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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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REFINARIA

Investimentos podem atingir até US$ 2 bilhões

Estados rivais criticam inclinação de Lula por projeto em Pernambuco

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

Governadores do Nordeste e do Sudeste criticam a inclinação do governo federal em instalar a nova refinaria de petróleo extra-pesado em Pernambuco. Há oito Estados de olho no projeto, orçado em US$ 2 bilhões: Pernambuco, Maranhão, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santos.
Segundo reportagem da Folha, publicada na semana passada, a decisão de instalá-la em Pernambuco já estaria praticamente tomada pelo governo federal, mas ainda não teria sido anunciada para não acirrar os ânimos de governadores em meio às negociações da reforma tributária.
O principal crítico à possível ida da refinaria para Pernambuco, em termos políticos, é o Maranhão. "Minha esperança é que a escolha seja puramente técnica. Se for assim, não tem jeito de não ser aqui [no Maranhão]. Mas o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] é pernambucano", disse o governador José Reinaldo Tavares (PFL).
Segundo o governo do Maranhão, o porto de São Luís e a malha rodoferroviária do Estado garantem condições para que a refinaria dê um retorno de 20% do ano para o investimento, segundo estudos feitos pela Petrobras. Outros projetos só apresentam retornos de, no máximo, 13%.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará, Régis Dias, disse que o seu Estado congrega as "melhores condições técnicas e logísticas com o interesse de um grupo árabe disposto a investir no projeto". O valor do investimento árabe ainda está em negociação e abrangeria além da refinaria um pólo petroquímico.
O porto de Pecém e o posicionamento próximo dos mercados consumidores são os outros pontos defendidos pelo governo cearense para receber a refinaria.
Para o secretário de Indústria e Comércio do Rio Grande do Norte, Carlos Alberto Rosado, a proximidade de um grande porto não é requisito para a instalação da refinaria. Segundo ele, o transporte do petróleo pelo Estado seria feito exclusivamente através de dutos.
"A refinaria já tem até nome: é a refinaria potiguar", disse o secretário do Rio Grande do Norte.
A disputa pela refinaria não se restringe apenas aos Estados do Nordeste. No Sudeste, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PPS), acredita que o Estado tem as melhores características para ficar com o projeto.
Segundo o governo, o Estado tem a segunda maior reserva de petróleo do Brasil -oficialmente 2,3 bilhões de barris.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Júlio Bueno (ex-presidente da BR Distribuidora), a empresa japonesa Marubene já estaria em negociações com o Estado para financiar o projeto da refinaria. De acordo com ele, a empresa teria acenado com uma proposta de US$ 2,5 bilhões.
Os Estados que já contam com negociações com empresas para o investimento estrangeiro na refinaria argumentam que o novo modelo do setor proposto pelo governo federal priorizava a diversificação de investimentos.
Segundo esses Estados, a construção da refinaria apenas com recursos estatais seria um passo atrás na modernização do setor.
O vice-governador de Pernambuco, José Mendonça Bezerra Filho (PFL), que está à frente do projeto no Estado, disse que nenhum outro projeto conta com consistência como o dos pernambucanos. Segundo ele, um consórcio entre a Renor (Refinaria do Nordeste) e a PDVSA (estatal petrolífera da Venezuela) está fortemente envolvido no projeto. O anúncio do "Estado vencedor" não tem data oficial para sair.


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