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AJUDA
Diretor do Fundo visita país; Lula quer trocar novo acordo por linha de crédito que garanta socorro em caso de turbulências
Governo pede reserva emergencial ao FMI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva vai aproveitar hoje a visita
do diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), o
espanhol Rodrigo Rato, para pedir a criação de uma linha de crédito emergencial, que seria usada
no caso de um país com boa conduta fiscal e monetária enfrentar
uma crise financeira.
No final do ano, vence o atual
acordo do país com a instituição,
que envolve recursos da ordem de
US$ 30 bilhões. A tendência, dentro do governo, é não renová-lo. O
país, no entanto, só dará uma resposta definitiva ao Fundo em dezembro. A decisão final depende,
entre outras questões, da própria
criação de uma linha emergencial.
Ao assinar o atual acordo, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse que se tratava apenas de uma espécie de seguro. De
fato, até agora, ao longo de 2004, o
Brasil não sacou os recursos aos
quais tem direito. O próprio Palocci já falou que não há intenção
de renovar o acordo com o FMI,
mas quer manter o aval da instituição à política econômica.
Se ficar sem um acordo, o governo gostaria de ter acesso fácil a
uma linha de crédito, caso haja
turbulências internacionais, uma
espécie de seguro anticrises.
Essa linha emergencial seria
menos burocrática que os atuais
programas do FMI, que exigem
do país diversos compromissos,
como metas de superávit primário (economia do governo para o
pagamento de juros), metas de inflação e pisos mínimos de reservas internacionais.
Em 1999, logo após a crise da
Rússia e a do Brasil, o Fundo chegou a lançar uma linha parecida a
que o governo Lula deseja -a
CCL (Contingent Credit Line).
Esse tipo financiamento, no entanto, foi extinto no final de 2003
sem ser usada por nenhum país,
em parte, porque as condições da
linha eram desfavoráveis. A idéia
também foi defendida no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Para convencer o FMI, a equipe
de Lula vai defender a necessidade de haver uma arquitetura financeira internacional mais sólida e menos vulnerável a ataques
especulativos.
Estatais e infra-estrutura
Outro assunto na pauta será a
exclusão de investimentos feitos
pelas estatais em infra-estrutura
do cálculo das contas públicas, o
que abre espaço para mais gastos
sem necessidade de compensá-los com aumento do superávit
primário. O FMI discute o assunto internamente e pretende dar
uma reposta até o final do ano.
Na semana passada, o secretário
do Tesouro Nacional, Joaquim
Levy, afirmou que o projeto-piloto sobre os investimentos que o
Brasil pretende excluir dos cálculos do superávit primário estará
pronto neste mês. Para 2005, o governo já conta com cerca de R$ 3
bilhões para gastos desse tipo.
A agenda de Rato em Brasília
-sua primeira visita ao Brasil como diretor-gerente- começa
com um café da manhã com o
presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Depois se reúne
com Lula e Palocci. Rato esteve
antes na Argentina, Chile e Uruguai e parte hoje à África do Sul.
No final da tarde, Rato se reúne,
a seu pedido, com representantes
da sociedade civil para saber como avaliam o cenário político e
econômico. Deverá ouvir críticas.
"É inaceitável que os nossos compromissos junto a organismos internacionais possam emperrar o
crescimento", diz nota da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) assinada pelo vice-presidente
da entidade, Aristóteles Atheniense, que estará na reunião.
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