Edson Silva - 31.out.2009/Folha Imagem

A vaca nelore Betina (esq.) ao lado de seu clone em fazenda de Guará, no interior de SP

JEAN DE SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A GUARÁ (SP)

O primeiro clone bovino de raça leiloado no país após a regulamentação do registro genealógico foi arrematado por R$ 1,5 milhão no sábado passado, em Guará (400 km de São Paulo). O valor se refere a 50% do animal, o que projeta sua cotação em R$ 3 milhões.
Cópia da matriz Betina 1, que tem preço estipulado de R$ 2,7 milhões, a novilha de 13 meses foi a estrela do leilão em que foram vendidos também outros 32 animais, com arrecadação total de R$ 4 milhões.
A venda foi possível apenas por causa da liberação do registro de clones bovinos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em maio deste ano. A discussão vinha sendo debatida pelo ministério, Embrapa e associações de criadores desde 2005.
Para serem negociados, os clones devem se enquadrar nos parâmetros do regulamento genealógico das raças zebuínas, controlado pela ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu).
Anfitriã do leilão e uma das compradoras do clone, a criadora Claudia Tosta Junqueira afirmou que a vantagem do clone é preservar a genética privilegiada de um animal reconhecidamente superior, como é o caso de Betina.
Os clones, segundo a criadora, devem perpetuar um animal "muito bom de genética" que esteja velho ou pare de produzir, por exemplo.
Betina 1 e o clone -agora, metade dele- pertencem à Fazenda Santa Mônica, de Teresópolis (RJ). Administrador e veterinário da Santa Mônica, Luis Antonio de Oliveira afirmou que a técnica de clonagem, feita por laboratórios terceirizados, é "segura, normal e relativamente simples".
No processo, o núcleo de uma célula do animal a ser copiado é inserido em uma outra célula, sem núcleo, retirada de um animal PO (Puro de Origem), certificado pela ABCZ. A fertilização dessa célula é feita em uma "barriga de aluguel".
O animal clonado não precisa de cuidados especiais. O processo custa entre R$ 40 mil e R$ 50 mil. Oliveira diz que já há outros animais clonados no Brasil, mas a cópia de Betina foi a primeira leiloada após a nova legislação. Em outros países a clonagem de animais de raça para negociação é difundida.
Ivan Zurita, presidente da Nestlé no Brasil, participou do leilão em Guará como vendedor. Zurita, que tem dois animais clonados importados, disse que a negociação de animais clonados agora "vai se tornar uma tendência" no país.


Texto Anterior: Agrofolha
2 mi de toneladas de trigo vão virar ração
Índice