São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Alta nas commodities garante recorde comercial

No 1º semestre, exportações sobem 20%, importações crescem 26%, e saldo, 5,7%

Analista vê fator China no aumento das vendas externas; governo aponta para empresas mais voltadas ao exterior

FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A despeito do dólar baixo, as exportações superaram as expectativas no primeiro semestre. Nos seis meses, as vendas externas aumentaram 19,9% na comparação com igual período de 2006, acima da previsão oficial de 10,9%. O incremento permitiu a expansão de 5,7% do saldo comercial, que atingiu a marca histórica de US$ 20,7 bilhões. Nas importações, houve elevação de 26,6%, liderada pela compra de veículos e outros bens de consumo.
De janeiro a junho, o país exportou US$ 73,2 bilhões. Ao mesmo tempo, importou US$ 52,5 bilhões. Os números surpreenderam o Ministério do Desenvolvimento. O secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, diz que surpreendeu até os mais otimistas.
A "surpresa" foi gerada principalmente pela alta no preço das commodities (com preços internacionais). Esse segmento -que tem produtos como soja, carne e açúcar- responde por cerca de 65% da pauta exportadora. O preço do álcool, por exemplo, aumentou 16,2%. A carne de frango teve alta de 17,4%, e o óleo de soja, 39,6%.
Em relatório, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) atribuiu essa elevação ao "supercrescimento" da economia chinesa. Além do país asiático, diz o texto, o desempenho da economia mundial elevou fortemente os preços das commodities.
"Esses preços explicam o nosso forte resultado. Enquanto o consumo chinês estiver forte, a balança brasileira estará forte", reforça o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior), José Augusto de Castro. Para ele, preços em alta compensaram a perda de competitividade dos produtos brasileiros gerada pelo dólar baixo -que encarecem os produtos no exterior.
A avaliação não é compartilhada integralmente pelo secretário de Comércio Exterior. Para Meziat, as exportações têm crescido porque o empresário nacional mudou os planos para o comércio exterior. "Exportar deixou de ser uma oportunidade, passou a ser uma estratégia. Além disso, temos mais produtividade, tecnologia e diversificamos mercados."
Ele reforça a avaliação ao lembrar que de janeiro a maio o volume de produtos embarcados aumentou 10,9%. Já o preço médio desses itens teve alta menor, de 9,4%.

Importações
Nas importações, o maior destaque é a compra de bens de consumo, que cresceu 34,3%. Nesse segmento, lideram os não-duráveis como alimentos, bebidas, presentes, roupas e produtos de higiene e beleza. A proximidade do Natal e a perspectiva de aumento dessas importações não preocupam o secretário. "As quinquilharias são baratinhas", diz ele.
O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, avalia que o aumento da presença de produtos importados no mercado ainda não preocupa. "Isso é efeito do crescimento da economia", diz. Ele argumenta ainda que a presença dos bens de consumo na pauta de importações é baixa, de 13,3%.
Além disso, Vale observa que a entrada desses produtos pode ajudar no controle de preços mesmo com o aumento da demanda interna. Isso, diz ele, ajuda a política monetária, como destacou a mais recente ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central).


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