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Caça a clientes prejudica resultado das teles
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os balanços das empresas de telefonia celular mostram o quanto
tem pesado em suas contas a declarada guerra na caça a clientes.
O calote aumentou neste ano, e o
troca-troca de consumidores entre operadoras fez pressionar a
chamada taxa de desligamento de
linhas -que não cede em certas
empresas. Além disso, não param
de crescer os subsídios dos grupos
dados aos consumidores, que hoje compram aparelhos por preços
bem inferiores.
A estratégia não tem nada de
suicida. "É parte do risco calculado de aumentar a base de clientes
queimando margem para, depois,
com consumidores cativos num
mercado mais estável, recuperar a
perda", diz Roger Oey, analista do
Banif Investment Banking.
Na Telesp Celular Participações,
a maior empresa da Vivo, a provisão para devedores duvidosos
quase dobrou em relação ao ano
passado. Passou de R$ 45 milhões
no segundo trimestre de 2004 para R$ 88,5 milhões em igual intervalo deste ano, alta de 96,7%. Isso
constituiu perda de crédito -dinheiro que não vai entrar no caixa
por inadimplência. Em relação ao
primeiro trimestre, o volume
cresceu 67,3%.
A Vivo é a maior operadora de
celular do país, com 29 milhões de
clientes. A Claro é a segunda, com
16,2 milhões, segundo dados do
balanço da controladora mexicana, a America Movil.
Na concorrente TIM Participações, a terceira maior do setor, ao
final de junho de 2004, a provisão
atingiu R$ 36,3 milhões. Passou
para R$ 62,8 milhões ao final do
segundo trimestre deste ano, sendo valores "com prováveis chances de perda", diz a companhia.
Foi na operadora Oi, da Telemar, que essa taxa caiu, principalmente por causa de uma ação pesada da empresa de renegociação
de dívidas com clientes. A provisão para devedores, que representou 2,3% da receita bruta da empresa no segundo trimestre de
2004 (R$ 16 milhões), passou para
1,2% em igual período deste ano
(R$ 10,6 milhões).
Segundo os consultores de investimentos, o aumento no calote
tende a pressionar para cima a taxa de desligamento de linhas nas
companhias, como a Oi. Essa taxa
não cedeu de forma considerável
na Telesp Participações. Durante
todo o ano, esse nível de "quebra"
de linhas atinge o mesmo ritmo
verificado no ano passado.
Retenção
Pelos dados dos balanços na Telesp, a taxa média de desligamento mensal de aparelhos de abril a
junho atingiu 1,5% da base total
de clientes, contra 1,6% em igual
período de 2004. A companhia interpreta o dado como positivo e
disse que é resultado de uma forte
campanha de retenção de cliente.
Na Oi, 448 mil pessoas desligaram seus celulares de abril a junho, ou 5,8% da base ativa. A taxa
era de 4,6% nos três primeiros
meses do ano. "Cabe ressaltar que
as fortes vendas do período de
Natal têm impacto nas desconexões de 150 dias a 180 dias após o
pico de vendas", relata o grupo
em seu balancete de junho.
Na avaliação de Oey, os custos
das empresas vão se manter pressionados nesse cenário, com inadimplência alta no pós-pago basicamente e subsídios ainda em
crescimento (na TIM, por exemplo, o custo das vendas de celulares no segundo trimestre foi de R$
158,2 milhões, superior aos R$ 137
milhões em igual intervalo do ano
passado).
"Mas todo mundo nesse setor
tem fôlego para manter-se no vermelho por algum tempo ainda,
até a taxa de penetração de celulares crescer", diz Oey.
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