São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2008

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Sem greve, balança tem em maio melhor saldo do ano

Exportações e importações batem recorde, e superávit no mês vai a US$ 4,08 bi

Resultado também é influenciado pela melhora na receita com commodities; no ano, saldo é de US$ 8,66 bi, queda de 47% sobre 2007


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do ritmo menor na expansão das exportações de produtos industrializados, os altos preços dos produtos básicos no mercado internacional impulsionaram o superávit comercial no mês passado, que atingiu US$ 4,08 bilhões, o maior do ano. Até maio, as vendas de básicos cresceram 35,4%, contra 22,3% das de semimanufaturados e só 13,2% das de manufaturados.
Nos primeiros cinco meses deste ano, o Brasil exportou US$ 72,05 bilhões e importou US$ 63,4 bilhões, o que resultou num superávit de US$ 8,66 bilhões -queda de 47,3% em comparação com o mesmo período de 2007.
Isoladamente, maio apresentou recordes históricos, tanto nas exportações (US$ 19,31 bilhões) quanto nas importações (US$ 15,23 bilhões).
Tais valores, porém, foram muito influenciados pelo fim da greve da Receita Federal, no dia 12, e pelos registros tardios de vendas feitas pela Petrobras após a reativação da unidade de Paulínia (SP). As vendas de petróleo bruto cresceram 274,4% (US$ 1,9 bilhão) em maio.
Os valores de exportação das commodities agrícolas também apresentaram crescimento no mês passado com o início dos embarques da safra atual. A greve da Receita não influenciou tanto o comportamento das commodities. As exportações de soja subiram 147,8% (US$ 1,9 bilhão), e as de farelo de soja, 130,1% (US$ 613 milhões) somente no mês passado, por exemplo.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, as exportações seguem bom ritmo e demonstram a diversidade da pauta brasileira. "A balança é resultado de um conjunto de produtos. O importante para o Brasil é ter uma pauta diversificada", disse.
As importações, que subiram 71% em maio e detêm crescimento de 49,2% no ano, refletiriam investimentos de empresas brasileiras, segundo Barral. O secretário leva em conta a elevação de 47,6% nas compras de bens de capital e de 44,9% nas de matérias-primas para chegar a essa conclusão.
Por outro lado, a importação de bens de consumo fechou os cinco primeiros meses em US$ 7,98 bilhões, com crescimento de 40,5% em comparação com janeiro a maio de 2007.
"Só crescem as commodities porque vem aumentando o preço. Enquanto houver preços em alta, tudo bem. Mas, depois, se houver queda no preço, vai ser um desastre", avaliou o presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior), Roberto Segatto.

Preço de alimentos
A crise mundial de preços de alimentos, provocada pelo maior consumo em emergentes e por desastres naturais em alguns produtores tradicionais, também auxiliou a balança.
A soja embarcou com preço 56% superior ao dos primeiros cinco meses do ano passado. O minério de ferro teve preço 40% maior, o farelo de soja, 57%, a celulose, 23%, e semimanufaturados de ferro e aço, como as ligas, por exemplo, 20%. Somente o petróleo saiu por um preço 82% maior.


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