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FRENTE AMPLA
Presidente da CUT tenta pacto, mas diz que haverá protestos se juro subir
Marinho quer acordo contra inflação
DO PAINEL S.A.
Depois da Fiesp, o presidente
da CUT, Luiz Marinho, 45, pretende se reunir com outras lideranças empresariais e sindicais
para discutir sua proposta de pacto social. Ele irá procurar o presidente da Febraban (Federação
Brasileira de Bancos) e o do Bradesco, Marcio Cypriano, e o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando
Monteiro, além das outras centrais sindicais. Segundo Marinho,
o país precisa encontrar outras alternativas de controle da inflação
que não sejam o aumento de juros. E afirmou que, se o BC aumentar os juros, a CUT poderá
voltar a fazer manifestações no
país contra a medida. Leia entrevista.
(GUILHERME BARROS)
Folha - Como o sr. resumiria sua
proposta de pacto?
Luiz Marinho - São várias as
combinações que podem ser feitas. Os empresários do setor produtivo poderiam manter o preço
e a garantia de fornecimento do
produto, e o governo, em contrapartida, baixaria a carga tributária. O empresário teria que garantir que irá aumentar seus investimentos para ampliar a oferta de
produtos. O controle da inflação
tem que se dar por meio de mais
oferta, e não por política monetária e fiscal. Já o sistema financeiro
tem de reduzir o "spread", e, para
isso, o governo pode baixar o
compulsório e reduzir impostos.
São, enfim, um conjunto de combinações que para garantir a sustentabilidade do crescimento.
Folha - Qual seria a participação
dos trabalhadores no pacto?
Marinho - Nós já fizemos um
acordo de três anos em 92, na câmara setorial automotiva. Os trabalhadores aceitaram um aumento real de salários de 20% nesse
período. Não estou dizendo que
faremos a mesma coisa agora,
mas só citando o exemplo para
mostrar que é possível um entendimento. Se houver entendimento, a recomposição salarial poderia ser feita de forma gradual, desde que se tenha claro que o objetivo será o de melhorar o poder
aquisitivo e garantir a retomada
para valer do mercado interno.
Folha - Por que o sr. procurou a
Fiesp só agora?
Marinho - Porque o momento é
esse. Estamos no momento ideal
para se buscar um entendimento.
Antes, o país estava em recessão.
Agora, se o Banco Central aumentar os juros, o Brasil irá perder um
grande oportunidade de crescer
de forma sustentada.
Folha - O sr. ficou assustado com
a ata do Copom da semana passada, com a ameaça de aumento dos
juros?
Marinho - A ata do Copom assustou. Não dá para aceitar o controle da inflação apenas com política monetária e fiscal. A inflação
precisa ser controlada com o aumento da produção.
Folha - O que o presidente Lula
achou da proposta?
Marinho - Ele ouviu e anotou.
Folha - E os empresários?
Marinho - Todo mundo com
quem eu tenho falado tem gostado da idéia.
Folha - E se a idéia do pacto não
for adiante, e o Banco Central aumentar os juros? A CUT romperia
com o governo?
Marinho - Se aumentar os juros,
aí acabou. A gente desiste. Eu espero que o governo não faça isso.
Se isso acontecer, nós voltaremos
a fazer manifestações no país, mas
o que estamos convencidos é de
que precisamos construir uma alternativa que não seja o aumento
de juros.
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