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TANGO
Investidores estrangeiros criticam nova proposta de reestruturação da dívida
Credor vê perdas em oferta argentina
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
A proposta de reestruturação da
dívida em moratória feita ontem
pelo governo argentino foi mais
criticada pelos credores externos
do que pelos investidores nacionais. Para garantir a adesão que
espera, acima de 70% do total de
credores, o presidente Néstor
Kirchner pretende engajar-se pessoalmente na busca de apoio de
governos dos países ricos.
Os credores estrangeiros detêm
mais de 60% da dívida em "default". Entre os investidores argentinos, estão os fundos de pensão, que possuem 20% dos títulos
em moratória e são responsáveis
pela aposentadoria de 9,5 milhões
de argentinos. De acordo com Luciano Laspina, da MacroVisión,
os novos bônus que estariam destinados aos fundos de pensão têm
prazo de 37 anos e uma taxa fixa
de 5,57%, sem considerar a inflação. "Aceitar esse instrumento
implicaria uma importante perda. Seria um golpe duro nas aposentadorias privadas", afirmou.
Ontem, Kirchner voltou a dizer
que a proposta é definitiva, como
também havia dito a respeito da
proposta de Dubai, que acabou
sendo substituída. "Não haverá
repescagem. A proposta está dentro de nossas possibilidades."
A nova oferta do governo mantém o desconto de 75% sobre o
valor nominal da dívida, de US$
81 bilhões, mas aceita incluir os
juros, com variações que dependem do número de adesões.
Ontem, o principal título argentino negociado no exterior, o Global 2008, sofreu uma desvalorização de US$ 0,35. A queda foi provocada pela reação dos credores
estrangeiros, de acordo com o jornal "Financial Times".
Ridículo
Hans Hume, diretor do Comitê
Global, que reúne investidores
com cerca de US$ 37 bilhões em
títulos argentinos, qualificou a
proposta de "ridícula". Para ele, a
condução do tema pelo governo,
que considera unilateral, é inaceitável. "A proposta é mais generosa do que a anterior, mas vai ser
difícil conseguir uma participação
massiva, porque estão pedindo
que aceitem uma perda enorme",
disse ao "FT" Richard Segal, da
corretora Exotix, de Londres.
Os credores argentinos disseram que ainda não estão satisfeitos com a proposta, mas destacaram o fato de que houve melhora.
O diretor da Associação de Investidores da República Argentina
(AARA), Carlos Baéz Silva, acha
que a oferta "é um símbolo de
amadurecimento do governo por
incluir os juros". Ele destacou, porém, ao jornal "Clarín", que a proposta não leva em conta as pessoas, mas grandes investidores.
"Os idosos não podem esperar 42
anos para receber", afirmou.
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