduzir gastos
DENYSE GODOY DA REPORTAGEM LOCAL Melhorar a política fiscal precisa ser prioridade se o Brasil deseja parecer ainda mais confiável aos olhos dos investidores estrangeiros. Essa condição é colocada pela Standard and Poor's, que, na última quarta, concedeu ao país o chamado grau de investimento. "Com uma dívida de 47% do PIB segundo os nossos cálculos, o país se credenciava para a elevação da sua nota de crédito. Para seguir em frente, o Brasil tem que fazer esforços adicionais na área fiscal", disse ontem Lisa Schineller, diretora de "ratings" soberanos da agência, durante teleconferência com jornalistas e analistas do mercado financeiro. "O crescimento das receitas possibilita ao governo reduzir alguns gastos e melhorar a qualidade dos dispêndios." O país obteve nesta semana a nota "BBB-", a qual, na escala da Standard and Poor's, é a mais baixa entre as dez subdivisões do nível de grau de investimento -essa classificação indica que quem a recebe tem condições de honrar os seus compromissos. A elevação da nota foi bastante comemorada pelo governo, pelo mercado financeiro e por alguns setores da indústria, porém a agência frisa que ainda há uma longa distância a percorrer, embora o caminho esteja correto. Entre as reformas, as mais importantes devem ser a da Previdência e a tributária. Outro desafio que se impõe é a inflação, que começou a subir por causa da disparada do preço dos alimentos em todo o mundo e da maior demanda interna. "O compromisso de mantê-la sob controle vem sido reiterado. A resposta dada pelo Banco Central no mês passado reforça a sua independência e mostra que a instituição é pró-ativa", afirmou Schineller, citando essa atuação como motivo que contribuiu para a elevação da nota brasileira. Em abril, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) decidiu elevar a taxa básica de juros do país em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A recessão nos EUA também deve ser acompanhada com atenção, mas não é motivo para grande alarme. "O crescimento mundial observado recentemente facilitou bastante para o Brasil. É importante ressaltar que, se a economia americana recuará, a asiática diminuirá o ritmo, mas seguirá forte, e esse é um fator chave. O PIB da China subirá 9%, e o da Índia, entre 8% e 8,5%, balizando os preços das commodities e garantindo o fluxo comercial global. O Brasil está em uma boa posição", comentou Lisa. Ela espera que, após registrar avanço de 5,7% no ano passado, o país cresça entre 4% e 4,5% em 2008. Vulnerabilidade externa A analista destacou ainda que o Brasil apresenta menor vulnerabilidade externa. "Haverá um impacto [da crise mundial] na sua conta de transações correntes e no balanço de pagamentos. Entretanto, o país vai receber um volume maior de investimentos diretos e, além disso, tem um bom mix de produtos exportados. Acreditamos que a reação do governo a um cenário negativo será suficiente para abrandar as conseqüências. O pragmatismo dos últimos dez anos foi base para o crescimento robusto da economia e continuará sendo." Texto Anterior: Grau de investimento leva Bolsa a recordes Próximo Texto: Frase Índice |
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