São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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Rede regional ganha mais que as líderes

Programas sociais do governo elevam a renda do consumidor nas regiões Norte e Nordeste, e lojas têm crescimento maior

No 1º semestre, cadeia nordestina tem expansão de dois dígitos, enquanto no Sudeste crescimento é menor ou há queda

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas distantes da liderança em seus segmentos no varejo registram desempenho melhor do que as líderes. A tendência aquecerá a disputa pela participação de mercado ("market share") no país.
Uma das explicações para esse cenário está no local de atuação das empresas: redes com mais lojas nas regiões Sul e Sudeste, onde a renda patina, segundo dados do IBGE, vendem menos.
Já aquelas com atuação mais focada no Norte e no Nordeste, como a cadeia popular Insinuante, tendem a embolsar maiores ganhos. Nesses locais, os programas sociais do governo ampliaram a renda do consumidor, e a expansão da indústria eletrônica ampliou o emprego no Norte.
Na região nordestina, pelos dados do IBGE, há alta na renda a taxas superiores que o índice verificado no Sudeste.
Em Salvador, por exemplo, o rendimento médio real do trabalho subiu de R$ 792 para R$ 805, de janeiro a junho.
Em São Paulo, a alta foi ínfima: o valor passou de R$ 1.171 para R$ 1.172.

As empresas
Na primeira metade deste ano, a rede Insinuante, maior cadeia de eletrônicos do Nordeste, teve expansão nominal de dois dígitos de janeiro a junho, apurou a Folha. A empresa não comenta o desempenho. Presente nos nove Estados do Nordeste, ela possui 220 lojas, a maior parte concentrada na região. Mas fatura bem menos que os líderes do mercado -cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano.
Já a Casas Bahia, a maior empresa do varejo de eletrônicos e móveis do Brasil, registrou, até junho, queda de 3% nas vendas (leia abaixo). Deve fechar o ano com "crescimento zero", informa a empresa. "Quem está lá [no Nordeste] tem mais é que continuar lá", diz Michael Klein, diretor da Casas Bahia.
No setor supermercadista, o grupo Wal-Mart, dono da cadeia BomPreço, a maior rede de supermercados do Nordeste, tem registrado neste ano crescimento nominal de dois dígitos nas vendas -a empresa é fechada no país e não divulga os números, mas confirma esse dado. Com atuação em nove Estados por meio da bandeira BomPreço, o grupo Wal-Mart tem alta penetração no mercado nordestino.
Concorrentes diretos da cadeia norte-americana, o Pão de Açúcar e o Carrefour têm resultados mais fracos. O primeiro, líder de mercado, amarga uma alta tímida, de 2,2%, na venda total nominal no primeiro semestre. Pelos dados publicados, a venda bruta do Pão de Açúcar subiu 2,5% de abril a junho (para o conceito de mesmas lojas que tinha em 2005).
O Carrefour, segundo colocado no segmento, com atuação fortemente presente no Sudeste e limitada no Norte e no Nordeste, também cresceu pouco: 2,8%.
Companhias que vendem os mesmos produtos, sujeitas a condições macroeconômicas semelhantes, em parte, têm desempenhos díspares por diversas razões. Além da questão do local de atuação e do rendimento da população, é preciso levar em conta a base de comparação nas análises.
O fato de uma empresa ter vendido muito em um determinado ano pode fazê-la registrar taxa de expansão menor no ano seguinte. Isso não quer dizer que a sua saúde financeira esteja ruim.
A atenção precisa ser maior no caso de uma expansão muito abaixo da média do mercado, dizem os especialistas.
Estima-se que o comércio deva crescer de 3% a 4% no país neste ano. Os supermercados devem ter expansão de 1,5% (valor real). Até o momento, de janeiro a junho, as lojas Pão de Açúcar acumulam queda de 8,3% (valor real).


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