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Crédito aos consumidores ainda deve seguir em queda
Para ex-dirigentes do BC, efeito dos cortes anteriores da Selic ainda está começando
"O BC vê que a economia está se recuperando e ainda tem estímulo monetário que pode causar efeito", afirma Gustavo Loyola
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central interrompeu ontem a redução nos juros,
mas o efeito dessa política no
crédito está apenas começando, segundo especialistas. Isso
porque o efeito da mudança
nos juros da dívida pública demora entre seis e oito meses
para aparecer na economia real
e no crédito, em particular.
Segundo analistas, as taxas
de juros para as empresas e para o consumidor devem continuar caindo por conta de três
fatores principais: a demanda
por financiamentos cresce com
a retomada da economia; os
bancos privados terão de competir no crédito para retomar o
espaço perdido para as instituições públicas; finalmente, a
inadimplência deve começar a
cair, reduzindo assim o nível de
provisões contra perdas e liberando dinheiro para a concessão de novos financiamentos.
Para Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e sócio da consultoria Tendências, mais do
que uma preocupação com
eventual pressão inflacionária
em 2010, o BC interrompeu o
corte nos juros agora para dar
tempo de a política de redução
nas taxas ter pleno efeito na
economia. "Há um certo conservadorismo do BC. Até porque ninguém sabe determinar
a taxa de juros de equilíbrio. O
que se sabe é que você chegou
perto dela e tem de andar mais
devagar. O BC vê que a economia está se recuperando e ainda tem estímulo monetário que
pode causar efeito na economia. É uma boa opção ser prudente. Essa parada é nessa direção. Se a economia não tivesse
reagindo, ainda seria momento
de mais estímulo. Não há sinal
de [precisar] conter a inflação
que faça o BC parar. Esse risco
não existe", disse Loyola.
Segundo Carlos Thadeu de
Freitas, ex-diretor do BC, há
um consenso de que o cenário
para inflação é "benigno" e a
autoridade monetária "deixou
as coisas como estão" até ter
mais evidências sobre o ritmo
de recuperação da atividade.
Freitas vê uma nítida recuperação do crédito para pessoa física, com possível redução nas
taxas, mas tem dúvidas sobre a
retomada dos financiamentos
para as empresas. "Depende de
os investimentos voltarem. E
muitas dessas empresas são
voltadas ao mercado externo,
para a exportação. Ainda há
muita incerteza sobre a recuperação. O BC pode ter de rever
isso e baixar os juros mais à
frente. No comunicado, o BC
não deu sinal nenhum, mas poderia ter dado um direcionamento melhor sobre inflação."
(TONI SCIARRETTA)
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