São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMARGO REGRESSO

Emprego e indústria começam a estagnar; temor de "duplo mergulho" na recessão abala breve euforia na Bolsa

Nova onda recessiva ameaça EUA e Bolsas

DA REDAÇÃO

Quatro dias seguidos de más notícias sobre a economia real deram cabo dos dias de euforia nas Bolsas americanas. Em julho, a maior economia do planeta criou apenas 6.000 empregos, revelou ontem o governo dos EUA. O desemprego ficou estável, em 5,9%.
Na terça, soube-se que a confiança do consumidor caíra. Na quarta, revelou-se que o PIB do ano passado e o do primeiro trimestre foram revisados para baixo. A atividade econômica do segundo trimestre cresceu à metade do ritmo esperado, e os gastos dos consumidores caíram tanto como quando os EUA foram abalados pelos atentados terroristas de setembro de 2001. Na quinta-feira, foi anunciado que a indústria americana praticamente parou de crescer. O "double dip", um novo mergulho da economia americana na recessão, deixou de ser hipótese acadêmica para se tornar uma ameaça real.
"É o medo de uma recessão de duplo mergulho", disse o analista Arnie Owen, da Roth Capital Partner, ao comentar a nova rodada de quedas em Wall Street.

Bolsa cai na real
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York, que indica a variação média do preço das ações das 30 principais empresas dos EUA, caiu ontem 2,27%. No acumulado da semana, o índice registrou um ligeiro avanço de 0,6%.
"Os investidores apenas ligaram os pontos", afirmou ontem Erick Maronak, diretor de pesquisa da corretora NewBridge Partners. "Nos últimos três dias, só tivemos notícias econômicas negativas."
"Vimos provas de que as coisas não estão bem como imaginávamos", disse Jay Mueller, administrador de fundos de investimentos da Strong Capital Management. "A retomada parece um pouco mais lenta agora."
O índice composto da Nasdaq, Bolsa que concentra ações de empresas de ponta, recuou 2,51% e encerrou a semana com queda de 1,1%. O índice Standard & Poor's 500, das 500 maiores empresas do país, perdeu 2,31% ontem, mas avançou 1,3% na semana.
"Até recentemente, os números econômicos indicavam que o colapso nas Bolsas não havia contagiado a economia real. Parece que não é mais bem assim", disse Joel Naroff, presidente da Naroff Economic Advisers.

Emprego
Analistas estimavam que seriam criados entre 50 mil e 80 mil novos empregos em julho. A média de horas semanais de trabalho recuou 0,3%, um outro sinal de atividade estagnada. Na indústria, o recuo foi de 0,4%.
Segundo o Departamento de Comércio, as encomendas às fábricas caíram 2,4% em junho.
Na quarta-feira, o Departamento de Comércio informara que o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu a um ritmo anualizado de apenas 1,1% no segundo trimestre, metade do que esperavam os analistas econômicos e bem abaixo dos 5% cravados nos três primeiros meses do ano.
Nos primeiros meses do ano, as Bolsas mantinham-se em níveis elevados, e os analistas eram quase unânimes quanto à perspectiva de uma aceleração econômica ao logo do ano, encerrando o ciclo recessivo iniciado em março do ano passado.

Juros menores
O Goldman Sachs divulgou um relatório ontem em que prevê que a taxa anual de juros cairá para 1% até o final do ano. Em sua análise anterior, o banco de investimentos apontava para a manutenção do juro em 1,75% neste ano.
Para o banco, não deverá ocorrer uma nova contração econômica, mas o Federal Reserve (banco central dos EUA) teria se mostrado surpreso recentemente com a fraqueza na atividade. "Sem dúvida as autoridades do Fed compartilham de nossa opinião de que não haverá um duplo mergulho, mas achamos que eles vão querer se assegurar de que isso não ocorra", diz o relatório.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Bancos deverão pagar multa de US$ 10 milhões
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.