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ANÁLISE
Avaliação não deveria ter tanto peso
JOHN AUTHERS
DO "FINANCIAL TIMES"
Quem tem verdadeiro poder
nos mercados mundiais? Ainda
parecem ser as agências de
classificação.
Os investidores no Brasil não
precisaram de muita ajuda ultimamente. Mas a decisão da
Standard & Poor's na quarta-feira de elevar sua dívida soberana ao grau de investimento
foi galvanizadora. As ações do
Brasil imediatamente subiram
mais de 7% em dólares.
Desde que o presidente Lula
foi eleito, no final de 2002, em
meio a temores de que ele esmagasse a economia, o índice
Bovespa ganhou 1.600% em
dólares. A alta de quarta-feira
no valor de mercado foi maior
que o valor de toda a Bovespa
em 2002.
Pode a opinião da S&P fazer
tamanha diferença? O mercado
pode expressar sua própria opinião sobre o risco de uma moratória, e ele mostra o Brasil como um crédito em grau de investimento há algum tempo.
Antes da crise de crédito, seus
títulos eram negociados por
menos de 140 pontos básicos a
mais que os do Tesouro dos Estados Unidos.
Quando o México atingiu o
grau de investimento, em 2002,
foi negociado com uma margem de mais de 300 pontos.
A opinião da S&Ps só é importante porque muitos fundos
de pensão públicos terceirizaram sua devida diligência para
as agências. Agora que o Brasil
tem grau de investimento, mais
fundos internacionais podem
comprar seus títulos.
Isso terá os efeitos em longo
prazo no "mundo real" de reduzir os custos do capital no Brasil
e aprofundar seus mercados de
capitais. Também vai empurrar
mais para cima o real, que duplicou em relação ao dólar em
seis anos.
A elevação da nota em si não
é surpresa, mas veio meses antes do que os analistas esperavam. Portanto é um bom motivo a mais para as ações brasileiras dispararem. Mas cuidado: a
classificação da Standard &
Poor's deveria ser tão importante? A resposta é não. Como
aprendemos com a crise de crédito, é perigoso que tantos
dêem tanto peso à avaliação de
uma agência de classificação.
Tradução de LUIZ ROBERTO
MENDES GONÇALVES
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