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Sob temor de fracasso, Varig adia leilão
Juiz atende a pedido da companhia, que temia que não aparecesse comprador e que venda fosse realizada a "preço vil"
Operação, que seria
realizada na segunda, fica
para o dia 8; indefinições
jurídicas assustam
potenciais compradores
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O leilão de venda da Varig foi
adiado de segunda-feira para o
dia 8. O juiz Paulo Roberto Fragoso, que auxilia a 8ª Vara Empresarial no processo de recuperação da companhia, atendeu o pedido da Varig com o objetivo de conseguir um preço
maior no leilão.
De acordo com o que a Folha
apurou, a expectativa era que
não aparecesse comprador caso a data fosse mantida. Havia
também o temor de que a companhia fosse vendida a "preço
vil" porque as propostas não
estariam de acordo com o patamar de preço definido pela Varig. Riscos elevados, indefinições jurídicas e a obrigação de
adiantar recursos para a empresa reduziram o apetite dos
investidores.
Em nota, o Tribunal de Justiça afirma que a companhia ganhou mais tempo para estudar
as propostas apresentadas até
agora. Segundo Marcelo Gomes, diretor da Alvarez & Marsal, que atua como reestruturadora da Varig, o pedido de adiamento partiu dos próprios investidores. "Os investidores solicitaram um prazo adicional
para analisar todas as informações. Além disso, o leilão seria
feito após dois dias sem funcionamento bancário e seria difícil estruturar a operação."
Segundo o juiz Fragoso, a Varig tem fôlego para aguardar
até o dia 8. "Entendi que esse
pedido era extremamente conveniente porque é a possibilidade de atrair novos investidores e conseguir um preço
maior", disse.
De acordo com Gomes, a
companhia acertou alongamento de prazos com seus
principais fornecedores, com
destaque para a BR. "Conseguimos recursos de fornecedores
correntes, e o prazo é de apenas
três dias", disse.
Tempo
Com o avanço da crise, a frota
da Varig hoje é de 60 aeronaves.
Desse total, 46 estão em operação. Segundo Rodrigo Marocco,
do TGV (Trabalhadores do
Grupo Varig), o adiamento foi
benéfico para a companhia.
"Tem muito atropelo, o investidor precisa de tempo para avaliar a situação da empresa. Se o
leilão fosse levado adiante, a
empresa poderia ser vendida a
qualquer preço ou a falência
poderia ser decretada", disse.
O edital de leilão da Varig
prevê um aporte de US$ 75 milhões três dias após a venda da
companhia, antes mesmo que o
vencedor obtenha a autorização da Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil). Caso o comprador não consiga cumprir os
requisitos da Anac, o segundo
colocado pode ser convocado.
Apesar das incertezas sobre a
forma de realização do leilão, o
consórcio Aero-LB (liderado
pela TAP), a Gol, a TAM e a
OceanAir entraram no data
room para acessar as informações da empresa. Participam da
disputa também o escritório de
advocacia Ulhôa Canto, Rezende e Guerra, que representa um
fundo de investimentos que
atua no Reino Unido e nos Estados Unidos, e a Amadeus, empresa de reserva de passagens,
que já pegou o manual de diligência (conjunto de normas e
procedimentos do leilão).
Os investidores poderão escolher entre dois modelos de
venda da companhia. No primeiro, será ofertada a Varig
Operações, que reúne linhas
domésticas e internacionais,
com lance mínimo de US$ 860
milhões. Entre os investidores,
há consenso de que esse valor
dificilmente será alcançado. A
outra hipótese de venda prevê a
oferta da Varig Regional, que
reúne as linhas domésticas da
companhia por US$ 700 milhões. Nos dois casos, a parcela
ofertada é isenta de dívidas.
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