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Governo brasileiro quer usar poder de retaliação para negociar Rodada Doha
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro deve
usar a retaliação obtida na
OMC (Organização Mundial de
Comércio) contra os EUA no
algodão, cujo valor ainda será
calculado pelo órgão, como
uma carta na manga nas etapas
finais de negociação da Rodada
Doha de liberalização de comércio. A avaliação foi feita ontem pelo secretário de Comércio Exterior, Welber Barral.
"Essa decisão [sobre retaliar
os EUA] vai acontecer em julho, dependendo do que acontecer em Doha. Todos os esforços da equipe de negociadores
do Itamaraty estão na rodada."
Não é a primeira vez que o
Brasil age dessa maneira.
Quando a OMC concluiu que os
EUA infringiam as normas internacionais de comércio no algodão, o Itamaraty preferiu esperar a nova lei agrícola norte-americana, que trouxe incentivos reformulados. Na decisão
de ontem, a OMC concluiu que
mesmo essas mudanças, chamadas de Step 2 nos EUA, contrariam as regras. "O Brasil vai
exigir todos os direitos que puder invocar perante organismos internacionais", disse.
Com a decisão da OMC a seu
favor, o Brasil pode jogar mais
forte nas negociações de Doha
para que os Estados Unidos reduzam os subsídios agrícolas, já
que o órgão responsável pelo
julgamento concorda com as
avaliações brasileiras de que a
ajuda estatal coloca os agricultores norte-americanos em posição mais competitiva.
Em nota, o Ministério das
Relações Exteriores informou
que recebeu o resultado do painel "com grande satisfação".
Agora, um painel da OMC calculará o valor da eventual retaliação. A idéia do Itamaraty era
utilizar de forma inédita a retaliação cruzada, em direitos autorais, por exemplo, mas a lei
que institui o mecanismo está
parada no Congresso.
"O governo brasileiro espera
que os EUA efetuem as modificações em sua legislação que
possam dar cumprimento imediato às determinações do órgão de apelação", diz a nota do
Itamaraty.
(IURI DANTAS)
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