São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Nova marca quer mudar setor de brinquedo

Empresários da indústria e do varejo criam empresa para tentar conter "mercado paralelo", que tem hoje 40% das vendas

Modelo de gestão busca gerar mais economia para baratear os produtos, nacionais e importados, e fazer frente a concorrentes

Filipe Redondo/Folha Imagem
Deborah Satyro e o novo Ferrorama, lançado pela New Toys


JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de brinquedos está ganhando um novo concorrente. Dentro de 20 dias, a New Toys começará sua operação no Brasil. Fundada como uma sociedade anônima, a companhia pertence a um grupo de empresários brasileiros do próprio setor.
Esse grupo se juntou para tentar reverter o que chama de ataque da "concorrência desleal" -praticada por quem vende produtos falsificados ou não recolhe impostos. Estima-se que esse mercado paralelo tome 40% das vendas formais.
À frente da New Toys estará Deborah Satyro, ex-diretora comercial da Warner Bros. no Brasil. Ela comandará os negócios da empresa, que tem como conselheiros Carlos Tilkian, um dos principais acionistas da fabricante Estrela, e Ricardo Sayon e Moise Candi, sócios das redes Ri Happy e Candide, respectivamente. "Eles não são os donos", garante Satyro.
Parece uma fusão, mas não é. A inovação da New Toys está em se aliar à concorrência para manter sua operação -tanto na produção quanto na sua distribuição e na venda.
Embora boa parte dos 21 produtos de seu catálogo seja importada, a New Toys irá contratar fabricantes nacionais para a produção de brinquedos. Também estabelecerá acordos para relançar sucessos de outras marcas. É o que aconteceu com o Ferrorama.
Sucesso de vendas da Estrela no passado, o brinquedo voltará às lojas agora pela New Toys. A idéia foi turbiná-lo tecnologicamente para ampliar as vendas do que se chama "mercado de tecnologia embarcada". Dele fazem parte os brinquedos que têm componentes eletrônicos e até inteligência artificial.
Para ter idéia do que isso significa, o controle da locomotiva e dos vagões do Ferrorama é feito a partir de sofisticados comandos de infravermelho. O sistema permite engatar e desengatar vagões, acionar a marcha à ré e acionar apitos. Detalhe: a locomotiva expele fumaça a partir de um óleo vegetal.
"Nossas pesquisas mostram que as crianças de hoje querem ser surpreendidas por brinquedos desse tipo," afirma Satyro, que ainda mantém sob sigilo o carro-chefe da marca no país.
A Estrela participará dos resultados das vendas bem como qualquer outro concorrente que trabalhar com a New Toys. Para isso, eles terão de obedecer aos padrões de qualidade e de sigilo exigidos pela companhia. "Temos critérios que vão desde as práticas de boa governança até o controle minucioso do acabamento dos brinquedos", afirma Satyro.
Como não terá custos fixos elevados para manter um parque industrial, a New Toys espera ter uma operação econômica. Por isso, o preço final dos produtos pode ser menor.
A Folha apurou que esse modelo de negócio espera operar com preços até 10% menores que os praticados pela concorrência. "Esse sistema servirá de modelo para o setor", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos).
As previsões iniciais da New Toys são otimistas. Em quatro anos, a empresa espera faturar anualmente R$ 200 milhões e se tornar uma das maiores do ramo. Para chegar lá, a companhia terá de superar alguns obstáculos. Um deles é o da concorrência que chama de "desleal". Para isso, diz que apertará as margens de lucro -hoje a média é de 22%.
Além disso, a nova empresa deverá renovar seus produtos com mais rapidez, o que dificulta a ação de falsificadores. Também terá de lançar mais produtos de alta tecnologia, um segmento onde a pirataria não costuma chegar.
Tudo isso, tentando reduzir a taxa de importação. "Acima de 30% do total, a indústria local fica debilitada", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq. O problema é que com dólar baixo, esse índice tende a ser maior.


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