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RECEITA ORTODOXA
Resultado das instituições nacionais é o melhor já apurado
Banco local lucra 45% a mais neste ano, diz BC
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O lucro dos bancos de capital
nacional -tanto públicos quanto
privados- que operam no Brasil
cresceu nominalmente 44,8% no
primeiro semestre deste ano em
comparação com igual período
de 2002, segundo levantamento
feito a partir de dados fornecidos
pelo Banco Central.
Entre janeiro e junho, o ganho
dessas instituições financeiras somou R$ 6,106 bilhões, contra R$
4,215 bilhões registrados em 2002.
Mesmo quando descontada a
inflação do período, nota-se um
aumento real nos ganhos dos
bancos nacionais. O aumento de
44,8% nos lucros supera a alta do
IGP-M (Índice Geral de Preços do
Mercado), que, nos 12 meses encerrados em junho passado, subiu 28,23%. No mesmo período, o
IPCA registrou alta de 16,57%.
Os ganhos de R$ 6,106 bilhões
alcançados pelos bancos nacionais são os maiores desde que o
BC começou a produzir levantamentos mais detalhados sobre o
assunto, em 2000.
O resultado dos bancos nacionais contrasta com a menor rentabilidade alcançada pelos estrangeiros, cujos lucros recuaram
56% entre 2002 e 2003, passando
de R$ 4,570 bilhões para R$ 1,992
bilhão. Os números refletem, em
boa parte, a queda do dólar e as
aquisições ocorridas no setor
bancário neste ano.
Quando considerado o conjunto dos 50 maiores bancos (nacionais e estrangeiros) que atuam no
país, observa-se queda nos lucros.
Os ganhos do setor bancário recuaram de R$ 8,785 bilhões para
R$ 8,098 bilhões (-7,82%).
Entre janeiro e junho, a moeda
norte-americana sofreu uma desvalorização média de 18,7%. Esse
movimento afeta de maneira
mais intensa os bancos estrangeiros, cujas aplicações no câmbio
costumam ser maiores, numa
tentativa de garantir ganhos em
dólar para suas matrizes.
Entre os 50 maiores bancos que
atuam no país, apenas oito registraram prejuízo, sendo que sete
deles eram instituições financeiras que contam com participação
acionária estrangeira.
O único banco brasileiro a registrar perdas (de R$ 12 milhões)
neste ano foi o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), que está
em processo de privatização.
Os bancos nacionais, que costumam concentrar seus esforços na
concessão de empréstimos e aplicações em títulos públicos, se beneficiaram com as elevadas taxas
de juros praticadas no país.
Além disso, a aquisição de alguns bancos estrangeiros também favoreceu o aumento dos lucros acumulados pelas instituições financeiras nacionais. O Itaú,
por exemplo, adquiriu o Banco
Fiat e o BBA Creditanstalt. O Bradesco comprou o BBV.
Em junho do ano passado, havia 28 bancos estrangeiros entre
os 50 maiores do país. Neste ano,
com as aquisições ocorridas desde então, a proporção se inverteu:
em junho passado, somente 22
dos 50 maiores bancos contavam
com acionistas estrangeiros. Isso
também colaborou para que o lucro dos bancos nacionais aumentasse neste ano.
As receitas obtidas pelos 50
maiores bancos do país com a cobrança de tarifas de seus clientes
não registraram significativos aumentos acima da inflação acumulada no período. Na comparação
do primeiro semestre de 2002
com o de 2003, essas receitas cresceram de R$ 11,4 bilhões para R$
13,2 bilhões -alta de 15,8%.
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