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LUÍS NASSIF
"Em todo lugar é assim"
Na manifestação coletiva de protesto contra a coluna -por suas críticas a essa
promiscuidade entre mercado e
diretores do BC-, uma afirmação chamou a atenção: a de que
"em todo lugar é assim" -os
países se beneficiarem do supremo desprendimento de técnicos
do mercado se disporem a largar uma remuneração polpuda
para servir à pátria.
A coluna defendeu que, para
um BC autônomo, é necessário
um corpo de funcionários permanentes, que não transformem o BC em trampolim para
suas carreiras. A resposta dos
brilhantes operadores do BC foi
que "em todo lugar é assim"
-recorrer a técnicos do mercado para dirigir o banco.
O que diz o site do BIS, no qual
se encontram os currículos de
todos os dirigentes de BCs de todo o mundo? Onde há autonomia do BC quem o controla é
um conselho de alto nível, que
não se confunde com sua direção executiva. Em praticamente
todos os países relevantes a diretoria executiva é composta por
servidores do Estado ou com
currículo excepcional e sem nenhuma vinculação com o setor
lucrativo do mercado financeiro.
Confira-se e compare-se o currículo desses presidentes do BC
com o de Henrique Meirelles e
seus apóstolos:
a) Sir Edward George, presidente do Banco da Inglaterra, é
funcionário da instituição desde
1962;
b) Ernst Welteke, presidente
do Banco Central da Alemanha,
é servidor do Estado de Hessen
desde 1972;
c) Jean Claude Trichet, do BC
francês, faz parte do quadro dos
Inspecteur des Finances da
França desde 1971;
d) David Dodge, presidente do
BC do Canadá, sempre foi funcionário do governo federal;
e) Arnout Wellink, presidente
do Banco Central da Holanda, é
funcionário do Ministério das
Finanças desde 1977;
f) na Suécia, o conselho geral
do Sveriges Riksbank, com 11
membros, é indicado pelos quatro partidos com representação
parlamentar. Abaixo dele há
uma junta executiva de seis
membros, professores ou servidores;
g) na Suíça, o conselho geral
tem 40 membros que supervisionam a direção executiva presidida por Jean Pierre Roth, funcionário do Banco Nacional da
Suíça desde 1979;
h) no Chile, o presidente do
Banco Central, Carlos Massad,
um servidor do mundo não-competitivo, já era funcionário
do banco em 1964 e também trabalhou na Cepal entre 1974 e
1992.
i) nos EUA, Alan Greenspan
começou a vida como consultor
econômico em 1954 e exerceu a
função até 1987. Nunca foi banqueiro, corretor ou operador de
Bolsa. Seu segundo, o vice-chairman Roger W.Ferguson Jr.,
é um professor de economia desde 1984. Edward M.Gramlich,
membro do board executivo, é
professor desde 1976 e funcionário do birô orçamentário do
Congresso desde 1986. Ben
S.Bernanke, membro do board
executivo, é exclusivamente
professor desde 1985. Donald L.Kohn, membro do board executivo, é funcionário de carreira da própria instituição desde 1970.
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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