São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Crise não estimula aplicação com proteção

Produto financeiro que assegura de queda parte do capital aplicado em ação não atrai investidor nem neste período de perdas

Sem apelo no período de alta da Bolsa, POP continua a registrar baixo número de operações mesmo com mercado acionário instável

DA REPORTAGEM LOCAL

A atual crise se tornou um grande teste para o POP (Proteção do Investimento com Participação). Mas parece que o apelo desse produto financeiro, lançado pela Bolsa em 2007 com a promessa de amenizar as perdas das ações, segue baixo.
Em um momento em que a Bolsa comemora um novo recorde no número de negócios realizados no pregão -mais de 337 mil transações por dia-, o POP não alterou sua baixíssima movimentação. O último balanço feito pela Bovespa mostrou que em setembro houve apenas dois negócios com POP. Em agosto, foram feitas 34 operações. Segundo operadores, o mês de outubro continuou bem fraco e não alterou essa realidade. O mês em que o produto foi mais negociado foi em sua estréia, em fevereiro de 2007, quando teve 249 transações.
Até o primeiro semestre, a análise corrente era de que, como a Bolsa de Valores estava em um movimento de contínua alta, o POP perdia seu principal gancho, que era o de amortecer as perdas para os investidores.
Mas a Bovespa teve em outubro o seu quinto mês seguido de perdas. No mês, a desvalorização acumulada pela Bolsa ficou em 24,8% -o que fez de outubro o pior mês em uma década.
"Acho o produto interessante, mas talvez seja sofisticado demais para atrair o pequeno investidor. É um produto difícil de vender, pois não é simples de as pessoas compreenderem como funciona e quais as vantagens que pode trazer", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores.
O POP se utiliza de sofisticadas operações de mercado -conhecidas como opções- para diminuir o impacto das quedas das ações. O investidor que contrata um POP protege uma parcela, algo entre 70% e 80%, de sua aplicação de eventuais desvalorizações.
Um investidor que compra um papel da Petrobras e ele cai, hipoteticamente, 30% em um mês terá de aceitar essa depreciação no bolso. Se o investidor, em vez de ter comprado diretamente a ação, tiver adquirido um POP de Petrobras terá uma parcela de seu capital protegido. Com isso, não sofrerá no bolso a totalidade daquela perda de 30% exemplificada.
O custo do produto financeiro é sentido quando o mercado sobe. Nesse cenário, a pessoa tem de ceder uma parcela de seu ganho para o investidor que vendeu o POP para ele. (FABRICIO VIEIRA)


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