São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

LCA já vê recessão no Brasil no início de 2009

A consultoria LCA revisou suas projeções para a economia brasileira e já espera uma queda de 0,5% nos PIBs do quarto trimestre deste ano e do primeiro trimestre de 2009. Antes, a perspectiva era de crescimento zero. Tecnicamente, duas quedas consecutivas no PIB de um trimestre em relação ao anterior caracterizam uma recessão. "A probabilidade de o Brasil entrar em recessão é grande", diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA.
O economista alterou as projeções da consultoria após a queda de 1,7% na produção industrial brasileira em outubro, divulgada ontem pelo IBGE. Ele também levou em conta os recentes números negativos das economias americana e européia, que apontam para uma recessão. Borges admite que revisará os números novamente após a divulgação do PIB do terceiro trimestre.
Para a LCA, há 70% de probabilidade de o cenário básico se consolidar. No Brasil, isso significa um crescimento do PIB em 2009 de 3% -e não mais 3,3%-, uma alta da inflação de 5,3% e o dólar cotado a R$ 2,00 no final de 2009. Já no exterior, a expectativa é de queda de 0,5% no PIB dos Estados Unidos e de recuperação da economia mundial no segundo semestre de 2009.
Já o cenário mais pessimista da LCA prevê queda a partir de 1,2% no PIB americano e um prolongamento da crise até 2010. No Brasil, o crescimento do PIB seria de 1,9% em 2009. A inflação terminaria 2009 com alta de 5,9% e o dólar cotado a R$ 2,30.
"A alta do dólar fez os emergentes sucumbirem. Para eles, isso significa PIB menor e choques inflacionários", diz Borges. Para ele, o cenário de estagflação (inflação com recessão) se aprofunda. Com isso, ele espera que o Banco Central interrompa a alta dos juros e comece a baixar a Selic no segundo semestre de 2009. "O BC deve tolerar mais que a inflação saia do centro da meta, de 4,5%, para até uns 5,5%."
O economista-chefe da LCA já espera que a crise aumente a taxa de desemprego do Brasil para 8,4%. "O desemprego vai aumentar, mas não será como em 2002 e 2003."
A LCA não foi a única consultoria brasileira a reduzir as projeções. "O resultado da produção industrial abaixo do esperado indica um viés de baixa na nossa projeção para o PIB do quarto trimestre, atualmente em 4,4% na comparação interanual", afirma a economista Marcela Prada, da Tendências.
A indústria deve ser um dos setores mais afetados. A LCA já espera uma queda de 2,5% no PIB da indústria no último trimestre do ano. "Isso ocorrerá pela redução de encomendas e pelo acúmulo de estoques indesejáveis", diz Borges.
"A tendência para a indústria é de um ritmo mais fraco de produção nos próximos meses, dada a perspectiva de desaceleração da demanda interna e externa", completa Prada.

Frase

"A alta do dólar fez os emergentes sucumbirem. Para eles, isso significa PIB menor e choques inflacionários"
BRÁULIO BORGES
economista-chefe da LCA

Emprego na construção civil registra alta em outubro

O nível de emprego na construção civil brasileira ainda registrou crescimento no mês de outubro, de 0,27%. Mas o ritmo das contratações deu uma freada. Foram contratados mais 5.905 trabalhadores no setor no Brasil, elevando o total de trabalhadores no setor para o nível recorde de 2.194.043 empregados diretos.
Na capital paulista, as contratações superaram as demissões em outubro. O nível de emprego teve alta de 0,76%. Foram abertas 2.192 novas vagas, elevando o total de trabalhadores na cidade para 292.406.
Esses números serão anunciados hoje pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe. Também serão divulgados o desempenho do setor em 2008 e as perspectivas para 2009. "Já dá para antever que, embora a construção também será afetada em certa medida pela crise, ela deverá crescer mais que o PIB no ano que vem."

SOBE-E-DESCE

Quando o mercado voltar a se recuperar da crise e as empresas começarem a se reerguer, a ThyssenKrupp Elevadores sentirá os efeitos da atual turbulência econômica. A razão do atraso, segundo Paulo Henrique Estefan, diretor comercial da empresa, está no fato de os contratos para elevadores serem fechados cerca de dez meses após o lançamento dos empreendimentos imobiliários. Hoje a empresa ainda está fornecendo para empreendimentos lançados antes do aprofundamento da crise. Com a paralisação recente dos lançamentos imobiliários, a ThyssenKrupp deve sofrer no futuro a falta de contratos. "Nosso produto entra quase no fim da obra. A parte boa disso é que não estamos sentindo a crise agora. A ruim é que, quando o mercado voltar a se aquecer, aí vamos ver", diz Estefan. A ThyssenKrupp Elevadores acaba de fechar contrato com a Camargo Corrêa para 120 elevadores em obras no Estado de São Paulo.

MEIO-TERMO
A Arsesp (agência estadual reguladora de energia) ainda não decidiu se autoriza o pedido da Comgás de repasse tarifário para cobrir perdas com a defasagem no preço do gás. A decisão deve sair ainda nesta semana. Se autorizado, o repasse significa uma alta de 30% na tarifa do gás industrial. A tendência é que o repasse seja dividido em duas ou três vezes.

BANDA LARGA
A Brasil Telecom lançou a Metro Ethernet, tecnologia que utiliza fibra óptica e oferece rede de banda larga focada no mercado corporativo. A novidade tem como alvo os clientes de médio e grande porte e oferece velocidades de 4 Mbps a 1 Gbps.

CONTRAMÃO
A variação de preços dos combustíveis em SP segue o caminho oposto do restante do país, segundo levantamento do Ticket Car. No Brasil, a média de preços do GNV subiu 4% em novembro, mas caiu 2% na capital paulista. Já o álcool passou a custar 3,5% mais em São Paulo. No país, o preço do produto caiu 1,3%.

BOLSA
A UE e o Mercosul vão financiar com 3 milhões projetos de pesquisa na área de biotecnologia de instituições dos quatro países do Mercosul. Os projetos foram escolhidos pela plataforma Biotecsur, vinculada no Brasil ao Ministério da Ciência e Tecnologia.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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