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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Resultado das instituições nacionais é o melhor já apurado

Banco local lucra 45% a mais neste ano, diz BC

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lucro dos bancos de capital nacional -tanto públicos quanto privados- que operam no Brasil cresceu nominalmente 44,8% no primeiro semestre deste ano em comparação com igual período de 2002, segundo levantamento feito a partir de dados fornecidos pelo Banco Central.
Entre janeiro e junho, o ganho dessas instituições financeiras somou R$ 6,106 bilhões, contra R$ 4,215 bilhões registrados em 2002.
Mesmo quando descontada a inflação do período, nota-se um aumento real nos ganhos dos bancos nacionais. O aumento de 44,8% nos lucros supera a alta do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), que, nos 12 meses encerrados em junho passado, subiu 28,23%. No mesmo período, o IPCA registrou alta de 16,57%.
Os ganhos de R$ 6,106 bilhões alcançados pelos bancos nacionais são os maiores desde que o BC começou a produzir levantamentos mais detalhados sobre o assunto, em 2000.
O resultado dos bancos nacionais contrasta com a menor rentabilidade alcançada pelos estrangeiros, cujos lucros recuaram 56% entre 2002 e 2003, passando de R$ 4,570 bilhões para R$ 1,992 bilhão. Os números refletem, em boa parte, a queda do dólar e as aquisições ocorridas no setor bancário neste ano.
Quando considerado o conjunto dos 50 maiores bancos (nacionais e estrangeiros) que atuam no país, observa-se queda nos lucros. Os ganhos do setor bancário recuaram de R$ 8,785 bilhões para R$ 8,098 bilhões (-7,82%).
Entre janeiro e junho, a moeda norte-americana sofreu uma desvalorização média de 18,7%. Esse movimento afeta de maneira mais intensa os bancos estrangeiros, cujas aplicações no câmbio costumam ser maiores, numa tentativa de garantir ganhos em dólar para suas matrizes.
Entre os 50 maiores bancos que atuam no país, apenas oito registraram prejuízo, sendo que sete deles eram instituições financeiras que contam com participação acionária estrangeira.
O único banco brasileiro a registrar perdas (de R$ 12 milhões) neste ano foi o Besc (Banco do Estado de Santa Catarina), que está em processo de privatização.
Os bancos nacionais, que costumam concentrar seus esforços na concessão de empréstimos e aplicações em títulos públicos, se beneficiaram com as elevadas taxas de juros praticadas no país.
Além disso, a aquisição de alguns bancos estrangeiros também favoreceu o aumento dos lucros acumulados pelas instituições financeiras nacionais. O Itaú, por exemplo, adquiriu o Banco Fiat e o BBA Creditanstalt. O Bradesco comprou o BBV.
Em junho do ano passado, havia 28 bancos estrangeiros entre os 50 maiores do país. Neste ano, com as aquisições ocorridas desde então, a proporção se inverteu: em junho passado, somente 22 dos 50 maiores bancos contavam com acionistas estrangeiros. Isso também colaborou para que o lucro dos bancos nacionais aumentasse neste ano.
As receitas obtidas pelos 50 maiores bancos do país com a cobrança de tarifas de seus clientes não registraram significativos aumentos acima da inflação acumulada no período. Na comparação do primeiro semestre de 2002 com o de 2003, essas receitas cresceram de R$ 11,4 bilhões para R$ 13,2 bilhões -alta de 15,8%.


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