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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Crise agrava déficit de manufaturados
O setor de produtos manufaturados brasileiro foi o mais
atingido pela crise econômica,
segundo análise do Iedi. O déficit na balança comercial brasileira desses produtos atingiu
US$ 17,6 bilhões nos seis primeiros meses desde que a crise
afetou o Brasil. De outubro de
2007 a março de 2008, o déficit
estava em US$ 9,8 bilhões.
Com a divisão do resultado
do comércio exterior do país
entre produtos manufaturados
e não manufaturados, o Iedi
avaliou que o desempenho das
manufaturas já vinha se deteriorando antes da crise, trajetória que se agravou em outubro
do ano passado.
Segundo o Iedi, a deterioração pré-crise do resultado comercial dos produtos manufaturados foi puxada pela corrosão da competitividade internacional da indústria local por
conta da valorização da moeda
brasileira, a partir de 2004.
A mudança cambial não foi
capaz de neutralizar essa queda
na competitividade, afirma o
Iedi, em sua análise. A crise piorou o quadro, com a retração da
demanda global por produtos
manufaturados.
O resultado das exportações
de manufaturados entre os meses de outubro e março foi US$
6,2 bilhões menor que o registrado no mesmo período anterior, de acordo com o Iedi.
Já o efeito da crise nas importações foi o contrário. Mesmo com o câmbio mais desfavorável para as compras externas, as importações no período
foram US$ 1,5 bilhão acima do
registrado entre outubro de
2007 e março de 2008.
O motivo apontado pelo órgão é que a grande massa de importados é formada por bens de
capital e insumos, cujas compras não podem ser cortadas
instantaneamente.
Diferente dos manufaturados, produtos básicos da agropecuária, extrativismo mineral
e combustíveis tiveram seu saldo comercial ampliado na crise
em US$ 4,5 bilhões. Segundo o
Iedi, o aumento se explica pela
retração em partes iguais das
exportações e importações dos
produtos, com o bônus da queda no preço do petróleo.
Mercado de seguros muda no Brasil, afirma multinacional
O mercado de seguros no
Brasil tem observado mudanças nos últimos meses por conta não apenas da crise mundial
mas também de outros motivos, como a abertura do mercado de resseguros em 2007 e a
nova atitude do Ministério do
Meio Ambiente em reduzir entraves a obras no país.
Max Thiermann, presidente
da Allianz Seguros, diz que a
crise provocou a queda nos
contratos de seguros de transporte de mercadorias de importações, abaladas pelo câmbio. Por outro lado, os seguros
de responsabilidade civil para
executivos, chamados D&O, estão em alta com o aumento do
receio dos profissionais de serem processados.
Já o posicionamento do Ministério do Meio Ambiente, que
reduziu entraves a obras de
energia, estimulou a procura
por seguros de riscos de engenharia, que envolvem construção e montagem de obras como
as de pequenas centrais hidrelétricas e as usinas do rio Madeira, diz Thiermann.
A abertura do mercado de
resseguros, que quebrou o monopólio do IRB, permitiu a elaboração de apólices mais complexas. A Allianz está lançando
no Brasil um seguro para produções cinematográficas que
abrange desde a pré-produção
até a pós-produção. Cobre danos a equipamentos, locação,
perdas por falta de atores e danos à película. O modelo, diz
Thiermann, era inviável no país
antes da abertura do resseguro.
"Antes não era possível fazer
apólices tão abrangentes como
no exterior. Era preciso contratar vários seguros e fazer diversas apólices pequenas." Dos
cerca de 80 filmes indicados ao
Oscar neste ano, 46 estavam assegurados pelo grupo Allianz.
AOS PÉS
Alexandre Birman, criador da Schutz e vice-presidente do
grupo Arezzo, está expandindo a marca de sapatos de luxo
que leva seu nome e já distribui em lojas sofisticadas dos Estados Unidos. Birman agora quer entrar na Inglaterra, mas
diz que o foco continua sendo o mercado americano, em plena crise. No último Natal, as vendas ficaram abaixo do esperado, mas agora voltaram a reagir. O empresário atribui o
recente aquecimento das vendas ao valor de suas peças, criadas para concorrer com os produtos italianos de alto valor
agregado. "Um dos nossos pares custa cerca de US$ 500 e
compete com o sapato italiano, que custa hoje de US$ 800 a
US$ 1.000."
FRANCÊS
François Dossa, presidente do banco Société Générale, é o novo presidente nacional da CCFB (Câmara de Comércio França-Brasil). Para
a presidência da Câmara em
SP, assume Louis Bazire,
presidente do BNP Paribas.
REFORÇADO
O gasto do Metrô com os
246 assentos para obesos
nos trens foi de R$ 584 mil.
CALCULADORA
O número de consumidores que já resgataram créditos da Nota Fiscal Paulista
atingiu a casa de 1 milhão na
semana passada, segundo o
governo de São Paulo. O programa, que devolve parte do
ICMS recolhido pelo varejo,
liberou, desde seu início, em
outubro de 2007, mais de
R$ 830 milhões em créditos,
e R$ 60,3 milhões em prêmios nos cinco sorteios que
foram realizados.
TURISTA
A crise afetou com força o
setor de turismo mundial,
que fechou 2008 com crescimento de apenas 2%, ante os
7% registrados em 2007, segundo estudo da Deloitte.
No Brasil, o desempenho dos
hotéis no Rio -dependentes
do turismo de lazer- conseguiu se manter quase inalterado. O Rio ocupou o 60º lugar no ranking de receita por
quarto disponível -Moscou
foi o primeiro.
DE OLHO
Mais de 30 gestores de
fundos de diversos países se
reúnem de 4 a 7 de maio no
Alternative Investment
Summit 2009, em São Paulo,
para debater os melhores canais de investimentos para o
próximo ano. O evento receberá uma delegação do governo das Ilhas Virgens Britânicas, umas das maiores
fontes de investimentos estrangeiros diretos do mundo
atualmente.
DESCONTO
As consequências da redução brusca nos preços em
uma recessão são tema de
artigo da Bain & Company,
que encerra a série "Winning in Turbulence", publicada na "Harvard Business
Publishing". Segundo o artigo, as promoções alteram
imediatamente o comportamento de consumidores e
concorrentes.
VÍCIO
O artigo da Bain ressalta
que os descontos contínuos
podem viciar empresas e
clientes. Oferecer o menor
preço hoje com a perspectiva
de aumentá-lo no futuro inclui o risco de perder clientes
quando o preço subir, segundo o texto. Para a Bain, é fundamental definir uma estratégia antes de cortar os preços dos produtos.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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