São Paulo, sábado, 03 de outubro de 2009

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Associações do setor estimam só 7% de cortes

DA ENVIADA A TIJUANA

As associações nacionais e locais de maquiladoras mexicanas negam que o modelo pró-exportação tenha se esgotado. Pregam que o esquema seja aprofundado e que o México aperfeiçoe a aliança com os EUA. O setor faz uma estimativa otimista: diz que só 7% dos 2,3 milhões de empregos das maquiladoras serão perdidos até o fim do ano.
"Seremos cada vez mais competitivos. Estamos preparando com o governo um pacote de desregulamentação para facilitar o investimento", disse Cesar Castro, presidente do Conselho Nacional da Indústria Maquiladora e Manufatureira.
Em geral, as maquiladoras são disputadas pelas cidades, que oferecem isenções fiscais ou abatimentos em fornecimento de água e energia.
Segundo Castro, a ideia é atrair capitais de outros países -são de capital americano 70% das maquiladoras hoje- para instalar fábricas com produção não voltada apenas para os EUA.
Dos EUA, Castro cobra avanços na integração do Nafta. Entre outros pontos, ele e outros analistas reclamam porque os EUA interromperam o programa piloto que permitira a livre circulação de caminhões entre os dois países -sem falar na adiada reforma de imigração americana e na recente exigência de visto para mexicanos pelo governo canadense.
Uma das principais apostas do setor é justamente a China, que foi algoz do México no começo da década ao levar centenas de maquiladoras para a Ásia, abocanhando parte importante da demanda americana. Agora, Pequim busca instalar suas próprias fábricas no México.
Castro cita como exemplo do interesse chinês a instalação no país da Lenovo, fabricante de laptops. A empresa chinesa diz que a produção da fábrica irá para os EUA e para a América Latina.
"Estamos quase alcançando o preço da mão de obra chinesa", comemora o executivo, que comanda uma maquiladora fabricante de celulares para a Nokia. Ele diz que as exportações do setor recuaram 30% até agora, mas que o recuo tocou o fundo. "Esperamos terminar o ano com 20% a menos."
Javier Martínez, presidente da Associação de Maquiladoras de Tijuana, também aposta na mão de obra à chinesa e na sintonia da região com as necessidades americanas para promover o desenvolvimento. Quanto à crise do emprego no setor e a reclamação por baixos salários, ele diz que as remunerações seguem as leis de oferta e demanda, e que, na média, as maquiladoras pagam melhor do que os demais setores mexicanos.
Martínez diz que Tijuana soube se especializar com a fuga de maquiladoras para a China e que agora tem fábricas mais complexas, como as de celulares 3G, de TVs e de componentes médicos. "Somos o maior produtor de televisores de alta tecnologia do mundo." Quando até o presidente Felipe Calderón prega diversificação de mercados, ele diz confiar na tradição consumista dos EUA.


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