|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NEGÓCIO
Empresa terá centro tecnológico também em PE e no PR
Empresa de software de Brasília faz joint venture com gigante indiana
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A forte desvalorização do real frente ao dólar nos últimos meses
trouxe ao menos um benefício para a indústria de informática do
país. A companhia de softwares TBA, uma das maiores do Brasil,
acaba de fechar uma parceria com a gigante mundial de produção de
programas para computadores Tata, da Índia.
A Folha apurou que a nova joint
venture terá seu primeiro centro
tecnológico em Brasília e exigirá
um investimento de US$ 20 milhões. Outros dois centros serão
construídos posteriormente em
Curitiba e Recife.
O fato de a mão-de-obra brasileira estar mais barata que a indiana, devido ao dólar mais caro, pesou na decisão da criação da parceria. A expectativa dos dois grupos é que a TCS Brasil, nome da
nova companhia, irá gerar 3.000
empregos em cinco anos.
As atividades da empresa começam em outubro, com a contratação de 200 programadores especializados em softwares sofisticados. A TCS deve faturar US$ 18 milhões nos seus 12 primeiros meses de atividade.
Criação de softwares
A decisão do grupo indiano Tata (mais especificamente sua subsidiária Tata Consultancy Services) de fechar uma parceria com uma empresa brasileira se deve a vários motivos. Os indianos, apesar de serem um dos maiores fabricantes de softwares do mundo, têm como um dos seus principais focos de negócios a cópia de programas criados em países como os Estados Unidos. Ou seja, a Índia é altamente especializada na reprodução de programas.
Já o Brasil, apesar de importar muitos softwares, é reconhecido no mundo como um país que possui excelentes criadores de softwares. Além de copiar programas estrangeiros para o mercado interno, os programadores brasileiros possuem também um forte potencial criativo.
Os proprietários da Tata e TBA poderão unir com a nova joint venture a alta qualidade técnica de produção dos indianos -uma das falhas da indústria brasileira-, com o potencial de criação dos técnicos em informática do
país.
A TBA é uma empresa de capital totalmente brasileiro, com sede em Brasília. Foi fundada em 1992. Seu faturamento no ano passado chegou a R$ 187 milhões.
Está entre as 50 maiores empresas de informática do mundo.
É especializada no fornecimento de serviços e produtos para plataformas Intel/Microsoft que atendem as necessidades de empresas.
O grupo Tata, por sua vez, foi criado em 1968. Fatura cerca de
US$ 11,3 bilhões ao ano e emprega 20 mil pessoas. É a maior empresa
de tecnologia de seu país.
Mercado interno
A nova parceria Tata e TBA se
deve também ao fato de o grupo
indiano estar de olho no enorme
potencial de consumo de softwares do Brasil.
Além de os centros de desenvolvimento de programas estarem
atualmente instalados em sua
maioria nos Estados Unidos e Europa, as falhas na qualidade da
produção de softwares brasileiros
têm obrigado o país a importar
por ano produtos num valor total
de US$ 1,2 bilhão. Já as exportações giram somente em torno de
US$ 200 milhões.
Segundo especialistas do setor,
há vários problemas graves na indústria de softwares brasileira.
Cerca de 40% dos produtos fabricados aqui precisam passar por
uma fase de correção devido a falhas no processo de produção.
Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 5% dos programas
são retrabalhados.
Alguns dos benefícios que a
parceria TBA e Tata deve trazer
para a indústria brasileira de informática é a melhoria técnica na
produção dos programas.
Apenas 30% das empresas do
setor no país têm equipamentos
de automação da criação e elaboração de novos softwares. Somente 10% trabalham com controladores automáticos de qualidade.
Para os indianos, por outro lado, interessa a experiência que o
Brasil ganhou na criação de softwares sofisticados para pagamento de tributos. Isso por causa do grande número de impostos no país e às mudanças tributárias
que o Brasil passou ao longo de décadas. O país também é conhecido por sua excelência em programas de automação bancária.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Em transe: Controle de preço vai até eleição, diz ANP Índice
|