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Após atritos com Marina, Stephanes recua sobre cana
Ministro diz que foi "mal interpretado" sobre liberação de plantio em áreas da Amazônia
Para Marina, não interessa ao governo se tornar alvo de críticas no exterior devido a "práticas incorretas" na produção de biocombustível
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Após queixas públicas da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, recuou sobre permitir e incentivar o plantio de cana em áreas
degradadas da Amazônia, do
Pantanal e da mata atlântica.
Em entrevista à Folha, Stephanes afirmou que "foi mal
interpretado", quando citou
Roraima como uma possibilidade de plantio de cana. Nessa
área a que ele se referia, segundo o próprio ministro, haveria
apenas savana. "Há milhares
de anos."
"Deram uma interpretação
diferente. Falei em incentivar
plantio em áreas e pastagens
degradadas, não no bioma",
disse. Na quinta-feira passada,
Stephanes mencionou essas
chamadas áreas degradadas em
uma entrevista concedida para
fazer um balanço de seus seis
meses à frente do ministério.
Naquela entrevista, explicou
que o zoneamento agrícola para a cana-de-açúcar que o governo prepara para o ano que
vem iria permitir o plantio em
áreas onde não há mais floresta. "A idéia-força é usar áreas
desmatadas", disse, na ocasião.
Ontem, afirmou que a proibição da cana nos biomas mais
complexos será uma "premissa
básica" do zoneamento agrícola. Grupos ambientais brasileiros e internacionais vêm manifestando preocupação sobre a
possibilidade de uma maior demanda por biocombustíveis
acabar resultando no plantio
de cana nas regiões de floresta.
De acordo com Stephanes,
serão elaborados quatro mapas
como base para o zoneamento:
o primeiro com os locais onde
já há plantação; outro com as
regiões onde há condições propícias para o plantio; um diagrama com as áreas de restrição e um último com pontos de
incentivo à produção de cana.
Práticas incorretas
Em Curitiba, Marina Silva
afirmou ontem que não interessa ao governo estimular críticas internacionais à obtenção
de biocombustível por meio de
"práticas incorretas". "Não nos
interessa, em hipótese nenhuma, que os biocombustíveis
brasileiros possam ser identificados com práticas ambientais
incorretas e práticas sociais incorretas", disse.
O interesse do governo em
afastar críticas de práticas incorretas tem o objetivo de evitar que mercados tradicionais
como Europa e Estados Unidos
boicotem o álcool brasileiro.
Para evitar problemas, o governo lançou a idéia de um selo socioambiental, para atestar boas
práticas trabalhistas, ambientais e sociais. O selo será concedido e fiscalizado por empresas
privadas.
Segundo ela, seu ministério
já tem prontas as áreas de restrição de plantio para proteção
da biodiversidade, os mapas
dos biomas e as áreas de risco
para incluir no zoneamento.
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