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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
LCA já vê recessão no Brasil no início de 2009
A consultoria LCA revisou
suas projeções para a economia
brasileira e já espera uma queda de 0,5% nos PIBs do quarto
trimestre deste ano e do primeiro trimestre de 2009. Antes, a perspectiva era de crescimento zero. Tecnicamente,
duas quedas consecutivas no
PIB de um trimestre em relação ao anterior caracterizam
uma recessão. "A probabilidade
de o Brasil entrar em recessão é
grande", diz Bráulio Borges,
economista-chefe da LCA.
O economista alterou as projeções da consultoria após a
queda de 1,7% na produção industrial brasileira em outubro,
divulgada ontem pelo IBGE.
Ele também levou em conta os
recentes números negativos
das economias americana e européia, que apontam para uma
recessão. Borges admite que revisará os números novamente
após a divulgação do PIB do
terceiro trimestre.
Para a LCA, há 70% de probabilidade de o cenário básico se
consolidar. No Brasil, isso significa um crescimento do PIB
em 2009 de 3% -e não mais
3,3%-, uma alta da inflação de
5,3% e o dólar cotado a R$ 2,00
no final de 2009. Já no exterior,
a expectativa é de queda de
0,5% no PIB dos Estados Unidos e de recuperação da economia mundial no segundo semestre de 2009.
Já o cenário mais pessimista
da LCA prevê queda a partir de
1,2% no PIB americano e um
prolongamento da crise até
2010. No Brasil, o crescimento
do PIB seria de 1,9% em 2009.
A inflação terminaria 2009
com alta de 5,9% e o dólar cotado a R$ 2,30.
"A alta do dólar fez os emergentes sucumbirem. Para eles,
isso significa PIB menor e choques inflacionários", diz Borges. Para ele, o cenário de estagflação (inflação com recessão)
se aprofunda. Com isso, ele espera que o Banco Central interrompa a alta dos juros e comece
a baixar a Selic no segundo semestre de 2009. "O BC deve tolerar mais que a inflação saia do
centro da meta, de 4,5%, para
até uns 5,5%."
O economista-chefe da LCA
já espera que a crise aumente a
taxa de desemprego do Brasil
para 8,4%. "O desemprego vai
aumentar, mas não será como
em 2002 e 2003."
A LCA não foi a única consultoria brasileira a reduzir as projeções. "O resultado da produção industrial abaixo do esperado indica um viés de baixa na
nossa projeção para o PIB do
quarto trimestre, atualmente
em 4,4% na comparação interanual", afirma a economista
Marcela Prada, da Tendências.
A indústria deve ser um dos
setores mais afetados. A LCA já
espera uma queda de 2,5% no
PIB da indústria no último trimestre do ano. "Isso ocorrerá
pela redução de encomendas e
pelo acúmulo de estoques indesejáveis", diz Borges.
"A tendência para a indústria
é de um ritmo mais fraco de
produção nos próximos meses,
dada a perspectiva de desaceleração da demanda interna e externa", completa Prada.
Frase
"A alta do dólar fez os emergentes
sucumbirem. Para eles, isso significa
PIB menor e choques inflacionários"
BRÁULIO BORGES
economista-chefe da LCA
Emprego na construção civil registra alta em outubro
O nível de emprego na construção civil brasileira ainda registrou crescimento no mês de
outubro, de 0,27%. Mas o ritmo
das contratações deu uma freada. Foram contratados mais
5.905 trabalhadores no setor
no Brasil, elevando o total de
trabalhadores no setor para o
nível recorde de 2.194.043 empregados diretos.
Na capital paulista, as contratações superaram as demissões em outubro. O nível de
emprego teve alta de 0,76%.
Foram abertas 2.192 novas vagas, elevando o total de trabalhadores na cidade para
292.406.
Esses números serão anunciados hoje pelo presidente do
SindusCon-SP, Sergio Watanabe. Também serão divulgados o
desempenho do setor em 2008
e as perspectivas para 2009. "Já
dá para antever que, embora a
construção também será afetada em certa medida pela crise,
ela deverá crescer mais que o
PIB no ano que vem."
SOBE-E-DESCE
Quando o mercado voltar a se recuperar da crise e as empresas começarem a se reerguer, a ThyssenKrupp Elevadores sentirá os efeitos da atual turbulência econômica. A razão do atraso, segundo Paulo Henrique Estefan, diretor comercial da empresa, está no fato de os contratos para elevadores serem fechados cerca de dez meses após o lançamento dos empreendimentos imobiliários. Hoje a empresa ainda está fornecendo para empreendimentos lançados antes
do aprofundamento da crise. Com a paralisação recente dos
lançamentos imobiliários, a ThyssenKrupp deve sofrer no
futuro a falta de contratos. "Nosso produto entra quase no
fim da obra. A parte boa disso é que não estamos sentindo a
crise agora. A ruim é que, quando o mercado voltar a se
aquecer, aí vamos ver", diz Estefan. A ThyssenKrupp Elevadores acaba de fechar contrato com a Camargo Corrêa para 120 elevadores em obras no Estado de São Paulo.
MEIO-TERMO
A Arsesp (agência estadual reguladora de energia)
ainda não decidiu se autoriza o pedido da Comgás de repasse tarifário para cobrir
perdas com a defasagem no
preço do gás. A decisão deve
sair ainda nesta semana. Se
autorizado, o repasse significa uma alta de 30% na tarifa
do gás industrial. A tendência é que o repasse seja dividido em duas ou três vezes.
BANDA LARGA
A Brasil Telecom lançou a
Metro Ethernet, tecnologia
que utiliza fibra óptica e oferece rede de banda larga focada no mercado corporativo. A novidade tem como alvo os clientes de médio e
grande porte e oferece velocidades de 4 Mbps a 1 Gbps.
CONTRAMÃO
A variação de preços dos
combustíveis em SP segue o
caminho oposto do restante
do país, segundo levantamento do Ticket Car. No
Brasil, a média de preços do
GNV subiu 4% em novembro, mas caiu 2% na capital
paulista. Já o álcool passou a
custar 3,5% mais em São
Paulo. No país, o preço do
produto caiu 1,3%.
BOLSA
A UE e o Mercosul vão financiar com 3 milhões
projetos de pesquisa na área
de biotecnologia de instituições dos quatro países do
Mercosul. Os projetos foram escolhidos pela plataforma Biotecsur, vinculada
no Brasil ao Ministério da
Ciência e Tecnologia.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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