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Na crise, Bolsa bate recorde de negócios
Bovespa registra média de 337 mil transações diárias realizadas em outubro, número 40% maior que média do ano
Volume maior se deve à busca de investidor por lucro com oscilação do preço das ações em operações de compra e venda no mesmo dia
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem observar a redução no
volume financeiro movimentado na Bovespa pode ficar com a
falsa impressão de que a crise
esfriou os negócios. O que tem
ocorrido é exatamente o contrário: nunca houve tantos negócios na Bovespa quanto no
mês de outubro.
A média de 337,4 mil transações feitas por dia registrada
em outubro nunca tinha sido
atingida antes. O resultado do
mês é 40% superior à média do
ano. Em 2007, o melhor mês foi
novembro, com 202,4 mil.
Com uma crise aguda que já
fez a Bolsa de Valores de São
Paulo acumular cinco meses
seguidos de perdas, os investidores têm elevado o número de
operações que realizam por dia,
na tentativa de conseguirem algum lucro durante o pregão.
Se até o primeiro semestre
deste ano era mais fácil obter
resultados positivos no mercado acionário, agora quem não
quer amargar passivamente as
sucessivas quedas que têm abatido as ações de forma generalizada tem tentado comprar e
vender papéis no mesmo dia,
em busca de conseguir um retorno mais vantajoso.
É o crescimento dessas operações de "day-trade" (como
são chamadas as negociações
de compra e venda no mesmo
dia) que têm ajudado a inflar o
número de negócios diários.
Com o crescimento diário,
outubro também foi o mês com
o maior número total de negócios registrados, ao bater em
inéditas 6,5 milhões de transações. Se a cifra computada apenas em outubro for comparada
a outros períodos dá para se ter
uma idéia de como a movimentação na Bolsa de Valores cresceu: em todo o ano de 2004, por
exemplo, houve 7,8 milhões de
operações realizadas.
"Com a Bolsa altamente volátil, crescem as oportunidades
de se ganhar no "day-trade". Os
investidores têm girado muito
mais por dia na tentativa de
conseguir resultados melhores
nesse momento de crise", diz
Luiz Antonio Vaz das Neves,
analista da KNA Consultores.
O momento crítico que tem
abatido o mercado acionário
acaba elevando o trabalho de
muitos gestores, que tentam
melhorar o retorno de suas carteiras para inibir os saques de
recursos por parte dos investidores insatisfeitos com o andamento nada animador da Bolsa.
Para muitos fundos multimercados, que podem aplicar parte
de sua carteira em ações, a história é a mesma.
O que esses profissionais
buscam é comprar uma ação
pelo seu menor valor e tentar
repassá-la, no mesmo pregão,
pelo preço mais alto possível. A
oscilação da ação ON (ordinária) da Vale é um bom exemplo
de o porquê os investidores fazem operações de "day-trade".
Na sexta, entre a cotação mínima (R$ 26) e a máxima (R$
28,53) atingida pelo papel da
Vale, houve uma diferença de
9,73%. E a ação encerrou o pregão com alta de apenas 2,15%.
Como os preços das ações estão
oscilando de forma bastante
expressiva nas últimas semanas, não faltam exemplos de como isso está ocorrendo na Bolsa de Valores todos os dias.
"Mas essa volatilidade é boa
apenas para os profissionais. É
muito arriscado para o pequeno investidor querer começar a
lucrar dessa forma. É mais fácil
acabar perdendo do que ganhando", afirma Neves.
Para o pequeno investidor, o
melhor talvez seja nesses momentos ariscos deixar o dinheiro que está aplicado em ações
quieto por um bom tempo.
"O que o investidor deve fazer é investir um pouco de cada
vez, mas com regularidade. Há
muitas oportunidades na Bolsa. De um modo geral, muita
empresa com bons fundamentos se depreciou de forma exagerada", diz Théo Rodrigues,
diretor-geral do INI (Instituto
Nacional de Investidores).
Se o mês passado foi de recorde no número de negócios, o
volume financeiro sofreu uma
queda para cerca de R$ 5,3 bilhões por pregão. Em maio, o
mês em que o giro foi o maior
da história, essa cifra ficou em
pouco mais de R$ 7 bilhões.
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