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Rede regional ganha mais que as líderes
Programas sociais do governo elevam a renda do consumidor nas regiões Norte e Nordeste, e lojas têm crescimento maior
No 1º semestre, cadeia nordestina tem expansão de dois dígitos, enquanto
no Sudeste crescimento é menor ou há queda
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresas distantes da liderança em seus segmentos no
varejo registram desempenho
melhor do que as líderes. A tendência aquecerá a disputa pela
participação de mercado
("market share") no país.
Uma das explicações para esse cenário está no local de atuação das empresas: redes com
mais lojas nas regiões Sul e Sudeste, onde a renda patina, segundo dados do IBGE, vendem
menos.
Já aquelas com atuação mais
focada no Norte e no Nordeste,
como a cadeia popular Insinuante, tendem a embolsar
maiores ganhos. Nesses locais,
os programas sociais do governo ampliaram a renda do consumidor, e a expansão da indústria eletrônica ampliou o
emprego no Norte.
Na região nordestina, pelos
dados do IBGE, há alta na renda a taxas superiores que o índice verificado no Sudeste.
Em Salvador, por exemplo, o
rendimento médio real do trabalho subiu de R$ 792 para
R$ 805, de janeiro a junho.
Em São Paulo, a alta foi ínfima: o valor passou de R$ 1.171
para R$ 1.172.
As empresas
Na primeira metade deste
ano, a rede Insinuante, maior
cadeia de eletrônicos do Nordeste, teve expansão nominal
de dois dígitos de janeiro a junho, apurou a Folha. A empresa não comenta o desempenho.
Presente nos nove Estados do
Nordeste, ela possui 220 lojas,
a maior parte concentrada na
região. Mas fatura bem menos
que os líderes do mercado
-cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano.
Já a Casas Bahia, a maior empresa do varejo de eletrônicos e
móveis do Brasil, registrou, até
junho, queda de 3% nas vendas
(leia abaixo). Deve fechar o ano
com "crescimento zero", informa a empresa. "Quem está lá
[no Nordeste] tem mais é que
continuar lá", diz Michael
Klein, diretor da Casas Bahia.
No setor supermercadista, o
grupo Wal-Mart, dono da cadeia BomPreço, a maior rede
de supermercados do Nordeste, tem registrado neste ano
crescimento nominal de dois
dígitos nas vendas -a empresa
é fechada no país e não divulga
os números, mas confirma esse
dado. Com atuação em nove
Estados por meio da bandeira
BomPreço, o grupo Wal-Mart
tem alta penetração no mercado nordestino.
Concorrentes diretos da cadeia norte-americana, o Pão de
Açúcar e o Carrefour têm resultados mais fracos. O primeiro, líder de mercado, amarga
uma alta tímida, de 2,2%, na
venda total nominal no primeiro semestre. Pelos dados publicados, a venda bruta do Pão de
Açúcar subiu 2,5% de abril a junho (para o conceito de mesmas lojas que tinha em 2005).
O Carrefour, segundo colocado no segmento, com atuação fortemente presente no
Sudeste e limitada no Norte e
no Nordeste, também cresceu
pouco: 2,8%.
Companhias que vendem os
mesmos produtos, sujeitas a
condições macroeconômicas
semelhantes, em parte, têm desempenhos díspares por diversas razões. Além da questão do
local de atuação e do rendimento da população, é preciso
levar em conta a base de comparação nas análises.
O fato de uma empresa ter
vendido muito em um determinado ano pode fazê-la registrar
taxa de expansão menor no ano
seguinte. Isso não quer dizer
que a sua saúde financeira esteja ruim.
A atenção precisa ser maior
no caso de uma expansão muito abaixo da média do mercado,
dizem os especialistas.
Estima-se que o comércio
deva crescer de 3% a 4% no
país neste ano. Os supermercados devem ter expansão de
1,5% (valor real). Até o momento, de janeiro a junho, as lojas
Pão de Açúcar acumulam queda de 8,3% (valor real).
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