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AMARGO REGRESSO
Emprego e indústria começam a estagnar; temor de "duplo mergulho" na recessão abala breve euforia na Bolsa
Nova onda recessiva ameaça EUA e Bolsas
DA REDAÇÃO
Quatro dias seguidos de más
notícias sobre a economia real deram cabo dos dias de euforia nas
Bolsas americanas. Em julho, a
maior economia do planeta criou
apenas 6.000 empregos, revelou
ontem o governo dos EUA. O desemprego ficou estável, em 5,9%.
Na terça, soube-se que a confiança do consumidor caíra. Na
quarta, revelou-se que o PIB do
ano passado e o do primeiro trimestre foram revisados para baixo. A atividade econômica do segundo trimestre cresceu à metade
do ritmo esperado, e os gastos dos
consumidores caíram tanto como
quando os EUA foram abalados
pelos atentados terroristas de setembro de 2001. Na quinta-feira,
foi anunciado que a indústria
americana praticamente parou de
crescer. O "double dip", um novo
mergulho da economia americana na recessão, deixou de ser hipótese acadêmica para se tornar
uma ameaça real.
"É o medo de uma recessão de
duplo mergulho", disse o analista
Arnie Owen, da Roth Capital
Partner, ao comentar a nova rodada de quedas em Wall Street.
Bolsa cai na real
O índice Dow Jones da Bolsa de
Nova York, que indica a variação
média do preço das ações das 30
principais empresas dos EUA,
caiu ontem 2,27%. No acumulado
da semana, o índice registrou um
ligeiro avanço de 0,6%.
"Os investidores apenas ligaram
os pontos", afirmou ontem Erick
Maronak, diretor de pesquisa da
corretora NewBridge Partners.
"Nos últimos três dias, só tivemos
notícias econômicas negativas."
"Vimos provas de que as coisas
não estão bem como imaginávamos", disse Jay Mueller, administrador de fundos de investimentos da Strong Capital Management. "A retomada parece um
pouco mais lenta agora."
O índice composto da Nasdaq,
Bolsa que concentra ações de empresas de ponta, recuou 2,51% e
encerrou a semana com queda de
1,1%. O índice Standard & Poor's
500, das 500 maiores empresas do
país, perdeu 2,31% ontem, mas
avançou 1,3% na semana.
"Até recentemente, os números
econômicos indicavam que o colapso nas Bolsas não havia contagiado a economia real. Parece que
não é mais bem assim", disse Joel
Naroff, presidente da Naroff Economic Advisers.
Emprego
Analistas estimavam que seriam
criados entre 50 mil e 80 mil novos empregos em julho. A média
de horas semanais de trabalho recuou 0,3%, um outro sinal de atividade estagnada. Na indústria, o
recuo foi de 0,4%.
Segundo o Departamento de
Comércio, as encomendas às fábricas caíram 2,4% em junho.
Na quarta-feira, o Departamento de Comércio informara que o
PIB (Produto Interno Bruto) do
país cresceu a um ritmo anualizado de apenas 1,1% no segundo trimestre, metade do que esperavam os analistas econômicos e
bem abaixo dos 5% cravados nos
três primeiros meses do ano.
Nos primeiros meses do ano, as
Bolsas mantinham-se em níveis
elevados, e os analistas eram quase unânimes quanto à perspectiva
de uma aceleração econômica ao
logo do ano, encerrando o ciclo
recessivo iniciado em março do
ano passado.
Juros menores
O Goldman Sachs divulgou um
relatório ontem em que prevê que
a taxa anual de juros cairá para 1%
até o final do ano. Em sua análise
anterior, o banco de investimentos apontava para a manutenção
do juro em 1,75% neste ano.
Para o banco, não deverá ocorrer uma nova contração econômica, mas o Federal Reserve
(banco central dos EUA) teria se
mostrado surpreso recentemente
com a fraqueza na atividade.
"Sem dúvida as autoridades do
Fed compartilham de nossa opinião de que não haverá um duplo
mergulho, mas achamos que eles
vão querer se assegurar de que isso não ocorra", diz o relatório.
Com agências internacionais
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