São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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Brasil ajuda a "aliviar" o teor de comunicado sobre a Argentina

DE WASHINGTON

O Brasil ajudou ontem a "aliviar" o teor de comunicado final da reunião do FMI em relação à Argentina, que teria sido mais duro sem a defesa feita pelo ministro Antonio Palocci (Fazenda) para que o tom fosse mais "construtivo" do que crítico. Um dia antes, comunicado dos países ricos do G7 havia cobrado da Argentina o fechamento, "o quanto antes", da negociação em curso entre o país e seus credores privados.
No comunicado de seu Comitê Financeiro de ontem, o FMI elogiou os "avanços" na área fiscal argentina, saudou os "esforços" do país para concluir a negociação com seus credores e demonstrou "apoio" às medidas que os argentinos vêm adotando.
"Nossa política externa é sempre apaziguadora", disse Palocci, ao ser questionado sobre como teria agido para defender o país vizinho em seus encontros.
Dois dias antes, o presidente argentino, Néstor Kirchner, havia chamado o Fundo de "senhor do engenho". Ao sair da reunião do FMI, Palocci disse que houve "uma grande recepção" às posições do Brasil na reunião deste ano graças "à credibilidade" da atual política econômica do país.
Do ponto de vista prático, porém, não houve decisões finais em relação às duas principais demandas do Brasil. A criação de uma linha especial que possa ser usada por países sem programas formais com o FMI e a retirada dos gastos com investimentos em infra-estrutura da conta de superávit primário continuam, segundo o Fundo, "em estudo".
Palocci afirmou, no entanto, que "a pedido do Brasil", o Fundo registrou em seus comunicados e deve manter nas próximas reuniões assuntos de interesse do país, como a linha de crédito e novas medidas para o combate à pobreza e à fome mundial. Ele disse que "valorizou-se muito" a reunião promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva há duas semanas, onde 106 países firmaram compromisso de buscar formas de financiamento contra a miséria. Em relação a isso, nada de prático saiu da reunião. Mas o assunto foi citado formalmente no comunicado do FMI.

Riscos ao crescimento
Em entrevista ontem, o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, voltou a dizer que a economia mundial está se fortalecendo, mas adotou um tom mais grave em relação aos "riscos" associados à alta do petróleo, à diminuição do ritmo de comércio mundial e à sustentabilidade das dívidas dos emergentes. Rato disse que a prioridade do FMI será prevenir crises e que os emergentes devem se ocupar em fazer o mesmo. (FCz)


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