São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2004

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SINAIS DE ALÍVIO

Comércio de SP vende mais à vista e ritmo da inadimplência cai; indicadores sugerem expansão mais equilibrada

Retomada do consumo se mantém em maio

Roosevelt Cassio - 10.mar.04/Folha Imagem
Funcionária trabalha na linha de uma fábrica de plásticos; analistas prevêem a continuidade da retomada

MAELI PRADO
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia brasileira dá sinais de que manterá o crescimento registrado no primeiro trimestre do ano. Indicadores do mês de maio mostram continuidade do ritmo de expansão e sugerem que ela será mais equilibrada, com a reação do mercado interno.
O comércio paulistano deu os primeiros sinais de que as vendas de setores que dependem da renda dos trabalhadores começaram a crescer. Em maio, as vendas à vista cresceram 13% em relação a abril, informou a ACSP (Associação Comercial de São Paulo). A alta em relação a 2003 foi de 2,5%.
Foi a primeira reação significativa das vendas à vista. Até abril, setores que dependem diretamente do poder de compra dos trabalhadores, como alimentos e vestuário, registravam resultados negativos. São justamente esses setores, informa a ACSP, que impulsionam as vendas à vista.
Parte da alta é explicada pelo inverno mais rigoroso. "Mas o resultado também mostra que há um início de recuperação do mercado interno, que pode estar ligado a uma pequena recuperação da renda", diz Marcel Solimeo, economista da ACSP.
As vendas de carros, depois do tropeço de abril, também voltaram a crescer em maio. Estimativas apontam para um crescimento de 6,7% em relação a abril e de 15,2% em relação a maio do ano passado. As importações de carros, segundo dados da balança comercial, também cresceram. A alta em maio foi de 44% sobre abril.
"Tanto a produção como as importações de carros são um bom indicador. No caso da produção, porque ela tem fortes encadeamentos no mercado interno. No caso da importação, porque mostra certo aquecimento na demanda", diz Carlos Urso, economista da LCA Consultores.
A arrecadação em São Paulo, informa a Secretaria de Estado da Fazenda, cresceu 4,7% até maio, já descontados os efeitos da inflação. Como a variação do principal tributo, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), está diretamente ligada ao nível de atividade, a melhora pode ser um indicador da continuidade do processo de recuperação.
Carlos Kawall, economista do Citibank, destaca o fato de que há melhora nos indicadores de procura, como as vendas do varejo e da indústria e a confiança dos consumidores. Dados de produção, lembra o economista, podem ser camuflados por acumulação ou desova de estoques.
Ele estima que a economia cresça 0,4% no segundo trimestre, ou seja, uma taxa anualizada equivalente a 1,6%. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, projeta Kawall, o crescimento seria de 4%. "Os dados divulgados até agora apontam para uma demanda melhor e para um crescimento mais equilibrado", diz o economista do Citibank.
A queda da inadimplência, tanto de pessoas físicas como das empresas, é outro sinal positivo. Nos primeiros quatro meses de 2004, informou ontem a Serasa (Centralização de Serviços Bancários), o calote de pessoas jurídicas teve queda de 11,8% em relação ao mesmo período de 2003. "Isso foi possível graças ao aumento de crédito ao setor privado, conseqüência da redução nos juros", afirma o economista da entidade, Marcos Augusto de Abreu.
O número de pessoas que limparam o nome cresceu 11,5% em maio, enquanto a entrada de novos registros de inadimplentes caiu 0,5%. Ou seja, mais pessoas limparam o nome e um número menor entrou para o cadastro de inadimplentes.


Colaborou Fabiana Futema, da Folha Online

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