São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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Francês assume o FMI e promete acelerar mudança

Strauss-Kahn ganhará salário R$ 63 mil por mês

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) precisa mudar. É um trabalho difícil, mas alguém tem de fazê-lo. Melhor ainda se o salário for de US$ 421 mil por ano, ou cerca de R$ 63 mil por mês -livre de impostos. Esse é o pagamento, e aquela, a missão do francês Dominique Strauss-Kahn, que assumiu ontem o cargo de diretor-gerente do órgão.
Em conversa na manhã de ontem com jornalistas na sede do Fundo, em Washington, o francês de 58 anos disse que foi eleito prometendo reformas e agora "terá de realizá-las". Quanto ganhará foi tornado público pelo próprio FMI, numa iniciativa inédita.
Ex-político socialista e considerado economista brilhante e negociador hábil, DSK, como é conhecido, recebeu na quinta o bastão das mãos do espanhol Rodrigo de Rato, que negou os rumores de que voltará à vida política na Espanha, de onde saiu em 2003 para assumir o Fundo. Sua gestão foi marcada pela crítica à entidade tal como funciona hoje.
Nos anos de Rato no poder, os principais países devedores do Fundo quitaram suas dívidas, levando o FMI à primeira crise de liquidez de sua história. Liderados pelas economias emergentes como o Brasil, os membros passaram a exigir mais voz ativa no sistema de cotas pelo qual as principais decisões são tomadas.
A reforma saiu do papel, mas tem tomado mais tempo do que o esperado, o que levou o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, a afirmar na última reunião bianual do FMI e do Banco Mundial, no mês passado: "O dinossauro se moveu". Ontem, depois de elogiar seu antecessor, DSK concedeu: "Precisamos fazer [as reformas] num ritmo mais rápido".
Trabalhando com o prazo da reunião bianual de abril de 2008, ele disse que as reformas não se restringem às cotas. "A legitimidade da instituição tem de ir muito mais longe." Uma de suas idéias é usar o sistema que chamou de "dupla maioria" em algumas decisões, que levaria em conta o número de países a favor de um assunto e o número contrário -os membros são 185.
Após dizer que mandou uma carta cumprimentando a argentina Cristina Kirchner por sua eleição, o diretor-gerente anunciou visita à América Latina no começo de 2008. "O mundo ideal é um mundo em que nenhum país precisa do Fundo", disse, respondendo a uma questão sobre a Argentina, para depois adicionar: "Ainda há alguns problemas com a dívida externa do país".
Sobre o risco de a crise nos EUA levar o país e o mundo a uma recessão, disse: "Não vemos razão para uma recessão nos EUA ou outras economias".


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