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ECONOMIA DE GUERRA
Forte queda na arrecadação em setembro faz risco-país disparar e fechar a apenas um ponto do recorde
Argentina volta a assustar os investidores
ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES
A forte queda na arrecadação
fiscal da Argentina em setembro,
anunciada anteontem, provocou
ontem uma nova onda de pessimismo sobre o futuro da economia do país, que enfrenta mais de
três anos de recessão e luta para
convencer os investidores de que
tem capacidade de pagar sua dívida pública, de US$ 132 bilhões.
A desconfiança dos investidores
sobre a capacidade do país de
honrar os seus compromissos financeiros atingiu ontem seu segundo maior nível histórico. O índice de risco-país, que mede a sobretaxa paga pelo país ao tomar
empréstimos em relação ao que
pagam os EUA, subiu a 1.687 pontos (16,87% de sobretaxa), apenas
um ponto menos que o recorde
atingido em 1º de agosto.
As cotações dos principais títulos da dívida pública do país tiveram fortes quedas, apesar do
anúncio, anteontem, da ampliação da permissão para a utilização
desses papéis para o pagamento
de impostos federais. O Global
2008, título referência da dívida
argentina, caiu 4,1%.
A onda de pessimismo atingiu
também a Bolsa de Buenos Aires,
que caiu 4,7%. O índice Merval,
da Bolsa local, está em seu mais
baixo nível histórico em mais de
dez anos.
A principal preocupação dos investidores é a capacidade de o governo conseguir cumprir sua meta de equilíbrio fiscal com uma
economia em contração, que vem
provocando seguidas quedas na
arrecadação de impostos. No mês
passado, a queda na arrecadação
foi de 14% em relação ao mesmo
mês de 2000.
Como, pela lei, o governo só pode gastar o que arrecada, serão
necessários cortes adicionais de
gastos para permitir o cumprimento da política de déficit zero.
O equilíbrio fiscal é também uma
das condições impostas pelo Fundo Monetário Internacional
(FMI) para os desembolsos dos
empréstimos concedidos ao país.
O ministro da Economia, Domingo Cavallo, afirmou anteontem que não haverá cortes adicionais em salários de funcionários
públicos e aposentadorias, que foram reduzidos em 13% desde julho. Mas os analistas econômicos
consideram quase inevitável um
aumento desses cortes para até
20% se o governo quiser cumprir
com o equilíbrio fiscal.
Mas muitos duvidam das condições políticas para novos cortes.
O governo enfrenta no dia 14 eleições legislativas, nas quais se prevê um grande avanço da oposição, que deverá passar a controlar
as duas casas do Congresso.
Entre as opções em estudo pelo
governo, está o corte de cerca de
US$ 900 milhões nos repasses devidos às Províncias.
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