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Alta nas commodities garante recorde comercial
No 1º semestre, exportações sobem 20%, importações crescem 26%, e saldo, 5,7%
Analista vê fator China no aumento das vendas externas; governo aponta para empresas mais voltadas ao exterior
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A despeito do dólar baixo, as
exportações superaram as expectativas no primeiro semestre. Nos seis meses, as vendas
externas aumentaram 19,9%
na comparação com igual período de 2006, acima da previsão oficial de 10,9%. O incremento permitiu a expansão de
5,7% do saldo comercial, que
atingiu a marca histórica de
US$ 20,7 bilhões. Nas importações, houve elevação de 26,6%,
liderada pela compra de veículos e outros bens de consumo.
De janeiro a junho, o país exportou US$ 73,2 bilhões. Ao
mesmo tempo, importou US$
52,5 bilhões. Os números surpreenderam o Ministério do
Desenvolvimento. O secretário
de Comércio Exterior, Armando Meziat, diz que surpreendeu
até os mais otimistas.
A "surpresa" foi gerada principalmente pela alta no preço
das commodities (com preços
internacionais). Esse segmento
-que tem produtos como soja,
carne e açúcar- responde por
cerca de 65% da pauta exportadora. O preço do álcool, por
exemplo, aumentou 16,2%. A
carne de frango teve alta de
17,4%, e o óleo de soja, 39,6%.
Em relatório, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) atribuiu
essa elevação ao "supercrescimento" da economia chinesa.
Além do país asiático, diz o texto, o desempenho da economia
mundial elevou fortemente os
preços das commodities.
"Esses preços explicam o
nosso forte resultado. Enquanto o consumo chinês estiver
forte, a balança brasileira estará forte", reforça o vice-presidente da AEB (Associação de
Comércio Exterior), José Augusto de Castro. Para ele, preços em alta compensaram a
perda de competitividade dos
produtos brasileiros gerada pelo dólar baixo -que encarecem
os produtos no exterior.
A avaliação não é compartilhada integralmente pelo secretário de Comércio Exterior.
Para Meziat, as exportações
têm crescido porque o empresário nacional mudou os planos
para o comércio exterior. "Exportar deixou de ser uma oportunidade, passou a ser uma estratégia. Além disso, temos
mais produtividade, tecnologia
e diversificamos mercados."
Ele reforça a avaliação ao
lembrar que de janeiro a maio o
volume de produtos embarcados aumentou 10,9%. Já o preço médio desses itens teve alta
menor, de 9,4%.
Importações
Nas importações, o maior
destaque é a compra de bens de
consumo, que cresceu 34,3%.
Nesse segmento, lideram os
não-duráveis como alimentos,
bebidas, presentes, roupas e
produtos de higiene e beleza. A
proximidade do Natal e a perspectiva de aumento dessas importações não preocupam o secretário. "As quinquilharias são
baratinhas", diz ele.
O economista-chefe da MB
Associados, Sérgio Vale, avalia
que o aumento da presença de
produtos importados no mercado ainda não preocupa. "Isso
é efeito do crescimento da economia", diz. Ele argumenta
ainda que a presença dos bens
de consumo na pauta de importações é baixa, de 13,3%.
Além disso, Vale observa que
a entrada desses produtos pode
ajudar no controle de preços
mesmo com o aumento da demanda interna. Isso, diz ele,
ajuda a política monetária, como destacou a mais recente ata
do Copom (Comitê de Política
Monetária do Banco Central).
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