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REFINARIA
Investimentos podem atingir até US$ 2 bilhões
Estados rivais criticam inclinação de Lula por projeto em Pernambuco
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Governadores do Nordeste e do
Sudeste criticam a inclinação do
governo federal em instalar a nova refinaria de petróleo extra-pesado em Pernambuco. Há oito Estados de olho no projeto, orçado
em US$ 2 bilhões: Pernambuco,
Maranhão, Ceará, Sergipe, Rio
Grande do Norte, São Paulo, Rio
de Janeiro e Espírito Santos.
Segundo reportagem da Folha,
publicada na semana passada, a
decisão de instalá-la em Pernambuco já estaria praticamente tomada pelo governo federal, mas
ainda não teria sido anunciada
para não acirrar os ânimos de governadores em meio às negociações da reforma tributária.
O principal crítico à possível ida
da refinaria para Pernambuco,
em termos políticos, é o Maranhão. "Minha esperança é que a
escolha seja puramente técnica.
Se for assim, não tem jeito de não
ser aqui [no Maranhão]. Mas o
presidente [Luiz Inácio Lula da
Silva] é pernambucano", disse o
governador José Reinaldo Tavares (PFL).
Segundo o governo do Maranhão, o porto de São Luís e a malha rodoferroviária do Estado garantem condições para que a refinaria dê um retorno de 20% do
ano para o investimento, segundo
estudos feitos pela Petrobras. Outros projetos só apresentam retornos de, no máximo, 13%.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará, Régis
Dias, disse que o seu Estado congrega as "melhores condições técnicas e logísticas com o interesse
de um grupo árabe disposto a investir no projeto". O valor do investimento árabe ainda está em
negociação e abrangeria além da
refinaria um pólo petroquímico.
O porto de Pecém e o posicionamento próximo dos mercados
consumidores são os outros pontos defendidos pelo governo cearense para receber a refinaria.
Para o secretário de Indústria e
Comércio do Rio Grande do Norte, Carlos Alberto Rosado, a proximidade de um grande porto
não é requisito para a instalação
da refinaria. Segundo ele, o transporte do petróleo pelo Estado seria feito exclusivamente através
de dutos.
"A refinaria já tem até nome: é a
refinaria potiguar", disse o secretário do Rio Grande do Norte.
A disputa pela refinaria não se
restringe apenas aos Estados do
Nordeste. No Sudeste, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PPS), acredita que o Estado
tem as melhores características
para ficar com o projeto.
Segundo o governo, o Estado
tem a segunda maior reserva de
petróleo do Brasil -oficialmente
2,3 bilhões de barris.
De acordo com o secretário de
Desenvolvimento Econômico e
Turismo, Júlio Bueno (ex-presidente da BR Distribuidora), a empresa japonesa Marubene já estaria em negociações com o Estado
para financiar o projeto da refinaria. De acordo com ele, a empresa
teria acenado com uma proposta
de US$ 2,5 bilhões.
Os Estados que já contam com
negociações com empresas para o
investimento estrangeiro na refinaria argumentam que o novo
modelo do setor proposto pelo
governo federal priorizava a diversificação de investimentos.
Segundo esses Estados, a construção da refinaria apenas com
recursos estatais seria um passo
atrás na modernização do setor.
O vice-governador de Pernambuco, José Mendonça Bezerra Filho (PFL), que está à frente do
projeto no Estado, disse que nenhum outro projeto conta com
consistência como o dos pernambucanos. Segundo ele, um consórcio entre a Renor (Refinaria do
Nordeste) e a PDVSA (estatal petrolífera da Venezuela) está fortemente envolvido no projeto. O
anúncio do "Estado vencedor"
não tem data oficial para sair.
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