|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRIBUTOS
Autuações da Receita pelo não-recolhimento da contribuição somam R$ 680 mi até maio, com alta de 135% sobre 2003
Crescem multas a bancos por evasão de CPMF
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A evasão de CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) pelos bancos aumentou consideravelmente neste
ano. Segundo dados obtidos pela
Folha, as autuações realizadas pela Receita Federal contra instituições financeiras pelo não-recolhimento do tributo somaram R$
680 milhões de janeiro a maio de
2004, o que representa crescimento de 135% em relação a igual período de 2003 (R$ 289 milhões).
Somente em cinco meses, o valor das multas neste ano equivaleu a quase 80% de todas as autuações registradas em 2003 (R$ 862
milhões). Mas, ao contrário do
ano passado, o número de autuações caiu. Isto é, menos instituições foram multadas, mas os valores sonegados aumentaram
bastante.
Na avaliação da Receita Federal,
a situação tem se agravado, segundo apurou a Folha.
Embora tenha havido uma diminuição no número de bancos
dispostos a tentar driblar o fisco,
grandes instituições não estariam
dando importância para a marcação cerrada realizada pelo governo, sonegando cada vez mais. No
ano de 2002 inteiro, por exemplo,
foram apenas R$ 280 milhões em
autuações.
Multa em dobro
Preocupado com a situação, o
Ministério da Fazenda decidiu
dobrar as multas aplicadas às instituições financeiras por conta da
evasão da CPMF.
Pela medida provisória da conta-investimento, aprovada em
abril deste ano, a punição poderá
chegar a até 450% do valor do tributo devido. As novas regras entram em vigor em agosto.
Nos primeiros cinco meses do
ano passado, a Receita Federal autuou 39 instituições, contra 10 no
mesmo intervalo de 2004. Somente três instituições (Citibank, Santander e a empresa de leasing do
BankBoston) responderam por
R$ 632 milhões das autuações
neste ano -93% do valor total
das multas aplicadas no período.
A maior multa foi para o Citibank, de R$ 292 milhões, aplicada
em fevereiro. O banco recorreu, e
o caso será julgado agora pela DRJ
(Delegacia da Receita Federal de
Julgamento) de São Paulo.
Em segundo lugar vem o Santander, com R$ 290 milhões. A
instituição também recorreu, mas
a multa foi mantida integralmente pela DRJ. O banco não aceitou
o resultado e levou o caso para o
Conselho de Contribuintes, espécie de segunda instância na esfera
administrativa.
Após essa etapa, ainda há uma
terceira instância, a Câmara Superior de Recursos Fiscais. Outra alternativa para as instituições multadas pela Receita Federal é recorrer à Justiça.
Além do banco, o grupo Santander tem outras duas autuações
de valores altos. Em junho do ano
passado, a Santander DTVM
(Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários) recebeu multa de
R$ 291 milhões, mantida integralmente pela DRJ. O caso agora está
no Conselho de Contribuintes.
Outro lado
A superintendência de relações
com a imprensa do Santander Banespa informou que o banco não
comentaria o assunto porque o
caso se encontra em "discussão
nas esferas administrativas competentes".
Na mesma linha, a assessoria de
imprensa do BankBoston disse
que a instituição não comenta
ações em julgamento pela Justiça.
Segundo a assessoria de imprensa do Citibank, a Receita entendeu que deveria ser recolhida a
CPMF sobre determinado produto oferecido pela instituição a seus
clientes.
O banco avalia, no entanto, que
não é correta a incidência do tributo e que, portanto, não houve
intenção deliberada de não recolhê-lo. A assessoria informa ainda
que a instituição já tomou as medidas cabíveis para o caso.
Texto Anterior: Mídia: UOL lidera audiência de notícias na internet em abril, mostra Ibope Próximo Texto: Saiba mais: Punição maior visa inibir drible na contribuição Índice
|