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Superávit comercial do país encolhe 64,5%
Valorização do real deteriora saldo de operações de comércio exterior; importação cresce 43,6%, e exportação, 13,6%
Importação de máquinas e equipamentos e aquisição de matérias-primas disparam no primeiro quadrimestre do ano
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O superávit da balança comercial encolheu 64,5% nos
primeiros quatro meses deste
ano em comparação com igual
período de 2007, passando de
US$ 12,905 bilhões para US$
4,580 bilhões.
Esse desempenho mostra
uma clara deterioração do saldo das operações de comércio
exterior, em grande parte decorrente da desvalorização do
dólar, que favorece as importações em detrimento das exportações.
Os dados do Ministério do
Desenvolvimento mostram
que, no primeiro quadrimestre,
as operações de importação
atingiram US$ 48,169 bilhões,
correspondente a uma alta de
43,6%. Especificamente em
abril, as aquisições feitas no exterior foram de US$ 12,315 bilhões, 41,9% maiores frente a
abril de 2007.
Na análise das importações
do quadrimestre, os destaques
foram as compras de máquinas
e equipamentos, que aumentaram 44,7%, e as aquisições de
matérias-primas, que ficaram
41% maiores.
As importações de automóveis também continuam em alta. Somente entre janeiro e
abril, as despesas com as compras de veículos fabricados em
outros países atingiram US$
1,351 bilhão, 116,5% maiores
que os US$ 624 milhões gastos
no primeiro quadrimestre de
2007. E a tendência, com a perda de valor do dólar, é de ampliação desse tipo de despesa.
As exportações, que somaram US$ 52,749 bilhões entre
janeiro e abril, exibiram uma
taxa de crescimento bem menos vistosa, de apenas de 13,6%
em relação ao primeiro quadrimestre de 2007. Em abril, as
vendas feitas no exterior foram
de US$ 14,059 bilhões, com alta
de 7,6%.
A despeito de registrarem
menos dinamismo que as importações, as exportações seguem favorecidas pela valorização das commodities. Somente entre os produtos básicos e semimanufaturados houve aumento de 54,5% nos preços dos
embarques de milho, de 36,8%
nos de soja, de 79% nos embarques de ferro-ligas e de 45% nas
cargas de ferro e aço enviadas a
compradores estrangeiros.
Para o secretário de Comércio Exterior do Ministério do
Desenvolvimento, Welber Barral, a tendência é de continuidade da valorização das commodities. Ele mantém para 2008 a previsão de exportação
total de US$ 180 bilhões.
Sobre os efeitos da desvalorização da moeda americana na
venda dos produtos brasileiros
no exterior, Barral disse que a
política industrial que o governo pretende anunciar no próximo dia 12 irá conter medidas de
estímulo aos exportadores. Entre essas medidas, o governo
pode anunciar revisão de tributos e melhores condições de pagamento de crédito tributário
para empresas exportadoras.
Greve dos auditores
A greve dos auditores da Receita Federal não impediu a
continuidade das operações de
importação e exportação, mas
gerou distorção nos números
da balança comercial de abril.
Segundo Welber Barral, os
embarques de produtos e a chegada de cargas importadas foram realizadas, mas várias dessas operações não foram contabilizadas. No lado das exportações, ele disse que não foi feita a
solicitação de despacho de US$
600 milhões da venda de petróleo. Outro US$ 1,2 bilhão em
embarques de soja em grão, farelo de soja e de minério de ferro também deixou de ser registrado no mês passado.
Sobre efeitos nas operações
de importação, ele disse que
atraso no desembaraço de insumos comprados no exterior
afetaram a produção de manufaturados da Zona Franca de
Manaus.
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