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SETOR ELÉTRICO
Acordo de R$ 1 bi deve sair nesta semana
Eletropaulo acerta dívida com Light/Par
MAURO ARBEX
da Reportagem Local
O governo de São Paulo está
prestes a solucionar uma briga de
quase duas décadas com o governo
federal.
A Eletropaulo, maior distribuidora de energia elétrica do país e
que pode ser privatizada ainda este
ano, e a Light/Par, empresa controlada pela Eletrobrás, podem assinar nesta semana acordo para o
pagamento de uma dívida da estatal paulista com a empresa federal
do início da década de 80.
A divergência entre as empresas
em relação à forma de correção
dessa dívida, que levou a uma longa negociação, teria sido finalmente contornada.
Segundo o secretário de Energia
de São Paulo, David Zylbersztajn,
chegou-se a um valor em torno de
R$ 1 bilhão, um meio-termo, conforme ele, em relação ao calculado
pelas partes envolvidas.
"Não há mais problemas técnicos. Falta apenas o aval do presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio. Esperamos poder assinar o
acordo durante esta semana", afirmou à Folha na sexta-feira o secretário de Energia.
Divisão da Light
A dívida da Eletropaulo surgiu
quando a antiga Light, que distribuía energia no mercados paulista
e carioca, foi dividida, em 1981. Os
ativos que a Light possuía em São
Paulo -como subestações de
energia, terrenos e móveis- constituíram, na ocasião, a Eletropaulo. O governo paulista, porém, não
fez na época qualquer desembolso
na operação.
Em compensação, garantiu à
Light uma participação acionária
na Eletropaulo, por meio de ações
preferenciais (sem direito a voto).
A Light ficou também com créditos a receber junto à Eletropaulo
de cerca de US$ 400 milhões.
Esses direitos foram transferidos
no começo do ano passado à
Light/Par, que surgiu com a cisão
da Light em duas empresas. Com a
operação, a parte saudável da
Light -a Light/Rio- pôde ser
privatizada.
Dividendos
As ações preferenciais davam direito à Light de receber dividendos
anuais mínimos mesmo que a Eletropaulo desse prejuízo, apurou a
Folha. Esses dividendos, porém,
não chegaram a ser pagos integralmente pela Eletropaulo em diversos anos. Com isso, a dívida não
parou de crescer.
Em 1993, o governo paulista rejeitou pagar à Light US$ 800 milhões, por considerar que o cálculo
estava superestimado.
Zylbersztajn afirma que "o
acordo a ser assinado é bom para
as duas partes. Para a Eletropaulo,
significa eliminar um passivo duvidoso e que poderia gerar incerteza para o investidor interessado na
compra da empresa". O secretário
preferiu, porém, não detalhar de
que forma será feito o acerto com a
Light/Par, "para não atrapalhar as
negociações finais".
Conversão em ações
Uma das alternativas prováveis,
de acordo com Sérvulo Lima, analista do setor de energia elétrica do
banco Bozano, Simonsen, é que o
acordo seja feito via conversão
desses créditos da Light/Par em
ações da Eletropaulo. "Com isso,
a Light/Par garantiria uma participação ainda maior no capital de
uma das empresas de energia do
país que deve atrair o maior interesse do capital privado."
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