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TV digital chega em dezembro sem sinal móvel e interatividade
SIMONE CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A 60 dias do início das transmissões de televisão com sinal
digital, o sistema brasileiro não
está preparado para ser muito
mais do que uma imagem com
qualidade de DVD. Os recursos
que tornam o modelo brasileiro
o "melhor do mundo", segundo
a indústria do setor, não vão
chegar às casas da Grande São
Paulo no dia 2 de dezembro.
O padrão japonês foi escolhido, segundo o presidente da
Eletros (associação da indústria eletroeletrônica), Lourival
Kiçula, por permitir interatividade, mobilidade e portabilidade. O espectador pode enviar
informações, comprar pela TV
ou assisti-la em carros ou pelo
celular, por exemplo.
Mas a plataforma que permitirá a interatividade -o software Ginga- e as negociações
com operadoras de telefonia
para a conexão e a transmissão
móvel não foram concluídas
nem têm data para começar.
"Isso [lançamento com tecnologia parcial] não é interessante para o consumidor", diz
Daniel Kawano, analista de
produto da Panasonic. Para ele,
há mais chances de comprar
um produto e logo ter de trocá-lo para receber outros recursos.
A partir do dia 2 de dezembro, o espectador poderá, por
exemplo, ver a escalação dos jogos e informações sobre a programação -a chamada interatividade remota-, por ser a base de informações enviadas pela emissora. Já comprar pela
TV está descartado porque depende de conexão.
"Se for realmente plena [a interatividade], será necessária a
presença das operadoras [de telefonia]", afirma o vice-coordenador do módulo de mercado
do Fórum Brasileiro de TV Digital, José Marcelo Amaral. O
grupo tem representantes da
cadeia como fabricantes de
produtos e emissoras, e ajuda
na implantação da TV digital.
Segundo ele, as teles não conseguiram dimensionar os resultados que a TV móvel trará.
Mas ele diz que as operadoras e
os fabricantes de celulares foram chamados para discutir, no
fórum, o uso de mais recursos
na TV digital. Os bancos também devem ser, para viabilizar
as compras via TV digital.
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