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PREÇOS
Fornecedores não conseguem repassar alta do dólar em insumos importados; varejo recusa reajuste e melhora margem
Indústrias e lojas acirram disputa por lucro
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A margem e a rentabilidade alcançadas pelo varejo neste ano têm seguido sentido contrário ao das obtidas pela indústria. Se as redes ganham margem, como
ocorre agora, os fornecedores perdem -e vice-versa. Esse movimento tornou-se evidente nos últimos meses e já cria atrito entre as partes. A razão: a indústria ainda tem dificuldade em repassar às redes os aumentos nos custos dos
insumos importados -após a escalada do dólar.
Além disso, nas atuais promoções do varejo são também os fornecedores que têm bancado boa
parte das reduções nos preços verificadas nas prateleiras. Isso reduz o ganho das empresas.
O resultado não poderia ser diferente: essa perda na margem
tem sido usada pela indústria como novo fator de pressão na hora
de negociar novos reajustes de
preços a partir deste mês, segundo a Folha apurou. Na prática, o
que a indústria tem feito é mostrar, por meio de balancetes, que
está com margens apertadas e, por isso, não pode mais bancar as
promoções.
Poder de barganha
Apenas nos setores em que há poucas indústrias atuando -como o de bebidas- a margem da indústria não foi comprometida.
Isso ocorre porque, como são poucas no mercado, essas empresas têm maior poder de barganha na hora de sentar e fechar os preços com as lojas.
A margem líquida corresponde
à porcentagem de lucro líquido
em relação ao total do faturamento. Por exemplo, se uma loja vende um televisor com 10% de
acréscimo em relação ao seu preço de custo, e os seus gastos para
vendê-lo equivalem a 5%, sua
margem corresponderá a 5% do
preço de venda.
Do outro lado da mesa, entre os
varejistas, os números são bons.
Levantamento da Economática
mostra que o Ponto Frio, rede de
eletrônicos, registrava margem líquida de 2,49% em junho -no
mesmo período de 2001, estava
em 0,89%. O número é superior
ao apurado em dezembro
(1,67%). A rentabilidade também
cresceu e passou de 4,31% em junho do ano passado para 10,38%
um ano depois.
Na esteira do Ponto Frio, a Lojas
Americanas também pulou de
uma margem negativa (-1,65%)
em junho de 2001 para 5,14% no
mesmo período deste ano. Seus
fornecedores -que vendem de
eletrônicos a alimentos- acumulam rentabilidade e margem
apertadas (leia texto ao lado).
"A melhora na margem está relacionada com os progressos verificados nas negociações com fornecedores", informa o Pão de
Açúcar em seu último balanço trimestral, que cita outras alterações
que melhoraram seu resultado.
Dados da Economática mostram que a rentabilidade sobre o
patrimônio da rede passou de
7,37% em dezembro de 2001 para
7,52% em junho deste ano. Em junho de 2001, porém, estava mais
elevada, em 9,43%.
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