|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Incentivo para chip não
prevê perda de arrecadação
Desoneração será diluída ao longo da cadeia produtiva dos semicondutores
Idéia é que recolhimento
de PIS/Cofins e IPI das
etapas de produção seja
postergado e concentrado
na comercialização do bem
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para evitar um impacto
maior na arrecadação, os incentivos da MP (medida provisória) dos semicondutores serão diluídos ao longo da produção dos chips, sem benefícios
para o produto acabado. Ou seja, o governo quer desonerar as
etapas de produção dos semicondutores, o que vai gerar ganho financeiro para as empresas, mas cobrará tributos dos
eletrônicos que incorporam os
chips para funcionar.
Pelo que a Folha apurou, o
governo não descarta dar isenções pontuais, como no caso de
incentivos para pesquisas e na
transferência de tecnologia.
Enquanto o ministro Luiz
Fernando Furlan (Desenvolvimento) está mais preocupado
em implementar medidas que
estimulem investimentos estrangeiros no setor de semicondutores no Brasil, a área
econômica tenta compatibilizar os incentivos com uma menor renúncia fiscal.
A suspensão do pagamento
de impostos ao longo da produção dos chips valerá para IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) e PIS/Cofins,
tributos que incidem sobre o
faturamento das empresas. Esses impostos são cobrados num
sistema de débito e crédito em
cada etapa da produção.
Assim, na compra de um insumo que será usado na produção, a empresa paga o imposto
devido ao fisco quando adquire
a matéria-prima. Na etapa seguinte, quando esse insumo for
incorporado a um outro produto, ela poderá descontar o que
já pagou antes.
Nesse sistema, as empresas
têm um custo financeiro elevado ao longo da produção pois
precisam desembolsar o imposto antes de vender seu produto final. O que o governo pretende fazer é postergar o pagamento ao longo da cadeia produtiva e concentrar o recolhimento na comercialização.
Com a mudança, as empresas reduzirão os custos financeiros e o governo não perderá
arrecadação na venda dos eletrônicos, que, em sua maioria,
têm semicondutores entre
seus componentes básicos.
Além da desoneração de IPI
e PIS/Cofins, as empresas devem se beneficiar com a redução a até zero das alíquotas do
II (Imposto de Importação). O
IR também será modificado
para as empresas que quiserem
investir na área de semicondutores. Elas terão uma redução
no pagamento do imposto que
pode ser de até 75%.
O outro estímulo que o governo deve anunciar para o setor é a redução da tributação,
principalmente IR, sobre os recursos para pesquisa e transferência de tecnologia. A argumentação técnica é que esse tipo de incentivo é estratégico,
pois garantirá que o país incorpore novos conhecimentos.
Pouco estímulo
O Brasil chega atrasado à disputa pelos investimentos na
área de semicondutores e, de
acordo com especialistas, a
concessão de incentivos tributários não será suficiente para
atrair as empresas do setor.
Países como Coréia do Sul e
Taiwan estão na disputa por esses investimentos há muito
mais tempo. No caso de Taiwan, a política para o setor já
dura 20 anos.
Além disso, outros países
oferecem pacotes de benefícios
que incluem financiamentos a
fundo perdido e recursos para
treinamento de mão-de-obra,
além de incentivos tributários.
O governo brasileiro pretende financiar possíveis investimentos no setor com recursos
do BNDES. A avaliação é que as
taxas do banco são competitivas e podem suprir as necessidades das empresas que quiserem se instalar no país.
A principal aposta do governo é atrair uma fábrica japonesa. Durante a negociação para a
adoção do padrão japonês de
TV digital, esse assunto foi discutido com representantes daquele país e empresas privadas.
O máximo que o governo conseguiu foi a promessa de que os
investidores analisarão a possibilidade de investir no Brasil.
A MP dos semicondutores
ainda não está fechada. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, espera anunciar os incentivos ainda nesta semana, mas
até a última sexta-feira os técnicos negociavam o impacto e a
amplitude das medidas.
Texto Anterior: [ ! ] Foco: Trabalhador demitido sustentava oito filhos com salário da montadora Próximo Texto: Telas e mais telas: Visitantes observam instalação feita com monitores na feira IFA em Berlim Índice
|