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COMÉRCIO
Aumenta o número de pessoas que "limpam o nome" em São Paulo
Há quatro meses, venda a prazo só cai
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Há quatro meses consecutivos o
comércio de São Paulo só acumula queda nas vendas a prazo. Os
dados foram anunciados ontem.
Um cenário como esse não acontece há tempos -a última retração por mais de três meses seguidos ocorreu em 1999, após o governo fixar taxa de juros de 45%
ao ano, o que acabou "travando"
o setor naquela época.
A retração nas vendas parceladas anunciada ontem - 5,3% em
maio, em relação a igual período
de 2002- ocorre após várias quedas apuradas no ano, informa a
ACSP, entidade que representa o
setor em São Paulo.
Houve retração em fevereiro
(-1,3%), em março (-4,2%) e em
abril (-8,5%) em comparação a
igual mês em 2002.
No acumulado de janeiro a
maio, o varejo -são 30 mil lojas
na capital, associadas ao sindicato
dos lojistas- já registra retração
de 3,7% na venda parcelada em
relação a 2002.
Dados da Serasa (Centralização
de Serviços Bancários), anunciados na semana passada, se confirmaram ontem. Cresceu o número
de pessoas interessadas em "limpar" o nome em São Paulo. A Serasa havia notado essa tendência
em uma pesquisa nacional.
Foram cancelados 232,4 mil registros de pessoas em situação de
inadimplência na capital. É o
maior número do ano. A maior
alta ocorre, historicamente, em
dezembro quando o cliente usa o
13º salário para pagar dívida.
A Serasa já mostrou que, de janeiro a abril, de cada cem pessoas
que entraram na lista de endividados no país, 72 conseguiram, no
mesmo período, sair dessa lista.
No primeiro quadrimestre de
2002, o número era de 37.
Quando a comparação sobre
vendas é feita em relação ao mês
anterior (maio contra abril), há
expansão na venda de 16,7%. O
número, no entanto está "comprometido", diz a associação. Essa alta só ocorre porque o resultado em abril foi fraco e, portanto,
na hora de comparar há uma tendência natural para a elevação.
Alberto Serrentino, sócio da
consultoria Gouvêa de Souza &
MD, especialista em varejo, faz
um alerta a respeito desse cenário.
"As lojas praticaram promoções
seguidas e o consumidor já perdeu a percepção de valor dos produtos. O varejo deseducou o consumidor. Na tentativa de limpar
estoque e gerar caixa, o setor caiu
numa "armadilha" e há promoções que já perderam o fôlego",
afirma ele.
Nos EUA, por exemplo, 78%
dos produtos vendidos são itens
que sofreram remarcação, informa ele. Ou seja, de mercadorias
em promoção. Em 1996, esse índice era de 35%. No Brasil não há estatísticas, mas Serrentino acredita
que a taxa tenha crescido de forma considerável nos anos 90.
Além dos dados de venda parcelada, a ACSP apresentou resultados sobre venda à vista. "Se no
passado esses pagamentos "seguravam" o desempenho do setor,
agora isso não acontece mais",
afirma Emílio Alfieri, economista
da associação.
A venda à vista caiu 4,1% em
maio sobre o mesmo mês de 2002.
O cálculo é feiro com base na
consulto de lojistas à ACSP.
Quando a loja vai liberar a venda,
ela consulta o sistema da ACSP
para verificar se o consumidor está inadimplente. Essa consulta é
utilizada como uma forma de
controlar, portanto, o nível de
vendas do setor.
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