São Paulo, domingo, 03 de maio de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Crise agrava déficit de manufaturados

O setor de produtos manufaturados brasileiro foi o mais atingido pela crise econômica, segundo análise do Iedi. O déficit na balança comercial brasileira desses produtos atingiu US$ 17,6 bilhões nos seis primeiros meses desde que a crise afetou o Brasil. De outubro de 2007 a março de 2008, o déficit estava em US$ 9,8 bilhões.
Com a divisão do resultado do comércio exterior do país entre produtos manufaturados e não manufaturados, o Iedi avaliou que o desempenho das manufaturas já vinha se deteriorando antes da crise, trajetória que se agravou em outubro do ano passado.
Segundo o Iedi, a deterioração pré-crise do resultado comercial dos produtos manufaturados foi puxada pela corrosão da competitividade internacional da indústria local por conta da valorização da moeda brasileira, a partir de 2004.
A mudança cambial não foi capaz de neutralizar essa queda na competitividade, afirma o Iedi, em sua análise. A crise piorou o quadro, com a retração da demanda global por produtos manufaturados.
O resultado das exportações de manufaturados entre os meses de outubro e março foi US$ 6,2 bilhões menor que o registrado no mesmo período anterior, de acordo com o Iedi.
Já o efeito da crise nas importações foi o contrário. Mesmo com o câmbio mais desfavorável para as compras externas, as importações no período foram US$ 1,5 bilhão acima do registrado entre outubro de 2007 e março de 2008.
O motivo apontado pelo órgão é que a grande massa de importados é formada por bens de capital e insumos, cujas compras não podem ser cortadas instantaneamente.
Diferente dos manufaturados, produtos básicos da agropecuária, extrativismo mineral e combustíveis tiveram seu saldo comercial ampliado na crise em US$ 4,5 bilhões. Segundo o Iedi, o aumento se explica pela retração em partes iguais das exportações e importações dos produtos, com o bônus da queda no preço do petróleo.

Mercado de seguros muda no Brasil, afirma multinacional

O mercado de seguros no Brasil tem observado mudanças nos últimos meses por conta não apenas da crise mundial mas também de outros motivos, como a abertura do mercado de resseguros em 2007 e a nova atitude do Ministério do Meio Ambiente em reduzir entraves a obras no país.
Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros, diz que a crise provocou a queda nos contratos de seguros de transporte de mercadorias de importações, abaladas pelo câmbio. Por outro lado, os seguros de responsabilidade civil para executivos, chamados D&O, estão em alta com o aumento do receio dos profissionais de serem processados.
Já o posicionamento do Ministério do Meio Ambiente, que reduziu entraves a obras de energia, estimulou a procura por seguros de riscos de engenharia, que envolvem construção e montagem de obras como as de pequenas centrais hidrelétricas e as usinas do rio Madeira, diz Thiermann.
A abertura do mercado de resseguros, que quebrou o monopólio do IRB, permitiu a elaboração de apólices mais complexas. A Allianz está lançando no Brasil um seguro para produções cinematográficas que abrange desde a pré-produção até a pós-produção. Cobre danos a equipamentos, locação, perdas por falta de atores e danos à película. O modelo, diz Thiermann, era inviável no país antes da abertura do resseguro.
"Antes não era possível fazer apólices tão abrangentes como no exterior. Era preciso contratar vários seguros e fazer diversas apólices pequenas." Dos cerca de 80 filmes indicados ao Oscar neste ano, 46 estavam assegurados pelo grupo Allianz.

AOS PÉS
Alexandre Birman, criador da Schutz e vice-presidente do grupo Arezzo, está expandindo a marca de sapatos de luxo que leva seu nome e já distribui em lojas sofisticadas dos Estados Unidos. Birman agora quer entrar na Inglaterra, mas diz que o foco continua sendo o mercado americano, em plena crise. No último Natal, as vendas ficaram abaixo do esperado, mas agora voltaram a reagir. O empresário atribui o recente aquecimento das vendas ao valor de suas peças, criadas para concorrer com os produtos italianos de alto valor agregado. "Um dos nossos pares custa cerca de US$ 500 e compete com o sapato italiano, que custa hoje de US$ 800 a US$ 1.000."

FRANCÊS
François Dossa, presidente do banco Société Générale, é o novo presidente nacional da CCFB (Câmara de Comércio França-Brasil). Para a presidência da Câmara em SP, assume Louis Bazire, presidente do BNP Paribas.

REFORÇADO
O gasto do Metrô com os 246 assentos para obesos nos trens foi de R$ 584 mil.

CALCULADORA
O número de consumidores que já resgataram créditos da Nota Fiscal Paulista atingiu a casa de 1 milhão na semana passada, segundo o governo de São Paulo. O programa, que devolve parte do ICMS recolhido pelo varejo, liberou, desde seu início, em outubro de 2007, mais de R$ 830 milhões em créditos, e R$ 60,3 milhões em prêmios nos cinco sorteios que foram realizados.

TURISTA
A crise afetou com força o setor de turismo mundial, que fechou 2008 com crescimento de apenas 2%, ante os 7% registrados em 2007, segundo estudo da Deloitte. No Brasil, o desempenho dos hotéis no Rio -dependentes do turismo de lazer- conseguiu se manter quase inalterado. O Rio ocupou o 60º lugar no ranking de receita por quarto disponível -Moscou foi o primeiro.

DE OLHO
Mais de 30 gestores de fundos de diversos países se reúnem de 4 a 7 de maio no Alternative Investment Summit 2009, em São Paulo, para debater os melhores canais de investimentos para o próximo ano. O evento receberá uma delegação do governo das Ilhas Virgens Britânicas, umas das maiores fontes de investimentos estrangeiros diretos do mundo atualmente.

DESCONTO
As consequências da redução brusca nos preços em uma recessão são tema de artigo da Bain & Company, que encerra a série "Winning in Turbulence", publicada na "Harvard Business Publishing". Segundo o artigo, as promoções alteram imediatamente o comportamento de consumidores e concorrentes.

VÍCIO
O artigo da Bain ressalta que os descontos contínuos podem viciar empresas e clientes. Oferecer o menor preço hoje com a perspectiva de aumentá-lo no futuro inclui o risco de perder clientes quando o preço subir, segundo o texto. Para a Bain, é fundamental definir uma estratégia antes de cortar os preços dos produtos.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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