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Francês assume o FMI e promete acelerar mudança
Strauss-Kahn ganhará salário R$ 63 mil por mês
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) precisa mudar.
É um trabalho difícil, mas alguém tem de fazê-lo. Melhor
ainda se o salário for de US$ 421
mil por ano, ou cerca de R$ 63
mil por mês -livre de impostos. Esse é o pagamento, e
aquela, a missão do francês Dominique Strauss-Kahn, que assumiu ontem o cargo de diretor-gerente do órgão.
Em conversa na manhã de
ontem com jornalistas na sede
do Fundo, em Washington, o
francês de 58 anos disse que foi
eleito prometendo reformas e
agora "terá de realizá-las".
Quanto ganhará foi tornado
público pelo próprio FMI, numa iniciativa inédita.
Ex-político socialista e considerado economista brilhante e
negociador hábil, DSK, como é
conhecido, recebeu na quinta o
bastão das mãos do espanhol
Rodrigo de Rato, que negou os
rumores de que voltará à vida
política na Espanha, de onde
saiu em 2003 para assumir o
Fundo. Sua gestão foi marcada
pela crítica à entidade tal como
funciona hoje.
Nos anos de Rato no poder,
os principais países devedores
do Fundo quitaram suas dívidas, levando o FMI à primeira
crise de liquidez de sua história.
Liderados pelas economias
emergentes como o Brasil, os
membros passaram a exigir
mais voz ativa no sistema de cotas pelo qual as principais decisões são tomadas.
A reforma saiu do papel, mas
tem tomado mais tempo do que
o esperado, o que levou o ministro da Fazenda brasileiro,
Guido Mantega, a afirmar na
última reunião bianual do FMI
e do Banco Mundial, no mês
passado: "O dinossauro se moveu". Ontem, depois de elogiar
seu antecessor, DSK concedeu:
"Precisamos fazer [as reformas] num ritmo mais rápido".
Trabalhando com o prazo da
reunião bianual de abril de
2008, ele disse que as reformas
não se restringem às cotas. "A
legitimidade da instituição tem
de ir muito mais longe." Uma
de suas idéias é usar o sistema
que chamou de "dupla maioria"
em algumas decisões, que levaria em conta o número de países a favor de um assunto e o
número contrário -os membros são 185.
Após dizer que mandou uma
carta cumprimentando a argentina Cristina Kirchner por
sua eleição, o diretor-gerente
anunciou visita à América Latina no começo de 2008. "O
mundo ideal é um mundo em
que nenhum país precisa do
Fundo", disse, respondendo a
uma questão sobre a Argentina,
para depois adicionar: "Ainda
há alguns problemas com a dívida externa do país".
Sobre o risco de a crise nos
EUA levar o país e o mundo a
uma recessão, disse: "Não vemos razão para uma recessão
nos EUA ou outras economias".
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